sábado, 10 de setembro de 2022

MEALHADA: A(S) CARTA(S) DO FUTURO

(imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



Foi na última reunião de Câmara Municipal que tomámos conhecimento da aprovação do plano para a “Estratégia Local de Habitação” (ELH), que prevê um investimento de 68 milhões de euros em intervenções em bairros sociais ou apoios a particulares para recuperação de casas degradadas, entre outras medidas.

O documento, votado favoravelmente por unanimidade em reunião do executivo municipal, tem um horizonte temporal até 2026 e segue agora para a Assembleia Municipal, para aprovação final, sustentou a autarquia da Mealhada”, citando a Agência Lusa.


QUE CIDADE/CONCELHO QUEREMOS?


Podemos colocar a pergunta assim mesmo: que cidade/concelho queremos para viver na próxima década?

Ressalvo que, para meu desconhecimento e se calhar de muitos, está plasmado na página institucional da Câmara Municipal, na Internet, o Plano de ação estratégico do Município da Mealhada (PAEM), de 2017, e que abarca o período temporal de 2014-2020.

Embora o consultasse transversalmente, parece-me um documento importante para sabermos como somos, quantos somos e o que valemos no todo nacional. Porém, como se imagina, está completamente desactualizado.

E então, parece-me ser altura de se pensar em fazer substituir aquele documento por um mais actual.

Não coloco de fora que a sua realização, tal como a anterior, seja feita por uma empresa especializada mas, digo eu, é preciso envolver mais os cidadãos na feitura desta carta estratégica, isto para envolver os munícipes nos problemas e ao mesmo tempo para os responsabilizar nas soluções. Se não for assim, se só preconizar uma empresa do sector, parece-me, as pessoas, por desinteresse, tornam-se alheadas e não procuram saber de mais nada.

O futuro das cidades e suas regiões associadas passam cada vez mais por governos locais que, entre o executivo eleito e os munícipes, recorrem a “concursos de ideias”, debate amiúde na discussão e partilha daquilo que se quer para o lugar onde se vive e será, porventura, bom para a maioria – nunca será para todos, como sabemos.

Queremos uma cidade grande, apinhada de gente, onde se concentram todos os serviços e é o centro de emprego mais próximo? Ou, pelo contrário, queremos uma cidade pacata, onde todos se conhecem e cumprimentam no dia-a-dia, com serviços descentralizados pelas aldeias em redor, e transformando estes dormitórios em lugares de sonho, com, por haver trabalho nestes lugares por agora esquecidos, partida e chegada diária sem sair do mesmo sítio?

Queremos uma cidade sem carros no seu miolo? O que pensa disso o comerciante?

Queremos alterar, ou não, esta relação subserviente do grande castelo senhorial, onde vive o rei, para com os pequenos feudos? Temos de ser capazes de fazer das povoações uma projecção braçal da urbe e, de uma vez por todas, evitar o “ensanduichamentodo centro da cidade da Mealhada, como vai acontecer ainda mais com a abertura das médias superfícies ao logo do IC2 – já era assim, por força da concentração de restaurantes, agora fica pior. De um lado, num grande corredor, todas as médias superfícies comerciais e os grande restaurantes, do outro, a linha de Caminho-de-ferro e o novo Mercado Municipal e no meio, esticadinhos e escanzelados, sem forças para respirar, os pequenos negócios, que, inevitavelmente, irão ser cada vez mais pobres, a prazo curto, por forças das circunstâncias.

Vale a pena pensar nisto?

 

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