terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

CARTA DE UM EMIGRANTE RECENTE (1)

(IMAGEM DA WEB)


Olá queridos amigos!

Espero que estejam muito bem.
Não tenho tido tempo para escrever, por isso, tento resumir o mais importante que se tem passado até ao momento.

Parte I (20 Outubro a 12 Dezembro de 2011)

"Adeus Portugal!"

- Instalação por alguns dias numa casa comunitária onde o I tem o estúdio e um quarto. Óptima recepção dos residentes, com lareira acesa e champanhe.

- Mudança para uma casa de um casal amigo do I bem no Centro Histórico de Bruxelas. Saímos de casa e temos cafés (um muito parecido com o nosso café Tropical, em Coimbra, mas mais cosmopolita), lojas espectaculares, casas de chás, “sexshops”... tudo o que se queira encontrar. O Centro Histórico com muito movimento, de dia e de noite! Nesta casa havia um gato (dos amigos do I, que foram para Marrocos e deixaram o animal), que não gostava de mim (o sentimento era recíproco) nem do N, o meu bebé. Portanto, o raio do bicho, sempre que podia, ia para o quarto (saltava e abria a porta com as patas) e mijava nas minhas roupas favoritas. Assim como o peluche que o N dormia desde que nasceu! Ou seja, o cheiro de  mijo de gato não  sai, logo, roupa para o lixo. Consequência: uma relação cada vez mais conflituosa com o estafermo do bichano!

- Adaptação difícil: frio, cidade grande, muito movimento, poluição, tudo imensamente longe comparado com a nossa Coimbra. Completamente a tempo inteiro com o N. Não há tempo para o casal. N não se adapta à creche, habituado a estar com a “vovó” -ai a minha querida mãezinha que faz tanta falta!

- Comparações frequentes com o nosso Portugal e que não facilitam a adaptação. Hormonas da gravidez talvez também a não ajudar.

Parte II (29 Dezembro até ao momento)

 "Bruxelas, here we go!" 

- Saio do Porto com o N. Sol espectacular e uma temperatura agradável. Chego ao aeroporto Chaleroi, chove imenso, está escuro e um frio de rachar. Não consigo conter as lágrimas e penso "o que é que eu estou aqui a fazer?"
 Quando vejo o I ainda choro mais. Coitadito.

- Relação com o gato mais conflituosa. Agora também passou a mijar na roupa que está no interior do roupeiro da casa de banho. Parto para a violência e dou-lhe umas palmadas. Nada budista. Arrependimento. Mas, perante o cenário que se me apresenta e provocação continuada do “miau”, é totalmente impossível fazer as pazes.

- Passagem de ano: na casa comunitária, grande concerto privado dos amigos do I (artistas muito bons!), parecia que estava no meio do palco em Sines, músicas do mundo). O N está super sociável com todos. Sempre sedutor.

- Mudança de casa para arredores de Bruxelas: zona tranquila, perto de um parque espectacular (enfim... NATUREZA!!), casa pequena, mas bem confortável, aquecimento central, aliás, como todas as casas em Bruxelas. Montar a casa ( alguns móveis, etc). Amigos do I bem porreiros e que moram todos perto de nós -a maioria psicólogos... e artistas… SEM GATO.
Vizinhos do prédio porreiros - os do andar de baixo - da mesma idade que nós, 2 filhos, um com 4 e outra com 6 meses. Já vieram aqui beber um chá. Os do andar de cima - um pouco mais.... hardcore, digamos - violência verbal, no mínimo -casal, 3 filhos - ele chega algumas vezes bastante bêbado, a cair mesmo... mas parece boa pessoa.

- O meu francês melhora. Já fiz o nível 3 numa escola e passei para o nível 4 (3  aulas por semana) e portanto, começo a comunicar melhor.

- O N adapta-se (finalmente) à creche (vai para lá enquanto estou no curso de francês).

- Já temos uma “babysitter” -Rosa, peruana, antropóloga. N adora-a.

- Tempo para o casal. Saídas a dois e com amigos. Uau!!
- Hormonas da  gravidez estabilizam. Bebé número 2 sente –mais que certo- uma mãe estável emocionalmente e até feliz!

- Bruxelas torna-se agradável e uma cidade com perspectivas. Trato dos papéis para receber dinheiro (até ter um emprego), vamos ver... Estado belga muito generoso.

- 9h00 da manhã. Dou uma queda a sair do autocarro, com o N e com o bebé número 2. Vou ao hospital, faço análises. Tudo bem. Escapo ilesa, apenas com uns arranhões nas mãos e umas nódoas negras nas pernas. N também sai ileso, sem grandes traumas. 

Por agora é tudo.
(não tenho tempo para reler e ver erros ortográficos. Vai como surgiram os pensamentos!)

Beijos e abraços com saudades.
Espero a vossa visita.
C



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