Apagou-se a voz da "Cize". Assim era conhecida em Cabo Verde a "nossa" Cesária Évora. Escrevi "apagou-se", de propósito. Quer dizer que não morreu. A sua voz perdurará para sempre entre nós. Estamos todos de luto, mas mais particularmente o povo de Cabo Verde -a quem, daqui de Portugal, aproveito para mandar os mais sentidos pêsames. Até sempre, Cise.
Deixo também uma poesia que compus para pessoas que, como ela, deixarão sempre, entre nós, a marca inconfundível da sua passagem por esta vida:
Há certas pessoas na cidade
que nunca deveriam morrer,
são símbolos de antiguidade,
luzes brilhantes no anoitecer,
património da humanidade,
dão-nos força para viver;
Passamos por elas uma vida,
achamos que sempre ali estiveram,
são marcos numa praça esquecida,
em gestos simples nos acolheram,
semáforos tricolores numa avenida,
nunca um sorriso nos mereceram;
Até que um dia, uma tarde qualquer,
por ali passamos novamente,
sentimos o nosso coração encolher,
falta uma peça naquele ambiente,
é como um luar de Agosto a chover,
uma tristeza nos invade docemente;
Só então damos conta da ingratidão,
de tanta injustiça que cometemos,
é bem certo que foi por distracção,
mas, repare-se, não desvalorizemos,
agora é preciso tomar mais atenção,
é uma pessoa com alma… olhemos!
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