quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

FIM DE VIDA DO ANO DE 2008






Hoje, dia 31 de Dezembro, é mesmo o fim do ano de 2008. Metaforicamente, pensemos que o tempo que agora acaba está em morte clínica. Os seus sinais vitais já não respondem. Nós, como amigos presentes na hora da despedida, estamos debruçados sobre o “ente” que está prestes a partir.
Muitos dos presentes no leito de morte, aparentemente pessimistas, com receio do que virá a suceder-lhe, parecem fazer tudo para reanimar os seus sinais vitais. Outros, mais realistas, como se tivessem mediunidade e, nos fluidos emergentes vissem o espírito do quase finado a flutuar por cima, querem acabar com este sofrimento depressa. Em surdina, clamam pela legalização da eutanásia. Outros ainda, estes como acusadores públicos, apregoam aos presentes que, à luz das convenções nacionais, pela desgraça criada, antes de morrer deveria ser julgado. Este 2008 deixou muita infelicidade e morte. Quantas pessoas, devido ao seu comportamento autista e insensível ao sofrimento, se suicidaram no país? Quanta dor causou na classe média-baixa? Tanta frustração espalhada ao longo do ano, sobretudo quando, por morte do antecedente 2007, deu a sensação de que iria ser muito melhor. E o que se viu? Dor, miséria e morte. Como político em campanha eleitoral, fez exactamente o contrário do que parecia auspiciar. Por isso, os justicialistas, mesmo no leito de morte deste acabado 2008, não lhe perdoam. Acham que, nestas circunstâncias, para este criminoso, a morte é o melhor que lhe pode acontecer. “Deverias padecer, maldito sejas ó 8 depois de 2000! Já que não podemos impedir a tua morte, ao menos, apodrece no inferno, ano do demo”, exclamam furibundos os desesperados de justiça.
Outros do imenso grupo, presentes na despedida do dois, zero, zero, oito, mais optimistas, tentam acalmar os pessimistas e os justicialistas, e, em tom paternalista, tentam convence-los de que vale a pena aguardar o próximo. “Quem sabe como será? –exclamam, aos gritos para serem ouvidos. “Deixemos morrer este em paz, e que o seu espírito não venha “encostar-se” ao vindouro. Tenhamos esperança no “novo” ano que vem aí”.
-Mas tu não ouves as notícias, ó optimista?, isto está muito mau! –interrompe um dos pessimistas.
-Claro que ouço, como todos vocês, mas, com este discurso negro apregoado e multiplicado até ao infinito, ainda me dá mais força para acreditar que estamos apenas a atravessar um deserto, e, como sabem, tudo é finito, logo, naturalmente, iremos encontrar um oásis para nos refrescarmos desta secura – replica o optimista.
-Eu gostava de ser como tu…”felizes, aqueles que acreditam”…-teima o pessimista –mas só se vê miséria em todo o lado…isto está muito mau! -(é interrompido pelo toque do telemóvel)-…estou, sim sou eu! Sim, claro que está combinado, vou sair dentro de uma hora (…) encontramo-nos no hall do hotel às 20 horas. Até logo.
Seguidamente, despede-se dos presentes com “um bom ano de 2009 para todos”.

Sem comentários: