terça-feira, 30 de dezembro de 2008

BAIXA: COMUNICADOS SUBVERSIVOS



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Lusitaniagás Ensulmeci
Galp energia esphera engenharia


AVISO

A Ensul Meci, S.A. ao serviço da Lusitaniagás, S.A., informa os estimados moradores e Comerciantes, que irá proceder à instalação da Rede de Gás Natural no Vosso arruamento.
Os trabalhos terão o seu início na semana de 05/01/2009 e fim previsto para 31/01/2009.

Agradecemos a Vossa compreensão, pedindo desculpas pelo incómodo causado.

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1-Hoje, de manhã, alguns comerciantes da Rua das Padeiras foram presenteados com comunicados (avisos) que mostro em cima. Com as dificuldades de tesouraria que todos sentem, e uma vez que a época de saldos começou no Domingo, a seu ver, nesta altura, estas obras, a começar agora, serão um verdadeiro atentado à permanência do comércio de rua. A indignação perpassava de boca em boca.
Olhando o comunicado, e conforme se pode verificar, no canto esquerdo, vêm identificados com o logótipo da Lusitaniagás e, no canto direito com a sigla da Ensulmeci.
Segundo este aviso, “A Ensul Meci, S.A. ao serviço da Lusitaniagás, S.A., informa os estimados moradores e comerciantes que irá proceder à instalação da Rede de Gás Natural no Vosso arruamento.
Os trabalhos terão o seu início na semana de 05/01/2009 e fim previsto para 31/01/2009”.
Começando pela forma de comunicação de A Ensul Meci –que, para além de se saber que é uma empresa subcontratada pela Lusitaniagás, ninguém sabe quem é-, esta empresa procede como se a Baixa fosse uma quinta de sua propriedade. Através do aviso é “o quero, posso e mando”. Segundo declarações do presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu, “ninguém me comunicou absolutamente nada. A junta não tem conhecimento de quaisquer trabalhos a efectuar na Baixa. Até porque, por lei, são obrigados a comunicar qualquer intervenção que se efectue no centro histórico à junta”.

2-Tendo saber informações, acerca do procedimento a adoptar, e uma vez que o comunicado não indicava qualquer número de telefone, liguei então para a Lusitaniagás para que, enquanto comerciante, legitimamente, me fossem prestados esclarecimentos. Segundo a funcionária desta empresa, “não poderia prestar quaisquer informações porque só a Galp Energia, em Lisboa, através do “apoio ao Cliente” o poderia fazer; depois de me ter facilitado o número de telefone, liguei então para Lisboa: “atendeu-me uma senhora e, amavelmente informou-me que “não senhor, dali não o poderia fazer, o melhore era ligar para Coimbra para a Loja do Cidadão, mas, como não tinha o número de telefone, o melhor era que eu ligasse para uma empresa em Coimbra, a Sotecnigás; depois de me dar o contacto, liguei então para esta empresa: o funcionário que me atendeu, um pouco surpreso, lá me foi dizendo que não sabia responder, quem o poderia fazer era “A Ensul Meci”, a tal firma subcontratada pela Lusitaniagás”. Nesse caso, pedi, por favor, dê-me o contacto. “Eu daria de bom grado, mas estão de férias. O melhor é o senhor voltar a ligar para a Lusitaniagás”; Voltei então a ligar a esta empresa e novamente a funcionária ratificou que o apoio ao cliente era em Lisboa, na Galp Energia; Voltei a ligar a esta empresa, já com outra funcionária, e após muita insistência, advogando o meu direito à informação, a senhora começou a pedir os meus dados. Às tantas perguntei quando me era enviada a informação? “isso não posso responder. Não sei!”;

3-Os comerciantes alarmados, para além de comunicarem aos jornais da cidade a atrocidade que estava prestes a ser cometida, contactaram a ACIC e a APBC, na pessoa do seu presidente, Armindo Gaspar, e o presidente da Junta de Freguesia de São Bartolomeu, Carlos Clemente.
Graças ao esforço conjunto, às 17,30, já se sabia que as obras tinham sido adiadas para depois de 15 de Fevereiro.
Saliento o bom desempenho das entidades envolvidas, mas muito particularmente do presidente da APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, e de Carlos Clemente, que estiveram muito bem e à altura das circunstâncias. É assim, deste modo pragmático, que os comerciantes esperam das entidades que os representam: rapidez e defesa absoluta dos seus direitos;

4-O calcetamento das ruas da Baixa foi feito em calçada portuguesa, há cerca de 8 anos, no âmbito do Procom (Programa de apoio à modernização do comércio). Foram gastos milhares e milhares de euros no embelezamento destas artérias. Admite-se que passado tão pouco tempo se esventre outra vez estas martirizadas ruas? Porque não foram deixadas condutas já para precaver o gás Natural?
Claro que isto acontece aqui porque somos um país rico e até nos podemos dar ao luxo de arranjar, estragar, arranjar estragar. Enfim!, um disparate, da qual já todos nos habituámos. Nem percebo o porquê desta minha admiração.

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