Gostava de saber que tipo de espectáculos é que os comerciantes querem que se realizem nas ruelas da Baixa. Têm de compreender que as ruas são muitos estreitas e nem sequer há espaço para colocar umas bancas para uma feira/mercado típico. Por isso é natural que os eventos na Baixa sejam sempre nas ruas e praças maiores, onde naturalmente há mais espaço.
Os comerciantes em vez de estarem sempre a criticar deviam procurar soluções e arranjar ideias inovadoras para a dinamização do comercio da Baixa, sem estarem sempre à espera que a CMC, Câmara Municipal de Coimbra, faça tudo.
A CMC criou as noites brancas que levam muita gente à Baixa e são um sucesso, agora é altura dos comerciantes chamarem as pessoas da rua para as lojas.
Os comerciantes em vez de estarem sempre a criticar deviam procurar soluções e arranjar ideias inovadoras para a dinamização do comercio da Baixa, sem estarem sempre à espera que a CMC, Câmara Municipal de Coimbra, faça tudo.
A CMC criou as noites brancas que levam muita gente à Baixa e são um sucesso, agora é altura dos comerciantes chamarem as pessoas da rua para as lojas.
NOTA DO EDITOR:
Mesmo sendo anónimo entendi relevante e pertinente a sua observação e, como tal, começo por agradecer-lhe esta contribuição.
Não sei se conseguirei esclarecer todas as suas dúvidas, no entanto, vou tentar. Antecipo que, no texto que escrevi, as declarações entre comas são de comerciantes. É evidente que as partilho completamente, mas não as manipulei. Fica o esclarecimento.
A seguir, ponto por ponto, em opinião subjectiva, tentarei dar resposta às suas questões.
1 –“Gostava de saber que tipo de espectáculos é que os comerciantes querem que se realizem nas ruelas da Baixa.”
R. –O que inferi da maioria destes profissionais com quem falei, e que já há muito tempo venho aqui a defender, pugnam por pequenos eventos distribuídos por todo o perímetro da Baixa – como sabe este perímetro está balizado entre o Largo da Portagem, Avenida Fernão de Magalhães, Rua da Sofia, Praça 8 de Maio e Ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges. Este é o contorno normalmente anunciado, naturalmente com todas as ruas e ruelas interiores. Ultimamente a zona de Quebra Costas tem pedido para ser incluída nesta circunferência. Quanto a mim, faz todo o sentido.
Mas, afinal, que tipo de espectáculos querem os comerciantes? Olhe, por exemplo, nesta última semana, na Figueira da Foz os comerciantes foram convidados a colocarem à frente das suas lojas umas pequenas bancas de venda. Segundo li num jornal –que já nem sei qual- foi um sucesso. Isto é, sem gastar muito dinheiro, com imaginação, fez-se um mercado de rua. A meu ver, uma ideia a seguir.
Vamos a outra possibilidade. Como sabe a feira de velharias está “cintada” na Praça do comércio. Porque conheço bem a área e sei do que escrevo, posso dizer-lhe que alguns vendedores deixaram de vir para Coimbra pela dificuldade em ter lugar. Então qual seria a solução? Fazer o mesmo que em Aveiro. Isto é, distribuir os vendedores em desenho oval, desde o Largo da Portagem, Rua de sargento-mor, Praça do Comércio, Adelino Veiga até ao largo do Saul Morgado, Rua Paço do Conde, Rua das Padeiras, todas as pracetas e largos da Rua Eduardo Coelho. No Largo da Freiria está um estabelecimento de velharias que seria convidado a enriquecer o largo com uma banca. Largo do Poço, Rua do Corvo, onde estivesse uma casa encerrada seria colocado um vendedor, assim como a Rua da Louça. Na praça 8 de Maio seriam colocados alguns vendedores. Assim como na Rua da Sofia e átrio da Câmara Municipal. Prosseguiria pela Ruas Visconde da Luz e Ferreira Borges, sem esquecer a ligação à Praça do Comércio pelas Escadas de Santiago. Mais ainda, todos os vendedores locais de antiguidades e velharias deveriam ser convidados a participarem com uma banca.
Esta irregularíssima circunferência valeria para todos os eventos que têm sido realizados nas ruas da calçada. Festa da Flor, as Maias Doces e outros. Incluindo a feira das Cebolas que, todos os anos, agoniza na Praça do Comércio.
Ainda lhe digo mais, a feira do livro e do artesanato deveriam ser realizadas nestas ruas com umas pequenas tendas simples. O dinheiro que, nos últimos anos se tem gasto em montagens de tendas gigantes e agora em madeira no Parque Verde é qualquer coisa de surreal. Quando a solução está mesmo à frente dos nossos olhos parece impossível como é que se não vê.
Não sei se consegui ser claro, mas a ideia é deslocalizar as pessoas de um único espaço residual para um mais alargado.
2-“Tem de compreender que as ruas são muito estreitas e nem sequer há espaço para colocar umas bancas para feira/mercado típico.”
