Pomba branca do meu relaxar,
imagem do meu tempo guardado,
dá-me a tua serenidade, o teu voar,
quero fazer parte do teu reino encantado;
Mostra-me o teu segredo, ave branca,
conta-me a razão da tua tranquilidade,
que força é essa, a tua, que te alavanca,
faz de ti anjo da paz, estrela de saudade?
Porque me olhas, pomba branca, nesse olhar,
onde cabe tudo, a indecisão, até a firmeza,
chego a confundir-te com o impulso do mar,
porque sou indeciso e tu mostras tanta certeza?
Contentas-te com tão pouco, pomba do meu sonhar,
modelo desejado da guerra além-fronteira,
parece quereres apenas uma carícia de afagar,
eu com tanto, tu tão pouco, és uma bandeira;
Quem me dera, pomba branca, ter a tua felicidade,
com toda a minha riqueza não a consigo comprar,
vivo preocupado, enredado no meu ter, em ansiedade,
tu, sem nada, vives feliz, mal dá para acreditar;
Quem te deu esse querer tão pouco e nada querer,
Foi Deus? Conta-me quem foi. Seria a Natureza?
Qual a razão de não te dando nada, deu-te um viver
plácido, rio de águas mansas, calmo, tanta pureza?
És uma lição para mim, para toda a humanidade,
andamos enganados à procura do vazio, do nada,
a vasculhar na ambição, no frémito da insanidade,
e tu, pomba branca, pareces sorrir desta cambada.
2 comentários:
Tive o prazer de o acompanhar neste magnifico momento.A "sacana" da pombra era mesmo fotogenica, ou estaria ali para o contemplar pelo seu aniversário!
Obrigado, Jorge. É verdade sim, a pomba parecia estar a bater-se à foto...
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