sábado, 3 de setembro de 2022

A FESTA DA VERGONHA OU A CAPA DO ENXOVALHO?

 



Começo com uma ressalva, não me sinto comunista (mas jamais serei "anti"), nem de perto, nem de longe, nem coisa que o valha. Compro à peça e não cegamente por atacado.

Já o escrevi aqui, cada pessoa, cada grupo, desde que subscrito por todos os componentes, à luz da Constituição da República e, acima de tudo, pelo princípio da Liberdade de expressão - que assenta mais no bom-senso e na preservação de algo que custou muito a conquistar do que na citada inviolável jurisprudência - tem o direito inegável de defender o indefensável - desde que o fundamente. E esta fundamentação, glosada como verdade, em parecer jurídico ou não, não tem que necessariamente ser crível ou aceite por outros - e muito menos esta verdade plausível, mesmo sendo martelada até ao infinito, que atinja o absoluto. Esta defesa pelo inverossímil entra no campo da polémica e do contraditório. Isto para dizer que alguns comunistas - atenção que nem todos dão o corpo pela mesma tese, logo não é geral nem comum entre todos - têm todo o direito de defender o seu ponto de vista. Mais que certo, mais tarde, num futuro próximo, quando estivermos senhores de todo o conhecimento entre agressor e agredido, é muito provável, avento, que vejamos as coisas de outro modo e as possamos discutir de outra maneira. É ponto assente, na dialética, rebatível com argumentação, que cada um tem o direito de manifestar a sua opinião, ainda que seja contrária à nossa forma de pensar, ou não? Se é, estamos conversados. Se não é, conversados estamos, mas, a ser assim, voltámos a um tempo em que só alguns têm saudade.

E agora vamos à capa do Jornal I(nevitável). Comecemos por analisar o que é e o desempenho de um jornal. E para isso nada melhor do que socorrer-nos da revista brasileira VEJA, 21 de Fevereiro de 2021.

Leia uma síntese de prestabilidade de um órgão de informação. O texto abaixo foi escrito pelo jornalista, poeta, escritor e ativista cultural Vanderlei dos Santos Catalão, mais conhecido como TT Catalão.
E,
escolhendo você mesmo, contraponha se o nosso jornal nacional cumpriu a sua função.


- Um jornal serve para servir. Servir principalmente a uma cidade, Estado, país.

-Um jornal, se for só papel, serve para cobrir o chão quando pintamos a casa ou embrulhar peixe no mercado.
-Um jornal, se for só negócio, serve apenas para crescer em lucros, máquinas e construções.
-Um jornal, se for mero símbolo, tradição e história, serve para discursos pomposos mas ocos de compromisso com a vida.
-Um jornal-grife funciona só para o marketing ou propaganda de empresa líder de mercados.

-Mas o que faz um jornal servir é algo além da mercadoria ou da imagem que projeta.

-Um jornal não tem senhores, domínios, posses ou possessões. Um jornal serve quando não é escravo até do próprio sucesso.
-Então para que serve mesmo um jornal
-Um jornal serve para publicar o que se fala, refletir o que se publica, aprofundar o que se opina sobre o publicado e ampliar todas as opiniões sobre o dito e o refletido.
-Um jornal serve para servir ao seu eixo principal de credibilidade: o leitor.
-Um jornal serve para ir além da notícia quando busca suas relações, seu contexto, bastidores, as circunstâncias que geraram o fato e até avaliar suas consequências.

-Um jornal serve para pensar. E ser pensado por gente livre. Um jornal não é administrado por máquinas servis. Um jornal serve quando desperta atitudes.
-Serve quando é veículo dos muitos meios, modos, culturas e linguagens componentes de uma sociedade.
-Serve e é estimulante e rico quando abriga as contradições e com elas convive. E só estará vivo e em intensa atividade se servir aos que o leem e o sustentam.
-Um jornal serve quando não teme. Nem o conflito natural das divergências nem o confronto acintoso com quem tenta intimidá-lo.
-Um jornal serve quando se expõe até a equívocos, mas extrai lições e busca avançar não permitindo que a prudência se confunda com o medo.
-Um jornal serve como serviço público, que é a definição mais básica de imprensa como instituição.
-Um jornal serve para reagir, para admitir e apontar erros, para estabelecer as linhas de diálogo com as representações organizadas de uma cidade. Serve também para o indivíduo que não adquiriu voz partidária, sindical ou até mesmo de classe tal a sua exclusão no convívio social.
-Um jornal serve para emocionar, dar prazer, informar por inúmeros suportes do fato além do texto, deleitar, entreter, indignar, comover e demonstrar que vive intensamente o seu tempo e a sua região.
-Um jornal não é só um amontoado de linhas, textos, fotos e traços.
-Um jornal serve quando se torna fundamental, preciso, precioso, indispensável para o que na verdade o mantém vivo: a credibilidade.

Em resumo, um jornal serve para servir!”

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