Há dias, estando num grupo onde se encontrava um político partidário da cidade a falar sobre os eventos da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, a página tantas, diz ele mais ou menos isto: “é preciso rentabilizar as festas que a agência realiza na Baixa. É necessário retirar lucro destas festividades. O continuar a apostar apenas na bondade dos visitantes não chega. É preciso sermos um pouco mais calculistas. Caso contrário estaremos simplesmente a fazer festejos para quem cá vem nesse dia. Acaba o acontecimento, o visitante vai embora e só volta outra vez quando houver mais bailarico”.
Fiquei a pensar no assunto e, não há dúvida, de que este jovem político, a meu ver, está com razão. Sem faltar ao respeito a quem se esforça na APBC para tentar chamar a atenção de que a “Baixa está viva e recomenda-se” pode não ser o suficiente. É preciso repensar este formato de alegorias gratuitas. Ou seja, é urgente fazer um balanço do que se fez até agora e que resultados se obteve.
É preciso não esquecer que os fundos que subsidiam estas realizações são públicos. Por outro lado, é preciso tomar nota que nesta tentativa de revitalização do Centro Histórico há três movimentos contrários entre si.
O primeiro, o do público visitante que vem então à Baixa da mesma forma que se vai à festa anual do padroeiro na aldeia. Vai-se lá uma vez por ano e não se volta mais nos meses subsequentes.
O segundo, o dos comerciantes, que de uma forma egoísta, sem comparticiparem nas despesas decorrentes, e sempre prontos a criticar, exigem cada vez mais, mais, e mais.
E o terceiro é a posição da agência, que sem se aperceber, entra nesta escalada de fazer, fazer, fazer, uma vez que é pressionada a montante pelo público e a jusante pelos comerciantes. Como naturalmente o seu posicionamento não pode deixar de ser político –pela polis-, no sentido de fazer melhor para agradar e cair nas boas graças dos comerciantes e nos elogios dos visitantes, a necessidade de criação pode entrar na compulsividade. O mais grave é se, entrando na lógica do desregrado e do fazer por fazer, não se elaborar um balanço quanto ao objecto final destas realizações para a Baixa.
E comecei com este palavreado todo para questionar se este “Amo-te Pão-de-Ló”, com inauguração hoje, no Terreiro da Erva, quanto ao seu posicionamento para o Centro Histórico, será bem calculado. Quanto a mim não é. Trata-se de uma opinião pessoal e, naturalmente, vale o que vale. Aquele sítio, estrategicamente, estará um pouco fora do coração desta zona velha. Argumentar que é para tentar recuperar aquela praça do estigma que tem acoplado, é insuficiente, tendo em conta que os objectivos são gerais e não particularizados.
Fica a chamada de atenção para a possibilidade de se questionar se, no caminho traçado até agora, se está a caminhar em direcção ao futuro, ou, encanando a perna à rã, apesar do grande esforço, físico e psíquico, não saímos do mesmo lodaçal.
1 comentário:
Tem razão no que escreve. Sinceramente aquele espaço será o menos adequado a este evento.
Mas por aí, julgo ser uma tentativa da APBC, dinamizar aquele espaço. Mas sinceramente a meu ver não seria assim. Fui lá cerca das 21.00 horas, e meus senhores, o Terreiro da Erva era o que se vê todos os dias.Uma tenda encostada ás outras.
Pergunto Eu:
Não seria óptimo animação cultural, durante o evento?
Penso ser uma forma de atrair alguém ao local. Isto tendo em conta que os clientes dos restaurantes vizinhos até por ali passam e dão uma espreitadela. Desculpem-me, mas pedirem "cinco euros " por um mini pão de ló. Foge!!!
Sei que tudo é muito caro, mas sinceramente " mamem, mas não abusem "´.
É assim que conseguem os objectivos.
Sinceramente, julgo que não. Infelizmente, pode acabar num fracasso, o que se lamenta.
Atenção que está em jogo dinheiro, de todos os contribuintes.
Desejo a melhor sorte á APBC e continue a promover o comércio tradicional da Baixa de Coimbra.
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