Provavelmente ontem, entre a tarde e esta noite, o edifício Dallas, na Avenida Fernão de Magalhães, foi assaltado. Salienta-se que a última vez que sofrera uma intrusão foi em 28 de Novembro do ano passado. Mas, para piorar a situação, já também em 29 de Junho, deste ano de 2009, também tivera uma visita dos amigos do alheio.
Este prédio, tal como outros existentes na Baixa da cidade, não tem um único morador a residir. Desde o rés-do-chão até ao sexto andar todo ele está alocado a comércio. No último piso funciona o Rádio Clube de Coimbra, mas, segundo uma testemunha, com a reestruturação desta rádio, actualmente, só passa música através de computador e só vai lá uma pessoa por semana.
Desta vez, e já em repetição, calhou em sorte o escritório de Contabilidade do senhor Alberto Reis, situado no 4º piso, sala 12. O “modus operandi” é o mesmo. Recorrendo a um pé-de-cabra, os salteadores, ou um apenas, rebentaram com a ombreira da porta em madeira, mexeram, remexeram à vontade, procurando dinheiro, e levaram os trocos que encontraram. Para o senhor Alberto não há dúvida: “o gajo é o mesmo! Veio cá uma, duas vezes, já viu que nada nem ninguém se lhe opõe, e estoira e rouba à vontade. O sacana deve actuar por encomenda. Às tantas tinha um pedido de computadores, só pode! Para além dos trocos que tinha aí, levaram-me dois, os melhores. Este, que é mais velho, já não o quis. Eles sabem bem o que querem! Eu não sei o que fazer à vida! Tinha lá a contabilidade dos meus clientes. O que é que estou a fazer aqui?”. Como sonâmbulo, repete: “o que é estou a fazer aqui?”.
Ainda no mesmo piso, foi estoirada uma outra porta de um escritório de advogados. Mas como, presumivelmente, só teria pastas de arquivo nada levaram. Foram mais os custos do vandalismo.
No piso de baixo, no 3º andar, mais uma vez calhou ao senhor António Matias, também com escritório de Contabilidade. Já no ano passado os meliantes também arrombaram a porta, mas como o computador era velho não o levaram. Desta vez, como já o tinha substituído, levaram-no. Nota-se que o senhor Matias não está bem. Repete as frases várias vezes: “já viu? Tinha lá tudo. Toda a informação dos meus clientes estava lá dentro do computador. Era toda a contabilidade, era a Taxa Social Única. Foi tudo embora!” –e arrasta as palavras com uma desmesurada e sentida dor. “Uma pessoa luta que nem um desgraçado. Saio daqui quase todos os dias à meia-noite, para poder andar de cabeça erguida e poder cumprir com todos, com os meus clientes e com o Estado…para isto!” –e faz um grande círculo com a mão, mostrando todo o remexido do escritório. Dá mais um passo e volta a soletrar: “isto admite-se?...Só a a tiro!!".
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