segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

VAI REABRIR O HOTEL MONDEGO E...





O Angola, um mítico café da Baixa, com cerca de sete décadas de existência no Largo das Ameias, vai fechar em 30 de Março. O que está por detrás deste encerramento é o facto de estar inserido no mesmo edifício do antigo Hotel Mondego, que está desactivado da hotelaria há cerca de uma dezena e meia de anos, e agora, num retorno anunciado pelo boom turístico, vai voltar às mesmas lides que o tornou célebre durante quase oito décadas. A área correspondente ao hotel foi arrendada há cerca de uma dúzia de anos aos móveis Okapi, com sede na estrada nacional 111, junto à Cidreira.
Segundo o testemunho de quem sabe e não quer identificar-se, o projecto de transformar todo o espaço em unidade hoteleira para dormidas, incluindo o do café Angola e móveis Okapi, é da responsabilidade do(s) seu(s) proprietário(s) -embora o meu depoente jure a pés juntos ser assim, há rumores a circularem por entre becos e ruelas que a compra do prédio foi efectivada por um conhecido hoteleiro com interesses na Baixa. É verdade? É mentira? Não se sabe, mas também, para o caso, não interessa nada. O que se sabe chega para informação. Borbulhando de efervescência, é a cidade, na sua dinâmica natural, a alterar o seu lineamento. Quem pode, se tem meios e quer, faz. É este poder impositivo, aliando à decisão da vontade a um legítimo interesse egoísta, que faz modificar a paisagem da cidade.
Numa eterna discussão entre o estar, presente, e o ser, futuro, para uns, os protectores do situacionismo, que naturalmente não estão dentro da problemática económica do caso em apreço, tudo deveria continuar igual. Para quem defende esta teoria, a urbe do ponto de vista histórico deveria manter a sua fisionomia, com os seus negócios a continuarem a atravessarem o bucolismo do tempo. Para outros, mais desligados da problemática existencial, que defendem o camartelo como instrumento de progresso, é simplesmente a ordem natural das coisas. Quem tem razão? Se calhar ambos. Embora mal nos apercebamos, porque parece que está sempre tudo igual para pior, sendo justos, a verdade é que a natureza das coisas mostra-nos que tudo se transforma, e, por muito que custe, é quase impossível impedir -basta visionarmos uma paisagem urbana e compará-la com uma fotografia com vinte anos para vermos que a transfiguração é enorme. Na rectaguarda desta metamorfose está sempre a economia. That's life! É a vida!

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