segunda-feira, 9 de agosto de 2010

ENCERROU A ÚLTIMA LOJA DE FARDAS MILITARES DA CIDADE





 Não se sabe muito bem, mas, segundo os vizinhos, a história da loja de fardas e bonés da Rua Martins de Carvalho, mais conhecida por figueirinhas, que começa junto ao café Santa Cruz e vai até ao Mercado Municipal, confunde-se com o “Conimbricense”, jornal de Coimbra -que viu a luz em 1847, aqui- e que, pelo nome do fundador, deu origem à toponímia da rua.
Esta histórica loja encerrou no passado dia 31 de Julho. Segundo um vizinho  comerciante que pediu o anonimato, “é uma pena esta casa ter fechado. É uma dor que sinto aqui no peito” –pareceu-me ter visto uma lágrima a balouçar. “Esta loja era uma embaixada cultural. Faz falta à rua, à Baixa, à cidade e ao distrito. Ainda não pareço estar em mim quando penso que encerraram um estabelecimento tradicional destes! O prédio está muito degradado, sabe? É claro que tem de se ter em conta que os dois empregados que davam alma à loja já tinham mais de 70 anos. Eles trabalhavam com tudo o que usava farda: GNR, PSP, etc. Ainda ontem aí esteve um agente a perguntar também a razão do encerramento. Que pena, senhor! Eles confeccionavam quase tudo –naquelas máquinas Singer, antigas, está a ver? O problema é que nunca quiseram ensinar ninguém. Já viu? Então, diga-me lá, alguém terá o direito de levar para a cova um conhecimento perpassado por outro, anteriormente? É preciso ser muito egoísta –bom, também não quero ser injusto…se calhar, também ninguém quis aprender…sei lá! Nos tempos que correm tudo é possível!”.
Prosseguindo no relato de um vizinho, “provavelmente a gerente da loja –que ainda é nova-, não esteve para se chatear. Ela era simplesmente arrendatária, e sabe como é: as coisas estão más, mas, neste caso, não era por falta de clientela. Não houve foi vontade de compor a cobertura. Preferiu perder tudo. Enfim, escolhas que temos de respeitar.
O que sei é que a loja encerrou porque o prédio ameaça ruína. Até creio que esteve aí a Protecção Civil. Isto é uma miséria, meu amigo, ver a Baixa a cair todos os dias desta maneira. É triste…sabe?”, depoimento de um comerciante da Rua Martins de Carvalho.

3 comentários:

Jorge Neves disse...

Mais um simbolo do comercio que desaparece.

Sónia da Veiga disse...

Infelizmente, nem sempre se tem as opções todas que se gostaria...

Mas que é triste ver uma PME com história e potencial (por ter um nicho de mercado "garantido") baixar os braços e mais uma loja da Baixa fechar... lá isso é!

Se isto continua assim, o Luís terá que mudar o título do blog para "Obituário da Baixinha"... :(
Mas não deixe de reportar, porque pode ser que consiga abrir os olhos a quem de direito e as almas se unam onde os bolsos causam ruptura...

LUIS FERNANDES disse...

Obrigado ao Jorge e à Sónia por terem comentado.
Abraço