DC: O MAU EXEMPLO DO AVOZINHO

 Como declaração de interesses, ressalvo que gosto muito do Diário de Coimbra (DC). Já o aqui escrevi uma “porrada” de vezes. Para mim, e o jornal que me perdoe a metáfora, é assim uma espécie de avozinho querido, por quem temos muita ternura e respeito. Normalmente rebato o aforismo de que “a velhice é um posto”, mas, neste caso, em completa contradição, dou o dito por não dito. Efectivamente o DC, para mim, é uma instituição.

Depois das metáforas, das ressalvas e das “engraxelas” –que foi para atenuar a pancada- vou directo, como um torpedo, à questão. O DC, enquanto tudo o que escrevi atrás, tem uma responsabilidade redobrada na cidade. Ora, na minha forma de ver, de um modo inexplicável, a edição de hoje é um exemplo péssimo de mau jornalismo. Em primeira página, em título de “caixa alta”, é noticiado: “Sequestrado e roubado por dois casais na Baixa de Coimbra”.

Naturalmente, perante um cabeçalho desta importância, quase avidamente, vamos à procura do desenvolvimento na página 3. Depois de lá chegar, começamos a ler e o que encontramos completamente descontextualizado da informação de primeira página? A data de ocorrência. Este caso aconteceu na madrugada de 30 de Julho do ano passado. “E então, isso não poderá ser notícia de primeira página?”, perguntará o leitor. Pode sim…mas há por parte do órgão de informação uma responsabilidade acoplada que não é despicienda: o DC, no subtítulo de primeira página deveria ter indicado a data do acontecimento para que o leitor ficasse elucidado do “quando” –uma premissa fundamental do “Lead”.

Tenho para mim –que não sou jornalista- que quem informa, desde que o faça de forma séria, o deve fazer sem ter em conta o impacto do que escreve sobre a comunidade. Ou seja, cada macaco em seu galho. O jornal informa, a comunidade lê e, dessa notícia, retirará as suas devidas ilações. E terá mesmo de ser assim, caso contrário chegaria a certo ponto que quem escreve, preocupado com terceiros, já não anunciava nada.

O que quero dizer, depois de dar uma grande volta, em síntese, é que o DC, hoje, esteve mal. Também não vou entrar aqui em dramatismos bacocos. Hoje esteve menos bem, é verdade, mas quase sempre está óptimo. E escrevo em relação à Baixa. O Diário de Coimbra tem sido um bom aliado do Centro Histórico. E, particularmente, eu que o diga, porque várias vezes telefono a  pedir ajuda para isto e aquilo. E o jornal noticia. Portanto, hoje o jornal falhou. Outros falham também…é a vida! Qualquer dia, quando a nossa mente for comandada por cd, pode ser que já não aconteçam tantos erros.