quarta-feira, 15 de junho de 2011

OS POLÍTICOS DA NOSSA PRAÇA SÃO MAIS PURITANOS QUE UMA FREIRA

(Imagem de Leonardo Braga Pinheiro)



 Começo por fazer uma ressalva e uma constatação.
Como ressalva, arguo que pela razão de apresentar algumas pessoas como meus amigos tal não significa que verdadeiramente o sejam de facto, ou possa parecer que sou muito bem relacionado. Nada disso. Pela minha experiência, a maioria destas pessoas não me conhece pessoalmente sequer.
Como constatação, escrevo que o Facebook está para amizade como a feira do Norton de Matos está para o comércio tradicional na cidade de Coimbra. Ou seja, não significa nada.
Quanto a mim o Facebook teve uma vantagem óbvia: é a possibilidade de, através de e-mail, podermos contactar um qualquer político da nossa praça ou do “mercado” nacional, passando a expressão.
Depois desta introdução, vamos ao que interessa. Tudo começou hoje de manhã quando escrevi este post e, por acaso, coloquei uma mulher nua a dar-lhe consubstanciação. Tratava de algum conteúdo político, sob a minha perspectiva, é claro. Acolhia de fazer referência à forma gratuita como a maioria dos cidadãos recorre aos tribunais para defender a honra. Facilmente se infere que se passou dos mortais duelos de pistola e espada de finais de século XIX para os actuais pleitos na barra. E isto é bom? Ora bem, do ponto de vista humanitário e respeito pela vida humana é óptimo. O problema começa quando, por “dá cá aquela palha”, por tudo e por nada se recorre ao tribunal. Pelo que leio nos jornais, estas acções cíveis entopem todos os canais da justiça.
No texto que escrevi até dava o (mau) exemplo do Presidente da República que, há dias, decidiu mandatar a Procuradoria da República, para através do Ministério Público, demandar o director de uma revista que escreveu meia dúzia de linhas. Há mais casos, como agora as declarações de Ana Gomes em relação a Paulo Portas.
Bom, então, dizia eu, que escrevi um pequeno texto encimado por uma mulher nua e, como era referente aos políticos partidários, inseri-o no mural do Facebook de alguns políticos da nossa cidade –que, em ilusão, serão meus amigos naquela página da Internet. E então o que aconteceu de seguida? Reparei que eram imediatamente apagados. Achei singular este facto. Então avancei para mais e para todos aqueles que tinha ligação de “amizade”. Mais ainda, coloquei também o post num conhecido sociólogo da cidade. Mais ainda, coloquei o mesmo texto numa amiga freira, e deixei passar o tempo.
Depois de terem passado cerca de 7 horas, verifiquei o seguinte:
O sociólogo eliminou. Um eleito na autarquia pelo Partido Socialista (PS) eliminou. Um conhecido cabeça de lista do Bloco de Esquerda (BE) eliminou. Um conhecido ex-vereador e deputado municipal pelo PSD eliminou.
E quem manteve o post no seu mural? Aqui convém fazer uma ressalva que alguns, talvez por ausência, poderiam não se ter apercebido, logo, por omissão, altera a posição.
Um conhecido representante e agora deputado por Coimbra pelo PS manteve. Dois destacados militantes do Partido Comunista mantiveram. Um conhecido deputado na Assembleia Municipal pelo BE manteve. Uma reputada e conhecida senhora ligada ao CDS/PP manteve.
Naturalmente que a pergunta que ficará a bailar na nossa mente será: “e a freira, deixou ou retirou o post?”
Pois é, a minha amiga freira, sem teias de aranha na cabeça, manteve o texto no seu mural.
Moral da história: aparentemente, alguns dos nossos representantes políticos continuam a ter medo de uma mulher nua. Ou melhor, aparentemente, do sentimento de devassa que possam causar na opinião pública. Não deixa de ser curioso, não acha?


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