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Então como é que vão? Contem-me lá! Pelo sorriso rasgado…hum…há passarinha no cais! Ainda bem que está bem disposto. Palavra que fico contente. Haja alguém feliz e optimista cá no rectângulo…exceptuando, claro está, o nosso primeiro-ministro. Que, em entrevista ao “Financial Times”, José Sócrates revela-se completamente confiante no futuro do país. De tal forma o seu optimismo transbordava que até o jornalista do jornal britânico questionava no jornal a razão de tanta confiança no futuro –ouvi na TSF.
Em contraste total, ontem, o Presidente da República, e muito bem, alertou para “a necessidade de se proteger as pessoas de mais baixos rendimentos”. Alertou também “para a necessidade de se ter muito cuidado na definição de prioridades”. No Palácio de Queluz, Aníbal Cavaco Silva disse também que “a resposta às situações de emergência social não podem deixar de ser uma primeira prioridade, as pessoas estão de facto primeiro”.
Ora perante discursos tão antagónicos, tão diferentes na classificação do estado das Finanças Públicas do país destes dois políticos, ficamos um bocado a balouçar: quem falará verdade? É certo que também sabemos que a economia vive da confiança, e, assim sendo, não se pode entender que um primeiro-ministro de uma nação possa ter um discurso derrotista. Isso seria o mesmo que ouvir uma peixeira dizer mal do pescado que está a vender. O problema é que perante tanta afoiteza, sobretudo quando se constata o intenso cheiro a mofo, os mercados também desconfiam e é pior a emenda que o soneto.
É lógico que nós, cidadãos de famílias médias, nem precisaremos de ouvir o governante para saber o estado em que se encontra a economia nacional. Basta-nos olhar à nossa volta. Basta-nos olhar para a nossa casa. Nos últimos tempos o verbo que mais se emprega é o cortar. Corta aqui, corta acolá, e mais ali, e mais naquele pequeno devaneio que era tão necessário ao nosso equilíbrio anímico. Como um Pôr-do-Sol que se esvai em fim de tarde, todas essas pequenas alegrias conquistadas ao longo de anos e anos, foram desaparecendo paulatinamente bem à nossa frente. Começa a não haver dinheiro para pagar a factura da luz, do telefone, da água. E mesmo o frigorífico, pelo grande espaço disponível, não ocupado, deixou de ser o celeiro familiar, começando a ser demais para as necessidades, e passa a ser simplesmente um objecto meramente útil no dia-a-dia. Em metáfora comparativa, perante a enormidade, temos a mesma sensação de pigmeus que sentimos perante os estádios do Euro 2004, que na sua monstruosidade, permanecem sem utilidade e mostram o quanto foi um erro ter adquirido espaços de tão grandes dimensões.
O desespero que sentimos e o que vemos à nossa volta, como neblina que alastra, é demasiado evidente para embarcarmos em navios de esperança vã. Só por aqui já daria para ver que o primeiro-ministro nos quer vender um produto de falsas características. Porque deveremos ter em conta que a esperança não é um sentimento aleatório no vazio. Por outras palavras, a fé, a expectativa, para perdurar, precisa de se alimentar de pequenos indícios de positividade. Ora caminhamos nesta vereda “destrambilhada” de escolhos há 8 anos à espera de ver luz ao fundo do túnel. É muito tempo. Não há confiança que resista a tão longo penar.
Se dúvidas subsistissem que José Sócrates não está dizer a verdade, basta-nos abrir os jornais de hoje. Transversalmente todos referem as extremas dificuldades que as famílias portuguesas estão a atravessar. Sublinhando mesmo as agruras dos que estão empregados e no difícil equilibrar dos orçamentos para fazer face à despesa.
Por muito que tentemos entender o chefe de governo, perante tais sinais de evidência, como dar-lhe alguma credibilidade?
Ainda nos restará alguma esperança de virmos a acreditar em alguém? É que por este andar, de tanto sermos enganados, corremos o risco de secarmos todo o alento que nos faz caminhar…
2 comentários:
Já não acredito em nada nem em ninguem, mas não perdi a esperança disto melhorar. Sócrates a mim não me enganou como enganou muita gente,Cavaco não passa de mais Presidente da Republica como tantos outros que simplesmente ganham uns milhares de euros e vão falando e agindo conforme as eleições estao distantes ou não, não passa de mais do mesmo
"Já fui modesto, já fui realista, agora sou mesmo bom... a dar a entender o que não é!", é o que o PM deve dizer a si próprio todos os dias de manhã, ao espelho, quando ensaia a sua cara de bluff...
Para quem já colocou em xeque outros (bem mais) ilustres (http://pronuncianorte.blogspot.com/2010/05/o-chico.html), já nada deve ser levado à letra...
É daquelas situações em que "só cai nela quem quer"!!!
Se, em vez de tapar o Sol com a peneira, dessem uma de propagandistas e desenvolvessem uma campanha maciça para incentivar os portugueses a acreditarem na qualidade dos pordutos e serviços portugueses e a consumirem/utilizar o que é nacional, é que brilhavam!!!
Enquanto o mexilhão não entender que, em maré vaza, fecha-se a conchinha e chegamo-nos mais uns aos outros, o calhau à beira-mar plantado arrisca-se a perder toda a sua população...
Podemos apenas esperar que alguém mais lá nos altos ou dentro dos BMs abra os olhos... :S
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