segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

BAIXA: O CORTEZ JÁ PODE TOCAR E CANTAR






Cerca das 14h30 de hoje, das mãos de Elsa Rajado, uma senhora leitora que respondeu a um apelo lançado no blogue, o Luís Cortez estava a receber um pequeno órgão. Segundo as palavras da benemérita, “este órgão foi usado pelo meu filho. Estava arrumado. Penso que agora, com uma nova utilidade, cumpre muito bem a função que lhe destinei”.
Repetindo outras ocasiões em que aconteceu o mesmo, a partir daquele momento, o Luís Cortez pode continuar a exercer o seu trabalho artístico junto à Igreja de Santa Cruz e assim contar com um complemento financeiro que lhe permita fazer face às suas despesas -e também beber uns copos, porque a vida, sendo composta de variáveis opcionais, é feita de tudo isso. Aos olhos de uns, chamemos-lhe puristas, quem vive em função da caridade alheia deveria ter um comportamento moral e ético de acordo com a proporcionalidade angelical ou santificada. Para outros, mais tolerantes com o pecado e o desvio, aceitam que estas pessoas, diferentes entre diferentes, com virtudes e defeitos, são feitas da mesma massa que qualquer um de nós.
Como já escrevi anteriormente, as duas formas de avaliação estão correctas. São opiniões e valem o que valem. Consoante a argumentação contra ou a favor, com a mesma equidade será relevado o ponto de vista de um e de outro sem que qualquer deles, em superioridade moral, prevaleça. Porém, há uma obrigação nesta dialética: respeitar quem discorda da nossa forma de pensar. Acho que arrogar-se no direito de insultar, fazendo uso de achincalhar, recorrendo a infâmia familiar, como foi o caso de alguns comentários recebidos, não está certo e deveria fazer-nos pensar.
Não somos todos iguais porque temos o diferente para nos mostrar isso mesmo. Quero dizer que é a diversidade na Natureza que nos enriquece e não o contrário. O mundo não é perfeito, bem sabemos, mas se fosse estaríamos melhor? Já se imaginou gostarmos todos do amarelo -recorrendo a um conhecido anúncio publicitário televisivo? A última experiência sobre a possibilidade de se melhorar a espécie humana, eliminando os impuros, cegos e outros deficientes motores e de conhecimento, redundou numa enormíssima tragédia histórica, entre 1939 até 1945, na matança de cerca de treze milhões de mortos no Campo de Concentração de Auschwitz, no chamado processo Eugenia, levado a cabo por Hitler durante o período da Segunda Guerra Mundial.
Há ainda um acrescento, ao escrever isto, não quer dizer que sejamos obrigados a gostar de todos: brancos, pretos, amarelos e vermelhos. Nada disso! Enquanto filhos da Natureza, estamos é todos obrigados a respeitar a existência de cada um desde que cada qual não infrinja as leis reguladoras da sociedade, costume e lei escrita, e no seu direito a coexistir não interfira com o nosso. Seguindo o chamado Humanismo Cristão, devemos ser tolerantes com o próximo, perdoando para sermos perdoados, e aceitar as suas diferenças.
É uma conversa chata, não é? Admito. Por isso mesmo, neste respeitante ao humanismo, fico-me por aqui.
Voltando ao Luís Cortez, à senhora Elsa Rajado e a outros leitores que se disponibilizaram para ajudar, em nome de todos aqueles que acreditam que o bem-fazer sem olhar a quem ilumina a alma, muito obrigado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Conhece essa senhora e é despojada desses laivos de moralista representante da sociedade. Grande mulher e cada um faz o que quer e o que pode. Muito obrigada por ter lançado o repto.