sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

AI, SENHOR!! O QUE É QUE SE HÁ-DE FAZER A ESTA GENTE?



 A Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) está a organizar um jantar de Natal para comerciantes e funcionários –associados e outros. Embora se reconheça que foi em cima do joelho que se pensou neste convívio, tal “entrave” não é da sua responsabilidade. Foi um associado que, perante um jantar da Rua das Padeiras, na semana passada, deu a ideia de se preparar um encontro alargado a todos. Mesmo assim, ontem, Quinta-Feira, o Diário de Coimbra, em notícia, fazia referência ao evento.
Seria de supor que, tendo em conta o momento de entre várias crises e salientando a social, as pessoas, numa altura em que cada um chora para seu lado o seu fado desgraçadinho, fizessem um esforço para estarem juntas. Até porque, e não querendo ser drástico ou dramático, em boa verdade, não se sabe quantos de nós estaremos cá daqui a um ano a exercer a actividade. O momento que o comércio de rua atravessa é realmente pungente. Para além disso, e este é um facto indiscutível, existencialmente, estamos mesmo a prazo, não se sabe quantos de nós, fisicamente, estaremos cá para o ano com vida e saúde. Isto para dizer que há várias razões para os comerciantes, mesmo fazendo um pequeno esforço financeiro, se juntarem num simples jantar de Natal.
Tendo em conta que só a Rua das Padeiras juntou 25 pessoas, então, será de supor que muitas dezenas, senão centenas estarão presentes amanhã no Salão Brazil. Será assim?
Antes de dizer o número de inscrições, para reflexão, vou contar a minha experiência. Apesar de alguns associados da APBC já terem sido contactados pela funcionária Ana, e porque nem todos têm vínculo à agência, hoje, durante cerca de duas horas, dei a volta a quase todos os estabelecimentos nestas ruas estreitas e, sempre que estivesse presente, falei com o proprietário. Por uma questão de análise, vou tentar retratar o quadro:
-Bom dia. Passou bem? Já sabe que amanhã vai haver um jantar-convívio para comerciantes e funcionários no Salão Brazil e organizado pela APBC? Ontem veio no Diário de Coimbra, não sei se leu. O custo é 10 euros por pessoa. Quer participar?
- (começa por olhar para mim da mesma forma que se olha para o cobrador de impostos)… hã?... amanhã? Que dia é amanhã?... Hã?... Ai, não posso! Já tenho um jantar marcado lá na terra!
Outro tipo de resposta comum que recebi: “… Hã?... Jantar?...Hã… eu não alinho nisso. Jantaradas não é comigo. Não gosto!”
Outro ainda: “… hã? Jantar de quê…? Hã?... não… não posso… sou diabético!”
E mais um: “… O quê? ... Jantar? … Quando? … Amanhã?... Que dia é amanhã? Sábado? Ah… é muito em cima. Já tenho coisas marcadas!”
E já agora só mais outro: “… Quê? Jantar?... Oh… isso serve para quê? Isso não serve para nada. Se fosse para resolver os nossos problemas…?!”
Bom, sejamos honestos, “desgraçadas” das funcionárias da APBC, que andam sempre a fazer o que eu fiz. Quem é que aguenta falar e tentar um diálogo construtivo com esta gente? O que apetece é mandá-los dar uma volta ao bilhar grande. Com comerciantes assim, não admira que o comércio não tenha qualquer força e esteja moribundo como está. A culpa pode ser de vários factores externos, mas um deles, mais que certo, é a falta de envolvimento dos operadores. Enfim, este é o quadro, quase genérico, dos comerciantes da Baixa.
Ah… é verdade! Quer saber quantas pessoas inscritas há para amanhã? … 20 pessoas ousaram sacrificar 10 euros para estarem juntas. Não é por nada, mas se eu riscasse alguma coisa na APBC, arranjava umas medalhas –nem que fosse de cortiça- para notabilizar esta vintena de pessoas. Tenho a certeza de que são fora do comum. Têm de ser especiais. É impossível fazerem parte dos restantes que enunciei. Haja Deus! Há sempre alguém que se salva!



3 comentários:

Jorge Neves disse...

Amigo Luís, já sabe que sou frontal, às vezes até de mais, mas não querendo generalizar, vou exteriorizar o que penso, gostem ou não gostem.

A maioria dos comerciantes, ressalvo, mesmo a maioria dos comerciantes têm o que merecem, querem que os outros “trabalhem” por eles e ainda pensam que são eles que mandam no mercado, mas estão enganados, quem manda no mercado são os consumidores.
Este jantar serviria para alem de socializarem e fraternizarem uns com outros, para exporem informalmente os seus problemas, apresentar soluções e aproveitavam um pouco de publicidade gratuita aos seus estabelecimentos.

Lurdes Pedroso disse...

Sou uma leitora assídua do seu blogue e atenta ao que se passa com o comércio tradicional de Coimbra.
Ao que relata só quero expressar a minha indignação.
Os empresários da baixa de Coimbra, na sua maioria, não querem absolutamente nada.Uns estão de mala aviada, já deu o que tinha a dar-lhes, os outros são contra o associativismo, porque isso é coisa que os vai prejudicar (dizem eles) e os resistentes são uma minoria. É lamentável que nesta cidade as instituições existentes não tenham um pingo de vergonha para o que se passa no comércio tradicional.
Isto já é velho. A Coimbra dos doutores sempre esteve virada de costas para a cidade.

LUIS FERNANDES disse...

Obrigado ao Jorge, obrigado à Lurdes Pedroso pelos comentários. Nem preciso dizer o quanto estimo que sejam meus "clientes". Muito agradecido, sinceramente.
Bom fim-de-semana.