sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

UM COMENTÁRIO RECEBIDO SOBRE...




LIliana Azevedo deixou um novo comentário na sua mensagem "MEU LIVRO, MEU COMPANHEIRO, MEU AMIGO": 


 Entendo o seu pesar, porque também eu sinto um aperto no coração ao ver tantos livros deitados ao lixo! Eu mesmo fui lá buscar uns quantos. No entanto, julgo que existe uma coisa chamada Direitos de autor ou ISBN e, segundo dizem, não é possível doar livros neste caso. Não sei como essas coisas se processam, nem tão pouco se é bem assim, mas a verdade é que ouvi na rádio qualquer coisa do género. Ouvi uma vez na rádio alguém que sabe das leis dizer isso, agora não sei se a lei já mudou! 
No entanto, e seja como for, era preferível vendê-los a preços simbólicos e depois, porque não, doar esse dinheiro a alguma instituição. Agora deitá-los assim ao lixo? É de facto lamentável, deplorável, um crime!



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Jorge Neves deixou um novo comentário na sua mensagem "MEU LIVRO, MEU COMPANHEIRO, MEU AMIGO": 


Podiam doar os livros aos Bombeiros Voluntários para depois, estes, os venderem a um preço simbólico



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Marta Amaral deixou um novo comentário na sua mensagem "MEU LIVRO, MEU COMPANHEIRO, MEU AMIGO": 




 Bom dia. Quando li no Diário de Coimbra esta notícia também fiquei algo indignada. Realmente deitar livros para a reciclagem é algo que me deixa sem palavras. E mais uma vez penso que a tão falada Crise não é apenas e somente crise a nível financeiro, mas essencialmente de... valores. Mas, meus caros, por enquanto, os valores ainda não pagam imposto, por isso não os juntem ao molho de livros que estão a seguir em camiões para Soure.
Não conheço as leis, mas sou de opinião que haverá muitas delas que estão incorrectas. Então, neste caso muito específico, ok, não é possível doar os livros. Isto faz sentido se a resposta for "não". Então mudem a lei se faz favor. E concordo com a Liliana, quando diz que os livros poderiam ser postos à venda por um preço muito simbólico, ou então podiam ser colocados numa banca e quem quisesse podia pegar e levar, mas se calhar também isto não seria permitido por lei. Enfim, é o que temos. Muitas, muitas leis que não são nada funcionais. Mas quem sou eu para questionar as leis se nem as conheço? :-) (o sorriso é porque quando as situações são demasiado ridículas precisamos de nos rir e claro fazer o ligeiro abanar de cabeça). 


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NOTA DO EDITOR:

 Começo por lhe agradecer o comentário, Marta. A seguir, digo-lhe que, igualmente como você, não percebo nada de leis. Ou seja, já temos um ponto comum. Mas ainda temos mais sentimentos que partilhamos: não percebemos nada de direito, mas sabemos o que é justo e injusto. E estamos perante um acto injusto... que, aparentemente, não é culpa da lei. Aliás, a meu ver, este facto acontece exactamente por falta dela, da protecção que poderia e deveria dar ao livro, porquanto obra de arte. Como o livro, enquanto coisa, é equivalente a uma pedra do nosso quintal, logo o seu possuidor, na qualidade de proprietário, pode fazer dele o que bem entender. Inclusive, rasgá-lo, queimá-lo, lançá-lo ao rio, ou atirá-lo para dentro do contentor.
Não sei se fui claro, mas o que quero dizer é que neste caso concreto nada obrigava o autor a dar, a vender ou a emprestar. Assim como nada -nenhuma lei das que temos- o penalizará pelo acto de mandar para o lixo milhares de obras. Como o livro não tem protecção imaterial -igual a uma qualquer obra de arte, ou até o fado- acontecem muitos casos destes pelo país fora.
Há ainda outra questão de pormenor: porque será que este caso de destruir livros -penso que estamos de acordo em que será formalmente entendido como atentado à moral e aos bons costumes- acontece sempre com as editoras e nunca com usufrutuários particulares? Há várias razões, mas apontarei apenas uma: o amor. Para o particular, o livro é como um filho que se ama e, como tal, se estima até ao fim da existência, quer de um, quer de outro. Quando o particular é obrigado a separa-se dele, trata-o com respeito e carinho. Apesar de velho e ultrapassado, nunca perde estatuto. O livro é um instrumento de saber, que nos é útil para obter conhecimento sempre e ao longo da vida.
Para as editoras, o livro é apenas uma coisa, um bem como outro qualquer. Um meio que serve de troca para obter dinheiro -o que, vivendo nós numa sociedade de consumo, de oferta e procura, nem me parece de todo mal. O problema começa quando a oferta -para induzir e manter a procura e manter preços- assenta na própria destruição dos bens que constituem a sua essência. As obras servem apenas para fazer dinheiro e nada mais. São o paradigma do "usar e deitar fora". 
Os direitos de autor, de que fala, são uma completa hipocrisia. Por um lado não se podem fazer fotocópias, por outro, e como neste caso, podem-se enviar as obras para o contentor.
Estranha forma, esta, de viver numa sociedade completamente assimétrica. De um lado, uma maioria a penar para obter os bens de que necessita para o seu dia-a-dia. Por outro, uma minoria a destruir, para impedir o embaratecimento e manter o "status quo".

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