segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

"S. BARTOLOMEU HOMENAGEOU A VIDA NA BAIXA"




"A homenagem a António Luís Barradas Figueiras, ex-presidente da Assembleia de Freguesia de S. Bartolomeu, falecido recentemente, foi o ponto alto da sessão onde foi distinguido um conjunto de individualidades que de alguma forma estão ou estiveram ligados àquela freguesia da Baixa”, in Diário de Coimbra (DC) de ontem 14 de Dezembro.
Continuando a citar o jornal, onde estiveram presentes o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra, Mário Nunes, o vereador da Habitação, Gouveia Monteiro, e o Governador Civil, Henriques Fernandes, foram homenageados diversos operadores comerciais que desenvolvem a sua actividade na Baixa, entre eles, falou Mário Nunes, a Coimbra Editora, fundada em Agosto de 1920”.
Dos comerciantes da Baixa distinguidos “foram o Restaurante Porta Larga, a operar desde 1946, e o Bar Navarro, desde 1957, tal como a ourivesaria Marialva. Antes foram homenageados dois dos moradores mais antigos da freguesia: Afonso Alegre, membro da assembleia de freguesia no pós-25 de Abril, e Gabriela da Conceição. O médico Alexandre Leite da Silva, que durante anos atendeu gratuitamente os moradores mais necessitados, também mereceu uma distinção, a título póstumo”, informa o DC.
Quem leu o meu anterior “post”, com o título “Os Comerciantes e a ACI(R)C(O)", certamente estará a perguntar-se se esta iniciativa da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu não será uma cópia a papel químico da alegoria levada a cabo pela ACIC.
Tenho de confessar que gosto da forma de ser e estar de Carlos Clemente enquanto presidente da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu. É um homem activo, sabe estar sempre em “cima do acontecimento”. É informado, é corajoso e frontal, e, para além de saber tudo o que se passa com os seus fregueses, na hora em que eles necessitam do seu apoio ele está lá. Para além disso, é interveniente na Assembleia Municipal, duma forma acutilante, como compete a um presidente de junta que todos idealizamos e ambicionamos.
Mas é então aqui, neste episódio das homenagens, em colagem, que interrogo as intenções do autarca de São Bartolomeu. Concorrer a futuro presidente da ACIC? A ser incluído nas próximas listas do PS à autarquia? Eu sei que é um homem “politicus”, no sentido lato da palavra, e daí entenda algumas iniciativas meritórias, tais como bailes à moda antiga, feiras de gastronomia e artesanato na Praça Velha, que, remando contra a maré, visa dar vida à Baixa.
Outras há que entendo menos, como por exemplo levar os velhinhos da freguesia em passeio excursionista. Mas, enfim, acabo por compreender, afinal não se apanham moscas com vinagre. Já em relação a estas homenagens, tal como afirmei em relação à ACIC, escrevo o mesmo em relação a esta iniciativa da freguesia de S. Bartolomeu, com uma diferença: como não houve repasto, logo não houve pão, então foi apenas e só circo.
Acredito que esteja a ser demasiado austero e pragmático, mas continuo a afirmar: a Baixa precisa de mais acção e menos festa. A Baixa está moribunda. E quem disser o contrário, não sabe nada do que se passa aqui nesta zona comercial.
A baixa precisa urgentemente de um plano de salvação para evitar o encerramento em massa de muitas lojas de comércio a curtíssimo prazo. Com consequências gravíssimas para esta zona comercial; para os poucos comerciantes que restarem que verão as suas ruas transformadas em artérias de ninguém, com um comércio cada vez mais empobrecido; com um futuro negro para aqueles que claudicarem porque partem forçadamente sem nada –perderam tudo nesta aventura- e olham o seu amanhã sem qualquer esperança; para os poucos residentes idosos que, com o encerramento em massa dos estabelecimentos, verão a sua segurança nocturna cada vez mais ameaçada.
Eu sei que não consigo disfarçar um pessimismo elevado, mas não posso concordar com festas, festinhas e festarolas que têm unicamente por objecto tornar maior a notoriedade de quem as faz. Para estes peditórios não dou, e mais: serei tão chato como uma mosca, quanto for possível ser neste cenário pré-eleitoral, e, como pouco mais poderei fazer, escreverei aqui tudo o que me vai na alma. Só tenho alguma pena –é uma forma de dizer- de quem lê os meus textos, que apanha uma seca do comprimento de um comboio. Mas aceitem as minhas desculpas por compartilhar convosco os meus desabafos.

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