terça-feira, 8 de novembro de 2011

O FAZ DE CONTA QUE NOS REGE, POR GRAÇA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO







  o senhor Luís Fernandes? Boa tarde. Daqui fala a técnica da associação Integrar que esteve com o senhor na Câmara Municipal por causa do Anildo Monteiro, o sem-abrigo que dorme por aí na Baixa, o senhor está a ver?
Era para o informar que, não sei se sabe, mas o Anildo, nos últimos dias tem andado muito mais limpo. Tem ido muitas vezes com um nosso agente tomar banho à AMI, à Rua Direita. Para além disto queria dizer-lhe que ontem, dia 7, inserido na equipa de rua da Ana Jovem foi um psiquiatra que esteve a avaliar o Anildo. Como ele estava com bom aspecto e lavado não deu para o médico o apreciar muito bem. Esteve a falar com ele e, realmente, apercebeu-se que o discurso deste desabrigado é repetitivo e, algumas vezes sem nexo. No entanto, segundo as declarações do psiquiatra, é necessário fazer novas avaliações para fazer o diagnóstico. Por isso, vinha pedir-lhe se podia fazer aí, entre os comerciantes, um abaixo-assinado para entregar aqui…
-Olhe, deixe-me lembrar-lhe uma coisa –respondi com alguma falta de paciência- por acaso a senhora lembra-se que em 11 do mês passado, de Outubro, perante o presidente da Câmara Municipal de Coimbra e os vereadores do executivo, comprometeu-se na segunda-feira seguinte em contactar-me para vos acompanhar numa equipa de rua e conjuntamente com um psiquiatra tentar pedir um novo exame clínico para o Anildo? Ora, já passou quase um mês…
-Pois, tem razão. Acontece que não houve oportunidade até agora…
-Ai sim? Estão à espera que o homem morra? É isso? E onde ficaram as promessas do director de departamento do Gabinete de Acção e Família, que se comprometeu também em chamar a si este problema? O que fez este técnico camarário durante este mês que passou?
-Pois, entendo, mas sabe, não é fácil?
-Não é fácil, como? Eu fui à autarquia, conjuntamente com mais 20 comerciantes, para que a Câmara Municipal em associação com a Integrar para, juntos, elaborarem um requerimento ao Procurador adjunto do Ministério Público e requerem uma nova avaliação psiquiátrica ao Anildo Monteiro. É óbvio que eu também a posso solicitar, porém, como é lógico, não terá o mesmo peso institucional.
-Pois…
-Pois… como? E a senhora, passado quase um mês, liga-me para me informar que o Anildo Monteiro agora anda muito mais limpo? Eu vejo o Anildo quase todos os dias. Sei onde ele dorme. Diz-me também que foi visto ontem por um psiquiatra que apesar de constatar que o seu discurso não é coerente precisa de fazer novas avaliações? Até quando? Até o Anildo morrer?...

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