Começo com uma ressalva, não me sinto comunista (mas jamais serei "anti"), nem de perto, nem de longe, nem coisa que o valha. Compro à peça e não cegamente por atacado.
Já o escrevi aqui, cada pessoa, cada grupo, desde que subscrito por todos os componentes, à luz da Constituição da República e, acima de tudo, pelo princípio da Liberdade de expressão - que assenta mais no bom-senso e na preservação de algo que custou muito a conquistar do que na citada inviolável jurisprudência - tem o direito inegável de defender o indefensável - desde que o fundamente. E esta fundamentação, glosada como verdade, em parecer jurídico ou não, não tem que necessariamente ser crível ou aceite por outros - e muito menos esta verdade plausível, mesmo sendo martelada até ao infinito, que atinja o absoluto. Esta defesa pelo inverossímil entra no campo da polémica e do contraditório. Isto para dizer que alguns comunistas - atenção que nem todos dão o corpo pela mesma tese, logo não é geral nem comum entre todos - têm todo o direito de defender o seu ponto de vista. Mais que certo, mais tarde, num futuro próximo, quando estivermos senhores de todo o conhecimento entre agressor e agredido, é muito provável, avento, que vejamos as coisas de outro modo e as possamos discutir de outra maneira. É ponto assente, na dialética, rebatível com argumentação, que cada um tem o direito de manifestar a sua opinião, ainda que seja contrária à nossa forma de pensar, ou não? Se é, estamos conversados. Se não é, conversados estamos, mas, a ser assim, voltámos a um tempo em que só alguns têm saudade.
E agora vamos à capa do Jornal I(nevitável). Comecemos por analisar o que é e o desempenho de um jornal. E para isso nada melhor do que socorrer-nos da revista brasileira VEJA, 21 de Fevereiro de 2021.
Leia
uma síntese de
prestabilidade de um órgão de informação. O texto abaixo foi
escrito pelo jornalista, poeta, escritor e ativista cultural
Vanderlei dos Santos Catalão, mais conhecido como TT Catalão.
E,
escolhendo você mesmo,
contraponha se o nosso
jornal nacional cumpriu a sua função.
“- Um jornal serve para servir. Servir principalmente a uma cidade, Estado, país.
-Um
jornal, se for só papel, serve para cobrir o chão quando pintamos a
casa ou embrulhar peixe no mercado.
-Um jornal, se for só
negócio, serve apenas para crescer em lucros, máquinas e
construções.
-Um jornal, se for mero símbolo, tradição e
história, serve para discursos pomposos mas ocos de compromisso com
a vida.
-Um jornal-grife funciona só para o marketing ou
propaganda de empresa líder de mercados.
-Mas o que faz um jornal servir é algo além da mercadoria ou da imagem que projeta.
-Um
jornal não tem senhores, domínios, posses ou possessões. Um jornal
serve quando não é escravo até do próprio sucesso.
-Então
para que serve mesmo um jornal
-Um jornal serve para publicar o
que se fala, refletir o que se publica, aprofundar o que se opina
sobre o publicado e ampliar todas as opiniões sobre o dito e o
refletido.
-Um jornal serve para servir ao seu eixo principal
de credibilidade: o leitor.
-Um jornal serve para ir além da
notícia quando busca suas relações, seu contexto, bastidores, as
circunstâncias que geraram o fato e até avaliar suas consequências.
-Um
jornal serve para pensar. E ser pensado por gente livre. Um jornal
não é administrado por máquinas servis. Um jornal serve quando
desperta atitudes.
-Serve quando é veículo dos muitos meios,
modos, culturas e linguagens componentes de uma sociedade.
-Serve
e é estimulante e rico quando abriga as contradições e com elas
convive. E só estará vivo e em intensa atividade se servir aos que
o leem e o sustentam.
-Um jornal serve quando não teme. Nem o
conflito natural das divergências nem o confronto acintoso com quem
tenta intimidá-lo.
-Um jornal serve quando se expõe até a
equívocos, mas extrai lições e busca avançar não permitindo que
a prudência se confunda com o medo.
-Um jornal serve como
serviço público, que é a definição mais básica de imprensa como
instituição.
-Um jornal serve para reagir, para admitir e
apontar erros, para estabelecer as linhas de diálogo com as
representações organizadas de uma cidade. Serve também para o
indivíduo que não adquiriu voz partidária, sindical ou até mesmo
de classe tal a sua exclusão no convívio social.
-Um jornal
serve para emocionar, dar prazer, informar por inúmeros suportes do
fato além do texto, deleitar, entreter, indignar, comover e
demonstrar que vive intensamente o seu tempo e a sua região.
-Um
jornal não é só um amontoado de linhas, textos, fotos e traços.
-Um jornal serve quando se torna fundamental, preciso,
precioso, indispensável para o que na verdade o mantém vivo: a
credibilidade.
Em resumo, um jornal serve para servir!”
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