terça-feira, 3 de agosto de 2010

BOM DIA PESSOAL...


(IMAGEM DA WEB)








 Ora vivam, então, como é que estão? Parecem um bocado para o “molengos”…ou é impressão minha? Bom, a ser assim, é da “caloraça”, embora que hoje, por acaso, até está mais “frescote”…quer dizer, para aí uns 35 graus Célsius. Isto, comparando com os 40 de há dias, até parece uma brincadeira de criança.
 A verdade é que eu estou na mesma, “fosca-se”, não me apetece fazer nada. Até escrever me custa. Palavra. Para construir uma frase é mais penoso que erigir um muro em pedra. As palavras não saem, as vírgulas andam para aqui à estalada umas com as outras, parece quase “uma casa portuguesa, com certeza”. O discurso não flutua, não sei se estou a ser claro: é como uma pessoa viver com outra, mas não se entendem. Em vez de haver uma partilha constante de emoções, assim como linhas perpendiculares que se atravessam, não senhor, nunca deixam de ser paralelas, jamais se tocam. Vivem juntos para toda a vida e caminham até ao fim dos dias, mas não deixarão de ser dois estranhos. Assim, tipo, duas vias-férreas de comboio: muito direitinhas, sempre juntinhas uma à outra, tão certinhas e atinadas, um exemplo para todas as restantes. Só que, para quem souber apreciar o comportamento ferroviário, aquelas duas linhas, mesmo quase a tocar-se estendendo um olhar, em todas as situações, caminham sós, num estertor de solidão que até faz partir o coração à mais fria carruagem do século XIX.
 Bom, sinceramente, não sei muito bem porque é que entrei numa metáfora de comboios. Podia ser outra coisa qualquer. O que eu queria mesmo era escrever qualquer coisa com graça –tenho um amigo, e crítico chegado, que me diz que ando a escrever coisas muito tristes e ensimesmadas. Acho que até tem razão, o problema é o tema. Onde é que eu vou descobrir qualquer coisa que dê vontade de rir?
É pá, não é por nada, mas, por aqui, o que é que dá vontade de rir? Já que falei em comboios, basta lembrar-me da linha da Lousã para ficar mais triste que a noite. Só pensar que, em nome do projecto Metro Ligeiro de Superfície, foi desmantelada, e com esta desactivação remeteram milhares de pessoas dos distritos vizinhos de Coimbra, que são obrigadas a deslocar-se diariamente, para viagens de autocarro, como é que uma pessoa ri? Mais: quando se lê nos jornais o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, afirmar que se a terceira ponte sobre o Tejo for avante não aceitará a não ampliação da linha do Metro da cidade dos Clérigos.
Em metáfora, perante os livres desígnios arbitrários destas duas metrópoles, um cidadão de uma cidadela pequenina como Coimbra sente-se como se estivesse no meio de dois gigantes que jogam à bola. Só apanha mesmo o esférico se der uma grande dor de barriga a um deles ou então se lhe der uma mordidela numa das canelas. Caso contrário, o “citoyen”, como se estivesse a jogar bolei de praia, enquanto a bola passa por cima da cabeça, ora olha para um lado, ora segue a bola para o outro, e vê-a passar. E, diga-me lá, poderá um indivíduo, perante o desplante desrespeitoso dos nossos políticos, que gerem o país como se estivessem a jogar pingue-pongue entre as duas maiores cidades portuguesas, entender as suas decisões nas Grandes Opções do Plano –a estrutura do planeamento económico e social do pais-? Alguém duvida de que de facto, perante este exemplo, o que conta na geografia nacional é Lisboa e Porto e o resto é paisagem?
 Bem sei que seria suposto eu escrever qualquer coisa com graça. Mas que graça? Onde é que se encontra vontade de rir nesta nação? Só se for pelas azelhices…que por serem tantas, uma pessoa começa a ficar imunizado a tantos pontapés no traseiro, e, como louquinho, começa rir, a bom rir, de tanta asneira.
Vejam agora o folhetim “Freeport”. Não sei se o primeiro-ministro esteve ou não envolvido. Não sou daqueles que embarca no navio da condenação porque é bonito e a viagem é oferecida. Nada disso. Não há viagens grátis, como diria alguém, e se hoje é ele amanhã será outro. Como cidadão anónimo, votante desde a primeira eleição, interessa-me a conclusão do processo de inquérito. Ao sistema judicial o que é jurídico. A cada macaco seu galho…não sei mesmo se estou a conseguir ser claro!
 Passados cerca de cinco anos o que vêm dizer os dois procuradores do Ministério Público? Simplesmente que o cidadão José Sócrates não é acusado materialmente, mas, por falta de tempo, imposto por uma data ordenada por uma procuradora, não foi ouvido. Ou seja: formalmente, a cair no informal, pelos comentários aduzidos ao processo, ele é condenado a arrastar-se pelos labirintos da suspeição. Mais ainda e para sublinhar: as perguntas que lhe deveriam ter sido formuladas estão lá na certidão de arquivamento. Uma pessoa –refiro-me a mim- que já é um bocado estúpida de nascença, perante isto, sente-se pior que o jumento do “Zé da aldraba”.
A seguir vem a mesma procuradora, a mesma que impôs prazo de conclusão, dizer que o processo pode ser reaberto.
Depois, a determinada altura, vem o Procurador-geral da República jogar pingue-pongue com o Conselho Superior do Ministério Público, onde este órgão superior é presidido precisamente por ele mesmo. Como se fosse pouco, ainda vem acusar o Sindicato dos Magistrados do MP de "actuar como um pequeno partido político".
Ai, mãezinha! Onde é que eu estou? Tirem-me daqui depressa que me falta o ar e eu sofro de claustrofobia.
Agora é o Bastonário da Ordem dos advogados que, sendo alérgico e nunca gostando nem de juízes nem de procuradores, se vem colocar –colar- ao lado do Procurador-geral da República. Dá para entender isto? Acho que não. E mais ainda: segundo escreve o JN, “o bastonário considera que os magistrados do Ministério Público “actuam como se fossem juízes, são totalmente independentes, cada um faz o que quer e não é responsável perante ninguém”. Como? Será que o homem, o chefe dos advogados, não estaria com o “trotil” quando fez esta afirmação?
Não parece que andam todos a jogar pingue-pongue com a nossa paciência? Fosca-se! Lá que parece, parece. O problema é que uma pessoa sente-se a própria bola…não sei se estou a ser claro. É como se estivesse sempre a apanhar com a raquete na retaguarda…no traseiro…não sei se estou a ser claro. Se calhar não…

1 comentário:

João Braga disse...

É só dizer mal. Pensa positivo. Pensa por exemplo..................
...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... no teu neto e no futuro tristonho que ele vai ter de enfrentar caso isto continue desta maneira