Meu caro António, envio-te este postal na volta do correio esperando sinceramente que te encontres de boa saúde, pá! Começo por te dizer, meu amigo, que gostei da tua defesa, há dias, na reunião do executivo, e também de todos os elementos que compõem a tua bancada do Partido Socialista, em torno da conjuntura grave que muitos comerciantes da Baixa estão a atravessar neste momento e também na defesa do cumprimento da promessa feita em 2002, para criação da “Casa do Comerciante”.
Aproveito para te fazer um pedido: enquanto membro da oposição, não deixes cair o compromisso ratificado pelo presidente da Câmara, Barbosa de Melo. Enquanto cidadão apartidário, apenas político em protecção da polis, devo dizer-te que, até prova em contrário, acredito no Homem, enquanto Ser de palavra e preso a uma promessa –o meu pai dizia que valia mais a palavra que todo o dinheiro do mundo. Logo, por inerência, acredito na palavra dada por Barbosa de Melo. Creio fielmente que vai cumprir. Além de mais, até ao momento, nada me leva a inferir que ele, enquanto autarca manifestamente preocupado, não queira o melhor para todos os comerciantes da Baixa. Mas também te digo, António, se ele não consumar, e nada for feito nos próximos 60 dias, dentro de dois meses lá me terás, outra vez, a lembrar todo o executivo. Prometo-te aqui, solenemente que serei uma melga a repetir todos os meses. Como deverás estar recordado, disse lá na reunião do executivo que a edilidade está para os comerciantes igualzinho como o actual Governo está para Coimbra na reposição da linha da Lousã. Ou seja, ambos, enquanto executivo, estão presos a um compromisso que pessoalmente não fizeram. Mas, como sabes, uma administração posterior herda o passivo e o activo da anterior. Assim, ambos, Governo central e executivo local, têm obrigação de dar o exemplo no estrito cumprimento do dever. São os nossos filhos que pedem esse respeito pela coisa prometida.
E se tivesse alguma dúvida de que estou a fazer o que devo, ao ler hoje na imprensa as declarações de Barbosa de Melo acerca da reunião de ontem com autarcas e membros do Movimento Cívico Lousã Miranda, na Comissão de Economia e das Obras Públicas, no Parlamento, ficava esclarecido. Sabes o que afirmou o nosso presidente? Claro que sabes porque já leste, no entanto, só para lembrar, disse o seguinte: “o objectivo da reunião foi acima de tudo não deixar que este assunto saia da agenda de todos nós e da Assembleia da República”. Ora diz-me lá, António, não parece que ele está a falar para mim? É ou não é? É como se ele me pretendesse transmitir: “se eu me esquecer, venha cá lembrar-me. Não deixe cair isto da agenda da câmara!”.
Bom, mas ao escrever este postal tinha uma curta intenção em mente. Afinal, comecei a alargar-me e já estou a escrever até no espaço reservado ao selo. O meu intuito era somente agradecer-te o texto do Diário de Coimbra de hoje, com o título “Vamos ajudar a Baixinha”. Está bonito de mais, pá! Sinceramente. Gostei mesmo. Ou tu não fosses poeta. Aquela prosa é poesia, meu amigo. Agradeço-te com inteira franqueza. Em meu nome e dos colegas comerciantes que estiveram na segunda-feira na Câmara e também naqueles que não acreditaram em ti, nos teus camaradas, e restante executivo, em nome da Baixa, deixo um redobrado abraço. Muito obrigado.
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