terça-feira, 9 de novembro de 2010

SEREI UM NOVO GASTÃO? (3)




 Todos os dias sou surpreendido com a minha sorte. Sem que eu movesse um dedo para tentar reparar os meus bolsos já completamente rotinhos de tanto catar, hoje, entrou-me pela caixa de correio adentro o Banco Cetelem a oferecer-me um crédito até 10 mil euros. Isto é sorte ou não é? Claro que é! Eu seja ceguinho se não fiquei “apardalado”. Como é que eles adivinharam que eu andava mais teso que as finanças do Estado? Eu sei lá se não será teoria da conspiração, mas às tantas ando a ser vigiado. Eu até pensei cá com os meus botões, queres ver que às tantas as câmaras de videovigilância da Baixa de Coimbra estão mesmo a funcionar e gravam mesmo? Sei lá! Não me admira nada! Como eu estou farto de dizer e escrever que aqueles “mostrengos” não servem para nada, e em face dos queixumes dos comerciantes de que as ruas estão muito escuras e deveriam ser aproveitadas para fazer candeeiros de iluminação, quem me diz a mim que só para me contrariar, agora, não estarão a gravar tudo?
Sei lá! Como é que o Banco Cetelem adivinhou que eu tenho as minhas alpercatas completamente gastas?
O que me impressiona mais, palavra de caramelo, é a taxa (TAE, taxa anual efectiva) de empréstimo a 54 meses. Baratíssimo: só 13,4%. Eu tenho mesmo sorte!! Às vezes chego mesmo a pensar que isto é milagre. E pode muito bem ser! É fácil de chegar a esta conclusão. Ora acompanhe o meu brilhante raciocínio, eu sou agnóstico, quem me diz a mim, que não anda por aqui mãozinha divina para me aliciar e fazer parte do rebanho? É ou não é? Às tantas, como todos oferecem produtos acessórios na adesão –por exemplo, o Diário de Coimbra oferece um berbequim a novos assinantes-, se calhar, como marketing, para me tentar convencer a aderir à comunidade cristã, oferece-me esta ventura diária. Faz sentido não faz? Ai de certeza, só pode ser isso. Além mais, se estamos numa crise danada, como é que aparece um banco a oferecer dinheiro de qualquer maneira a um gajo teso como eu, e sem me conhecer? Milagre, óbvio.
Eu tenho tanta sorte!!…

2 comentários:

Anónimo disse...

Não percebendo nada de finanças, já me chegam as cá de casa, sempre achei que esta publicidade dos bancos deram um grande impulso ao estado de endividamento das famílias portuguesas. Se há quem faça as contas e chegue à conclusão que ninguém dá nada a ninguém, há aqueles que se deixam levar e na altura das prestações é que a"porca torce o rabo".
Ana Soares

LUIS FERNANDES disse...

Obrigada, Ana, por ter comentado.
Abraço.