terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A (DES)UNIÃO (DES)FAZ A FORÇA




“SECRETÁRIO DE ESTADO DO COMÉRCIO DEFENDE FUSÃO ENTRE ASSOCIAÇÕES”

“O comércio em Portugal tem “uma organização associativa muito numerosa”, alertou ontem o secretário de Estado do sector, Fernando Serrasqueiro, que defende fusões das estruturas existentes. “Eu contacto com 150 associações”, em todo o país, referiu o governante, à margem de uma cerimónia sobre o programa de Modernização do Comércio, em Castelo Branco. “Quando partilho isto com os meus colegas europeus, eles ficam surpreendidos como é que em Portugal há tantas associações comerciais”, destacou Serrasqueiro”, in Diário as Beiras de hoje.
Continuando a citar o jornal e o secretário de Estado, “Não se compreende que nalguns distritos haja uma associação por concelho, cada uma com despesas correntes, sede e técnicos, mas provavelmente sem receitas para uma boa intervenção”.
Mesmo na “mouche” senhor secretário de Estado. Aí está uma verdade sem contestação. E o grave é que essa dispersão de forças resulta em fraqueza da (não) representatividade do comércio. Claro que esta criação de capelinhas faz parte da cultura portuguesa e, se pensarmos um pouco, já todos estivemos envolvidos na elaboração de um qualquer projecto do género. Mesmo o governo, ao criar, dentro do Prime (Programa de Incentivo à Modernização da Economia), as UAC’s (Unidades de Acompanhamento e Coordenação), que são estruturas que têm como objectivo essencial o acompanhamento e gestão de projectos de urbanismo comercial, embora, saliente-se a boa-fé que esteve na sua génese, a verdade é que esta medida legislativa mais não fez do que gerar pequenas “unidades associativas”, cuja eficácia a nível nacional é muito discutível. Para além da criação do “Gestor do Centro Urbano”, em que a lisura da sua nomeação fica muito aquém. Como é um lugar apetecível, com um vencimento muito acima da média, pensa-se que, no quase todo nacional, a sua nomeação tenha muito a ver com a sua cor e filiação partidária.
Uma das UAC’s mais conhecidas, nas grandes cidades, serão as Agências de Promoção que visam a revitalização do seu comércio tradicional.
Mas, e atalhe de foice, diga-se a propósito que o problema de excesso de representatividade não reside apenas nas associações empresariais. A nível sindical é o mesmo. Basta lembrar a representação dos professores, com uma Federação Nacional de Sindicatos (FNE), com cerca de 10 sindicatos, salvo erro, e ainda uma Federação Nacional de Professores (Femprof); lembremo-nos dos sindicatos da Polícia, salvo erro com 9, e por aí adiante.
Esta multiplicação da representatividade faz parte do povo, talvez porque não acredite na sua defesa intrínseca a nível de chefia única. Se por um lado existe uma desconfiança confirmada, por outro, também é verdade que as cúpulas, no caso as confederações, no seu desleixo, interesses próprios acima dos associados e, muitas vezes, conluio com o poder, contribuem para a instalação desse clima de falta de confiança.

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