A coisa conta-se rápido. A Baixa, nos últimos dias, como já foi noutros, tem sido notícia pelos assaltos nocturnos a estabelecimentos comerciais. Também como noutros filmes que já vi, vem logo o governador Civil, Henrique Fernandes, como bombeiro com agulheta na mão, a tentar apagar o fogo que lavra na impaciência dos comerciantes. Como noutras fitas que já vi também, o final é sempre o mesmo. Ou seja, começam-se por mostrar dados estatísticos a provar que a criminalidade baixou, agita-se em lume brando para não pegar ao tacho, junta-se nos próximos dias uma pitada de segurança pública, com um ou dois agentes da PSP com coletes reflectores para mais facilmente serem notados, vai-se mexendo, mexendo, até o ambiente solidificar. Quando ficar grosso, assim a parecer que já está tudo a dormir, os polícias vão à vida, o governador baixa as mangas de alpaca e dá-se por satisfeito, os agentes representativos dos comerciantes respiram de alívio, e tudo volta ao princípio. É assim uma espécie de círculo.
Mas eu não comecei a escrever por causa do círculo. Queria antes mostrar como um engano pode ajudar uma instituição. Vou então explicar melhor. É assim:
Por mais que a Baixa seja arrasada por catástrofes naturais, por um ataque terrorista, uma vaga de assaltos acima da média que ponham os comerciantes à beira de um ataque de nervos, da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, da Avenida Sá da Bandeira, nem “chus” nem “bus”. Por aqui, "no lo passa nada"!
Então para nossa surpresa, hoje o Diário as Beiras, numa reportagem sobre a insegurança da Baixa, citando Arménio Pratas, apresenta-o como vice-presidente da ACIC. Acontece que, embora nunca viesse a público, o Arménio Pratas pediu a demissão há cerca de um mês. Ou seja, Arménio Pratas já não pertence à associação. Então o que aconteceu para a jornalista Maria João Santos o apresentar ainda como vice-presidente?
O Arménio, quando fez as declarações, fê-las em nome da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra –eu estava presente- da qual pertence agora à direcção. Não falou sequer na ACIC. Certamente a jornalista, porque não sabe da demissão –e poucos sabem-, não foi de modas e associou-o à associação empresarial.
Por acaso, neste acaso, há acasos que dão um jeito do “camano”. E assim, para quem não souber, a omissão que o é materialmente, para quem ler este engano feliz, deixou de o ser. Talvez numa admiração o leitor exclame: “olha, afinal a ACIC ainda mexe…”
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