terça-feira, 30 de janeiro de 2018

A ADELAIDE ESTÁ PARA AS CURVAS





Depois de muitas décadas na Praça 8 de Maio a vender castanhas, amendoins, pistáchios, pinhoadas e tremoços, depois de duas intervenções cirúrgicas e uns meses no estaleiro de uma unidade de acompanhamento e prestes a comemorar o 94º aniversário -será no próximo 12 de Março-, a mulher mais querida do Centro Histórico está para as curvas. Embora um pouco surda e a ver mal, Maria Adelaide, que baptizei como a última tremoceira, agora a repousar na sua casa, “a minha casinha” segundo as suas palavras, na Rua Corpo de Deus, está muito feliz. Acompanhada de perto pela filha e genro, está a ser muito bem tratada, “nada me falta”, confidencia.Tem muita saudade de vender na rua: “ai se eu pudesse! Se as minhas pernas me deixassem... Outro galo cantaria!”, enfatiza com aquele rosto fino e de olhos brilhantes e argutos.
Sentada por baixo de um quadro oferecido por nós em homenagem por fazer parte da galeria de "Rostos Nossos (des)Conhecidos", uma iniciativa nossa para que a memória não se pague e relembre a passagem de imensas figuras típicas que, durante invernos friorentos e verões acalentados, nos fizeram companhia na Baixa e, com a sua presença e à sua maneira, contribuíram para tornar os nossos dias menos cinzentos e sempre iguais.
Na despedida da nossa visita, atirou: “em meu nome, mande lá um beijinho para todos e diga que estou muito bem!

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