(IMAGEM DA WEB)
O proprietário do pequeno café onde, logo de manhã, diariamente, tomo a “bica” é uma pessoa contida. Pelo que me apercebo, desde que me deu para o avaliar há um certo tempo, é um pouco tristonho, sorri pouco, assim a cair no pessimista. Ser optimista ou o contrário não se escolhe: é-se assim e mais nada. Provavelmente já nasceremos a balouçar entre os dois. Depois, com o crescimento e os pontapés no traseiro que apanhamos, se calhar, porque teremos de escolher um, optamos por um dos estádios, ou, quem sabe, dividimo-nos por entre os dois.
Gosto deste homem, é uma pessoa confiável. Nos últimos tempos, tenho reparado que apesar de indicar ter alguma apreensão em relação ao futuro, parece ainda mais ensimesmado, mais metido consigo mesmo. Quase de certeza que o seu estado anímico estará directamente relacionado com o movimento de clientes que a entrar serão menos. Há cerca de tês anos, neste pequeno e encantador bar, trabalhavam aqui quatro pessoas. Aos poucos, o movimento foi decaindo para três…dois, sendo o dono e uma empregada. Há cerca de dois meses a única empregada “foi-se” e o dono do café ficou mais só do que nunca: completamente sozinho.
Todos os dias, quando entro no pequeno estabelecimento, dou dois cumprimentos. Um para quem está, para os clientes, e outro para o proprietário: “bom dia, então? Como é que estamos hoje?”.
Ao cumprimento de hoje, respondeu: “mal, muito mal. Desde que encerrou o tráfego da Estação Nova, o movimento aqui caiu a pique. Aí, a passar na rua, são muito menos pessoas. Já viu que se levarem a construção do Metro para a frente –que implica a desactivação da Estação Nova-, a Baixa, pode estar perante um cenário como o que estamos a constatar neste momento?”.
Então –interrogo-, e não será pelo facto de estamos em férias? “Qual quê? Senti este corte abrupto logo no dia a seguir à interrupção dos comboios entre Coimbra A e Coimbra B”, respondeu-me com grande convicção.
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