sexta-feira, 30 de setembro de 2022

ASSEMBLEIA MUNICIPAL DA MEALHADA: O CASO DA NOITE

 



Era e devia ser uma sessão pacífica, ou não se estivesse sobre a protecção divina de todos os santos ali ao lado na Igreja Matriz. E se mais argumentos não houvesse, basta dizer que era a primeira reunião depois de férias, onde o bronzeado deveria ser a constância e menos a musculatura de agressividade. Mas, se as coisas dessem para o torto, também é certo que o posto da GNR dista menos de uma centena de metros.

A verdade é que, vá lá saber-se a razão, mesmo sem estarmos em presença física nesta última Quarta-feira no Cine-Teatro Messias, quem visionava a realização da Assembleia Municipal através de “streaming” pressentia no ar, ou melhor, no éter, uma certa tensão entre todos os presentes.

As razões poderiam ser várias e alegadas por vários deputados, desde a evocada falta de tratamento dos espaços verdes; a falta do provedor do município; a falta de professores na Mealhada; o custo de vida aumenta e o povo não aguenta; o abastecimento de água potável à Mealhada.

Ora, sejamos francos, são razões de mais para manter uma certa acalmia e, naturalmente, poderem irritar até o mais Franco de sobrenome, o presidente da autarquia António Jorge Franco.

E foi mesmo o que aconteceu, Franco “passou-se dos carretos” ao dirigir-se a João Cidra Duarte, presidente da Junta de Freguesia de Barcouço, sem filtro, afirmar de viva voz: “ o senhor João Cidra é mentiroso.

Como se sabe, é da boa ética republicana nunca chamar alguém de mentiroso. Para o apodo não ferir a alma do visado, é costume dizer “o senhor faltou à verdade: o senhor não contou os factos com clareza e veracidade”. Mas nunca, nunca mesmo se deve chamar mentiroso a alguém assim com esta destreza mental.

É certo que por três vezes o nosso prefeito – nesta altura menos perfeito – pediu desculpas ao visado, mas o mal estava feito. Por acaso, saliente-se, João Cidra mostrou-se calmo e, mesmo defendendo a honra ferida, manteve-se no seu lugar. Isto também, deu para ver, porque tinha o “rabo entalado” e, por momentos, pareceu que o nosso pretor urbano ia denunciar aos sete ventos de andarilho que Cidra, contra o que parecia, usava capachinho. Mas o incidente aparentemente ficou serenado.

É claro, sem querer ser especulativo nem espalhador de temor infundado, convém que António Franco se, nos próximos tempos, pretender ir a Barcouço o melhor mesmo é preparar-se para o pior. No mínimo, pode ser classificado como “persona non grata”.

Mas, também é verdade, pode ser que a coisa dê em nada, ou não fosse a actividade política o paradigma do parecer uma montanha e ser um grão de areia.

Quanto à inusitada saída do nosso maior representante no concelho, estou em condições de afirmar que, por detrás daquele irascível comportamento, algo incompreensível, estavam razões de foro pessoal, daquelas preocupações que só quem sofre sente e merecem a nossa solidariedade.

Portanto, presidente, nós eleitores perdoamos metade e o senhor João Cidra outra metade. Dêem lá um abraço e resolvam as questiúnculas com urgência, porque a vida está a passar depressa demais.


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