A ILUSÃO DE UM BALÃO
A menina faz balões,
bem no centro da calçada,
os passantes mandriões,
parece que não ligam nada;
Mesmo assim levanta os braços,
como a todos querer abraçar,
ninguém repara nos passos
que ela deu para aqui chegar;
Para quem passa é estrangeira,
de outra terra além do mar,
nota-se logo na maneira
como ela leva vida a ganhar;
“Vejam bem se com balões
alguém pode trabalhar,
é forma de ganhar tostões
sem muito se cansar”;
Assim conta o senhor João,
que se farta de engraxar,
puxa lustro em contramão,
paga imposto sem reclamar;
O que vale são as costas,
que até dão para adivinhar,
mesmo que pouco expostas,
um homem põe-se a sonhar:
Mas a menina não liga,
continua a apanhar balões,
ora se a vida é uma espiga,
que lhe importa os talões?;
Pode até nem compensar,
com transeuntes sem dinheiro,
mas tem sempre a admirar,
o seu cão-amigo e companheiro.
(Há cerca de um ano escrevi este poema, ou coisa que o valha. Agora, andei a remexer no baú, gosto dele, e tomei a ousadia de o voltar outra vez a mostrar. É um bocado de "vaidosite" a mais, não é? Eu acho, mas que querem? Se ninguém me cita...)
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