terça-feira, 20 de setembro de 2022

REUNIÃO DA CÂMARA MUNICIPAL: RELATO DE UMA SESSÃO ENLUTADA

 



se um dia destes chegar aqui e pedir apoio judiciário,

não se espantem”. Tratei aqui o anterior vencedor do concurso

do bar por “fulano” e, alegadamente, vai mover-me uma acção.

Chamar fulano, sujeito, a alguém não é insulto, justificou.


Seria mais uma sessão igual a outras no Salão Nobre da Câmara Municipal de Mealhada, não fora o ambiente carregado, pesaroso e até fúnebre que se adivinhava no rosto dos presentes – incluindo o busto da República.

O caso não era para menos, era Segunda-feira, dia das exéquias de Isabel II em funeral de Estado. Portugal e mais concretamente a Mealhada perdeu uma grande amiga. Diz-nos uma fonte bem informada do Palácio Buckinghan que a cidade do leitão estava sempre na cabeça da Rainha. Incessantemente, de dez em dez minutos, repetia: “um dia destes tenho de ir ao Pedro dos Leitões acompanhada de Rui Marqueiro, esse defensor da República, mas admirador secreto da Monarquia.

E vejam bem, coitada, sem conseguir realizar o último desejo, morreu tão nova! Quem é que ia adivinhar um desfecho destes a tão breve prazo?

Diz quem sabe, em presunção e na mais completa incerteza, que António Franco, o presidente da autarquia, estava inconsolável no período que antecedeu a abertura da reunião. Acrescenta ainda a minha fonte que o chefe da autarquia repetia sem parar: A Mealhada perdeu uma grande admiradora. E se ao menos eu lá estivesse no velório, juntamente com o Marcelo, ainda vá que não vá?!? No mínimo, deveríamos votar uma moção de pesar a título póstumo aqui na Câmara… Não me perdoo! Não me perdoo!


II


Bateram as nove badaladas no relógio da torre sineira da Igreja Matriz – naturalmente com som compassado, plangente, de choro, onde a tristeza parecia materializada, o que fez com que uma velhinha viesse à janela e, fazendo o sinal da cruz, murmurasse: “ai, valha-me Nosso Senhor! Grande tragédia aconteceu… Queira Deus que não fosse o Papa!?!”

António Franco, compondo a face e colocando uma expressão menos lúgubre, anunciou: “está aberta a sessão. Alguém quer tomar a palavra?

E tomou Gil Ferreira, para agradecer a todos, funcionários e empresa responsável pela organização, o empenho no Festival de Samba, realizado no Parque da Cidade.

E foi uma reunião a meia-haste.

Puxando a brasa à sua sardinha sobre as festas nas Termas, Franco sublinhou: “penso que os comerciantes do Luso sentiram a grande animação deste verão.

III


E entrou-se na Ordem do Dia.

Com Franco a dizer que vai abrir novo concurso para adjudicar o Bar da Alameda. Com uma renda mensal inicial de 350.00 euros – sujeito à melhor oferta -, por um prazo de três anos e renovável por mais cinco de ano a ano, o estabelecimento pode ser de quem o licitar.

Atalhou Marqueiro: “se um dia destes chegar aqui e pedir apoio judiciário, não se espantem”. Tratei aqui o anterior vencedor do concurso do bar por “fulano” e, alegadamente, vai mover-me uma acção. Chamar fulano, sujeito, a alguém não é insulto, justificou. 

E disse ser alheio a comunicados.


IV


Com um atraso em relação à hora regulamentar, intervieram dois residentes no Luso, pais de crianças, acerca do “mau funcionamento” do ATL. “Há 72 crianças para 2 auxiliares”, enfatizaram. Respondeu Franco que estão com dificuldades em contratar. O IEFP, Instituto de Emprego e Formação Profissional, enviou seis candidatos, mas desistiram, nenhum ficou.

A terminar em tema não inscrito na ordem de trabalhos, foi aflorado o atraso da Piscina Municipal. Foi afirmado por Franco que “a Piscina tem de abrir o mais rápido possível”. Tem vários problemas, desde o projecto da cobertura até ao inexistente plano contra incêndios. Mas vai resolver-se, rematou.


3 comentários:

Anónimo disse...

Caro António Quintans,
Deixe o humor para quem sabe fazer, o senhor escreve muito bem, mas no humor está a largos passos de ser um humorista razoável.
No entanto, continue a escrever, uma vez que o senhor faz melhor serviço público, que os órgãos de comunicação social do nosso concelho.
Saudações

Anónimo disse...

Olhe, pois não concordo consigo... Gosto bastante do humor do Sr. Quintans!!!! Continue!!!!

LUIS FERNANDES disse...

Muito obrigado aos dois comentadores, o que vê o copo meio-vazio e o que vê o copo meio-cheio.
Vou dar uma pequena explicação: escrevo, é certo, pela necessidade de intervir na vida pública - que, aliás, dificilmente me consigo desligar - mas, sobretudo e essencialmente, pelo prazer que retiro de uma qualquer crónica. Quase sempre me divirto, chegando até a rir à gargalhada, com o que plasmo. É óbvio que nem sempre emprego humor. Mas, se permitem a opinião, relatar um episódio institucional como é uma reunião de Câmara, se não tiver uma pitada de ironia, sátira e mordaz, a tocar o "escárnio e mal-dizer", digo eu, por ser um bocado chato, poucos lêem. Já agora, aproveitando o ensejo, peço desculpa a alguns eleitos citados que refiro amiúde. Gostava de lhes dizer que, sejam da maioria ou da oposição, gostando ou não gostando do seu desempenho, tenho o maior respeito pelo seu trabalho. Às vezes pode até parecer que tomei alguém de "ponta" mas não é verdade. Quer este blogue, quer as duas páginas no Facebook que administro estão sempre de portas escaqueiradas para quem pretender utilizar este espaço de informação (e divertimento). E quanto aos comentários a favor ou contra, desde que não sejam insultuosos, serão sempre aqui publicados. Naturalmente, não estou à espera de ser elogiado por obrigação. Façam o favor de opinar. Quanto a mim, enquanto não me doer a mão e tenha disponibilidade, tenham paciência, vão ter de me gramar. Bem-hajam.