segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

ESTÁ MAU? ESTÁ MAU, COMO? SÓ SE FOR PARA MIM!



 Conforme anunciei aqui APBC, Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra, em virtude de o próximo fim-de-semana ser o último em período de saldos, está a organizar uma feira de “stock-of”, ou uma forma de escoar produtos a preços mais baixos em fim de estação. Este certame decorreria entre o Largo da Portagem, Ruas Ferreira Borges e Visconde da Luz, e a Praça 8 de Maio.
Considerando que as vendas actualmente estão muito difíceis, por outro lado, nota-se que o consumidor está cansado de entrar nas lojas ditas tradicionais –talvez este facto explique um pouco a saturação e as poucas vendas mesmo em saldos- e seja preciso trocar-lhe as voltas. Ou seja, é preciso criar outras formas mais “displicentes” para o levar a comprar. Ora, a meu ver, esta iniciativa da APBC é magnífica e vai ao encontro da tal necessária mudança –ou pelo menos tentar outras vias. Está então de ver que os comerciantes, uma vez que até precisam de fazer alguma coisa para vender, abraçaram completamente esta ideia. Seria assim?
Pois, pois! Isso é que era bom! Até hoje, segundo informações recolhidas junto da agência, há 10 inscrições, o que, a continuar assim, inviabiliza completamente o projecto. Mas soube mais. Foi-me contado muitas manifestações de alguns comerciantes, associados da APBC. Deixo aqui as mais importantes e candidatas à palma da idiotice 2012:

-O quê?! Ir vender para a rua? Isso é o quê?! Virámos ciganos, agora, foi? Com franqueza…
-Isso é desprestigiante para as lojas virem vender para a rua. Andamos de cavalo para burro, é?
-Ora, isso é que era bom, eu vir para a rua e ter de carregar as coisas às costas?! Sinceramente, vocês nem as pensam!
-Isto nem parece coisa séria?! É uma partida de Carnaval, é? Tem algum jeito, isto? Bolas, não é uma boa atitude que a agência está tomar. Está transformar-nos em vendedores ambulantes?

Espero, sinceramente, embora sem grande esperança, que prevaleça o bom senso. Ninguém se lembra que todos temos que aprender com os ciganos e não o contrário. Deveríamos pensar que estes vendedores são mestres a transformar o “assim-assim” em produto de alta qualidade, o azar em sorte. Quando me lembro, há cerca de uma dezena de anos, aqui junto à Loja do Cidadão, em que se mudaram estes mercadores lá para um canto desprezado e, quem o ordenou, pensava que os arrumava de vez, basta ver como eles ali vendem. Eles mercantilizam ali ou em outro qualquer lugar. Se fossem colocados no meio do mar, quase de certeza, negociavam com os peixes. Ah, povo de um raio! Assim é que é! Não, é o contrário, como todos queremos fazer! Eles são mesmo a prova provada de que quem trata da venda é o vendedor e não o produto que faz a troca, conforme a maioria pensa. As lições estão mesmo junto à nossa porta. Basta apenas querer ver.
Todos nós, comerciantes tradicionais, se prendemos a dogmas, usos e costumes, que já não têm razão de ser. Temos de mudar tudo o que nos habituámos e deixarmos de parecer uns fidalgotes da decadência da Monarquia, em finais do século XIX, em que viviam apenas da aparência e do estatuto –que ninguém se sinta ofendido, ao escrever isto estou mesmo a pensar em mim.


2 comentários:

Anónimo disse...

Realmente a maioria dos comerciantes da baixa não merecem nada, aliás merecem que se façam compras nas grandes superficies.
Em vez de lerem a TV Guia e outras revistas cor-de-rosa se vissem o que se faz por essa Europa fora a nivel de iniciativas de comercio tradicional onde este tipo de feirão sugerido APBC faz enorme sucesso.

Liliana Azevedo disse...

Às vezes pergunto-me o que querem afinal alguns comerciantes da baixa? Que alguém lhes venda a mercadoria por eles, que venha alguém fazer o trabalho deles? Sempre a queixarem-se, sempre contra tudo e contra todos e quando existem ideias capazes de levar gente para a baixa não estão para ai virados. Caros senhores, Costas, organizado por meia dizia de comerciantes daquela rua. Uniram-se em prol do bem comum e passados 2 ou 3 anos, o mercado tornou-se numa referência onde todos querem participar, e que leva muita gente ao quebra costas. E estas vendas são feitas na rua. A diferença reside na resiliência, no empreendedorismo, na vontade de fazer mais e melhor por aquilo que é deles. Coisa que às tantas, alguns de vós, deverão ter que aprender.