R. –É verdade que as ruas são estreitas, mas aí reside o seu encanto. Desloque-se à feira de velharias de Aveiro, ao quarto domingo, e verá que as ruas do seu centro histórico são muito parecidas com o nosso. Verificará que algumas lojas comerciais, pelo movimento das velharias, estão abertas mesmo sendo domingo. Digo-lhe também que, anualmente se realiza uma feira antiga em Oliveira de Azeméis que envolve todo o Centro Histórico.
O facto de as ruas serem pouco largas não impede que não se coloquem espectáculos ou bancas nos seus pequenos largos ou em frente a lojas encerradas. Infelizmente, lojas fechadas, não há uma única artéria que não tenha várias.
3- “Os comerciantes em vez de estarem sempre a criticar deviam procurar soluções e arranjar ideias inovadoras para a dinamização do comércio da Baixa, sem estarem sempre à espera que a CMC faça tudo.”
R. –Bem sei que –isto é cultural- a crítica é sempre malvista, mesmo até por aqueles a quem se dirige a benfeitoria, mas, meu amigo, sabe muito bem que é da crítica, do dissenso, da discórdia, que se chega a uma solução convergente, em que é possível harmonizar todos os interesses, beneficiando a maioria e causando o menos prejuízo. É lógico que jamais se atingirá o ideal, mas chegando ao possível já é uma vitória.
As soluções estão todas criadas. É verdade. Estão todas criadas. Não é preciso inventar nada. O problema, meu caro, sem criticar por criticar, é que ninguém dá ouvidos a ninguém. Vou ser mais claro. O pelouro da Cultura realiza os seus eventos e não passa cartuxo nem à APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, nem à Junta de Freguesia de São Bartolomeu. Resultado: no mesmo dia e à mesma hora chegam a haver espectáculos a concorrer entre si. Mais ainda, naturalmente que a junta de freguesia e a APBC também querem apresentar trabalho aos seus fregueses e associados, o problema é que o que transparece é que são vários galos a lutar pelo maior protagonismo. Ora, diga-me, não caberia ao pelouro da Cultura sentar todos a uma mesa e fazer um planeamento atempado de todos os eventos, envolvendo todas as forças e, ao mesmo tempo, para a realização convidar comerciantes ou residentes para ajudar?
As pessoas como eu e muitos outros estamos à espera da autarquia porque esta não nos ouve. Nunca nos convidou para debater a nossa opinião. Não é porque não saiba. Já escrevi muito sobre este assunto e envio sempre para o pelouro da Cultura. E não é só de agora. Já no tempo de Mário Nunes, o anterior vereador, o fazia. Com este meu amigo, que conheço há muitos anos, ainda falava comigo, batia-me nas costas e com o seu sorriso rasgado lá argumentava que assim e assado. E tudo ficava na mesma. Com esta senhora vereadora, Maria José, nunca se dignou responder aos vários e-mails que lhe enviei.
Claro, meu amigo, que não tenha ilusões, a junta de freguesia de São Bartolomeu e a APBC, apesar de eu ser amigo dos presidentes, procedem do mesmo modo. E porquê? Porque ninguém quer que se lá meta a colher… lá caímos novamente no factor cultural. Quem vem de fora é sempre olhado de soslaio e com desconfiança, mesmo que seja conhecido. É uma espécie de fado. Aqui já entende porque razão as coisas continuam eternamente iguais.
Ainda lhe digo mais, em 2003 Coimbra foi a Capital da Cultura. Foi um exemplo para se seguir na descentralização de pequenos eventos. Foram realizados vários espectáculos de teatro em larguinhos e praças das ruas estreitas. Foi um sucesso estrondoso. É preciso muito dinheiro para fazer isto? Sabendo que no comércio há vários talentos, na música, no teatro, na poesia, na arte, porque não se convidam estas pessoas para contribuir para a revitalização do Centro Histórico? Quer que eu responda? Porque quem decide tem uma visão de quinteiro. Só ele decide, só ele manda. E isso, para mim, é o cancro de tudo.
Ainda vou mais longe em relação à Câmara Municipal: porque razões não são os funcionários adstritos a estas realizações, de tempos a tempos, substituídos por outros? Porque é que continuam há vários anos nos mesmos lugares e encarregues sempre do mesmo programa e a cumprir a mesma função?
4- “A CMC criou as noites brancas que levam muita gente à Baixa e são um sucesso, agora é altura dos comerciantes chamarem as pessoas da rua para as lojas.”
R.- A Câmara Municipal não criou as “noites brancas”. Este conceito foi “importado” pela APBC de vários países europeus com o mesmo problema nas zonas velhas como nós. Trata-se de, através de uma jornada de trabalho pela noite fora e muita imaginação, tentar atrair pessoas a estes perímetros desertificados. É como se, com este acto de quebrar a rotina, se elevasse uma bandeira no ar e se gritasse: “venham cá, nós precisamos de vocês, consumidores, se nos esquecerem desapareceremos todos a curto prazo”.
(ESTE TEXTO FOI LEVADO PARA CONHECIMENTO DA SENHORA VEREADORA DA CULTURA DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA)
(ESTE TEXTO FOI LEVADO PARA CONHECIMENTO DA SENHORA VEREADORA DA CULTURA DA CÂMARA MUNICIPAL DE COIMBRA)
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