sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

DAR À LUZ EM TEMPO DE CRISE




 Eram para aí 18 horas, estava o “Conquistador” a preparar-se para se deitar a "chonar" na igreja de Santa Cruz, quando “papá” Barbosa, acompanhado do “tio Providência”, irrompe na sala de partos, no átrio camarário, com um grande sorriso nos lábios. Cumprimenta um, cumprimenta outro –tudo pessoal do instantâneo-, arregaça os braços, posa para a fotografia que o há-de conduzir à posteridade, e põe as mãos na coisa. Não houve choro de bebé, mas ali mesmo, naquele lugar sagrado –tendo em atenção a proximidade do presépio-, deu-se à luz.
O Chico engraxador, que por acaso é cego de um olho e até já estava com a “porca no focinho”, ora olhava para a Rua da Sofia, completamente às escuras, ora para a Visconde da Luz, completamente iluminada, e parecia nem querer acreditar que o meia-luz era mesmo assim. De vez em quando batia na cabeça, assim como se tentasse limpar os vapores etílicos, mas a Rua do Pobre e a Rua do Ricos lá continuavam bipolares, como quem diz, bi-horário. Numa era dia, noutra era noite de breu.
Verdadeiramente o chato nem foi este muro invisível entre o leste e o ocidente, o aborrecido foi que Barbosa, um pai que se adivinhava feliz –sim, porque nos tempos que correm quem pode dar à luz?- não ofereceu um croquete, um rissol, um copo de tinto ali no “mija-cão”. Está certo isto? Não. Está profundamente errado. Podem até chamar ao acto de festejar com uma mesa de guloseimas uma “corrupçãozinha”, mas isso são bocas inimigas do povo reaccionário. É preciso ter na mão quem escreve. É ou não é? E como é que se apanham? Só há duas formas rápidas de o conseguir. Uma delas seria, por exemplo, atirar ao ar uns maços de notas de 20 euros –mas claro que, tendo em conta o momento, é difícil. Outra, seria uma mesa com comida farta e muito vinho a rodos. Estou convencido que o Barbosa não está a ser assessorado como deve ser. Não gosto de candidatar ninguém, mas acho que sei quem é que devia estar ao seu lado a aconselhá-lo. É certo que não sei se a pessoa que me refiro aceitaria, mas, sei lá…
Porra!, não é todos os dias que se dá à luz! É ou não é? 

1 comentário:

Jorge Neves disse...

Sr.º Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, queria fazer-lhe um pedido, pessoalmente nada tenho a ganhar com o mesmo, pois não sou comerciante mas gosto muito da baixa da nossa cidade. Com um gesto simbólico da Autarquia mas grande para o comércio tradicional e para quem gosta de fazer compras no mesmo, nesta época de Natal podia suspender o pagamento do estacionamento na baixa, todos ficávamos a ganhar.
Pense no pedido o Natal está mesmo à porta!