(IMAGEM DA WEB)
Então…então, meus amigos como é que vão? Está tudo a correr? Bem sei que é uma pergunta estúpida, esta que acabei de fazer. Nunca está tudo bem: umas coisas estarão e outras nem por isso. O que é preciso é que tenhamos força e coragem para resolver o que nos está incomodar –claro que vocês já viram há muito que eu sou uma espécie de vendedor de banha da cobra. Apregoo a larga força curativa das minhas ideias, mas quantos problemas tenho brocados? Mas enfim, têm de me perdoar. Tenho as mesmíssimas angústias que qualquer um de vós tem. Olho à volta e tento ver uma solução para tudo o que me provoca sofrimento. Digamos, que neste escrever diário, vou arranjando forças, assim numa espécie de terapia. O que quero dizer com isto? Que todos nós, no dia-a-dia, precisamos de uma fuga. Ora, entre escolher beber uns copos, fumar uma gansa, no meu caso, dá-me para escrever. Se para si lhe dá para ir à pesca, pintar, fazer voluntariado, ser presidente de uma qualquer instituição sem fins lucrativos, óptimo. Está tudo bem. Cada um deve fazer o que gosta. Isto, considerando que tais actividades não são o seu ganha-pão. O ideal mesmo seria que cada um de nós só trabalhasse num emprego, em trabalho, que lhe desse gozo. Não é preciso ser presciente, adivinho, para ver que se assim fosse a produtividade subiria, subiria, por aí acima. Infelizmente, sabendo nós que o emprego, a médio e longo prazo, será cada vez mais um privilégio para alguns. Isto porquê? Porque, no meu entender, a computorização é inimiga feroz do emprego –pensemos por momentos nos bancos, com a introdução das “caixas Multibanco”. Quantos empregos se perderam na banca desde há 25 anos para cá? Pensemos na implementação dos “chips” nas matrículas dos automóveis, se for levado à frente, quantos portageiros das auto-estradas irão perder trabalho?
Bem sei que esta questão não é unânime. Já se arrasta desde a Revolução Industrial e, sobretudo, desde a “linha de montagem”. Desde sempre se acreditou que a sociedade comercial e industrial, na sua dinâmica, se saberá adaptar aos novos tempos e que, perante a extinção de uma classe profissional outra emergirá. Porém há dados novos, ou seja, terá de se contar com a população mundial que, contrariamente à Europa, continua a multiplicar-se. Depois, ainda neste velho continente, há o problema da deslocalização massiva de empresas para outras zonas do globo, onde a mão-de-obra é mais barata e, consequentemente, é exigível menos capital em máquinas. E , sobretudo, não existe estado Social, onde o empregador está menos sujeito a obrigações sociais. Por muito que se pense o contrário, o factor Capital não tem Pátria nem conhece amigos. É um predador que, como vampiro, sugará o sangue das vítimas indefesas. Por muito que se diga não existe comércio justo. Haverá sim um justo equilíbrio entre a oferta e a procura. Isto é, o que cada comprador estará disposto a pagar para adquirir um bem. Inevitavelmente, sendo o interesse que move o mundo e leva ao maior desenvolvimento, vendedor e comprador tenderão a querer ganhar o máximo. Só abdicarão do seu lucro maior possível, e até à margem mínima, quando verificam que a procura caiu para índices negativos. Há mais de 200 anos que Adam Smith, considerado o pai da economia, escreveu isto. Não é preciso ser licenciado em economia e finanças para sabermos que, numa economia aberta, é o mercado que regula os preços.
Sabe-se, porém, que se o Estado, enquanto árbitro necessário numa economia descentralizada, se desonerar das suas obrigações, tal como hoje está acontecer em Portugal, crescerão os monopólios e oligopólios na economia. Se os primeiros, pelas directivas comunitárias, serão totalmente proibidos já os oligopólios –caso dos distribuidores de combustíveis- não o serão. Então, fatalmente como o destino, o consumidor ficará nas mãos destes capitalistas, sem dó nem piedade perante quem pouco tem.
Se o Estado não vislumbrasse apenas para a receita bruta gerada por estes grandes grupos económicos, e olhasse um pouco mais longe, veria que as anunciadas criações de emprego imediato não passam de falácias. O que assistimos à nossa volta é que por cada mega-empreendimento que surge, nos meses subsequentes, paulatinamente, vemos cair a pequena e pequeníssima empresa e multidões de desempregados a engrossar as inscrições nos centros de emprego. Quando acabarem os cursos de formação profissional, então, nessa altura, vai verificar-se o estado patológico da nossa economia.
Este desligamento pelo equilíbrio da natureza, entre pequenos e grandes, faz lembrar há cerca de três décadas a proliferação do eucalipto em tudo o que era terra arável. Ali o que contava era o lucro imediato, porque havia procura por parte das celuloses. Hoje, com os incêndios, verificamos que o país é uma tocha incandescente a, durante todos os verões, arder ininterruptamente.
É preciso tirarmos algum curso universitário para verificarmos que, se não se abreviar caminho, caminhamos para a destruição pura e simples da economia nacional?
Sem comentários:
Enviar um comentário