segunda-feira, 6 de junho de 2011

O PANTEÃO NACIONAL VOLTOU A SER NOSSO





 Depois de mais de duas semanas nas mãos dos “sarracenos”, Dom Afonso Henriques voltou a conquistar o espaço nobre de Panteão Nacional que era seu por direito. Hoje, logo de manhã, o átrio da igreja de Santa Cruz estava limpo.
Já pode dormir descansado o comerciante que, ontem no Diário de Coimbra, plasmava a sua situação de “envergonhado pela situação” e onde dizia que “desconheço os motivos e nem sinto curiosidade” e também onde “refere ainda o cariz ofensivo dos cartazes, “prejudicam a imagem da minha loja.”
Já pode almoçar descansado o presidente da Câmara Municipal de Coimbra que foi adiando a tomada de posição sobre o continuado abuso do espaço público.
Já pode respirar de alívio a direcção da Polícia de Segurança Pública que, a ver-se obrigada a desmantelar o acampamento, tal como em Lisboa, cria sempre na opinião pública um certo desdém e incompreensão contra estas tomadas de força bruta para repor a legalidade. Antes de intervir é por todos solicitada em preces, mas depois de agir é ver todos os cidadãos preocupados com “a desmesurada força empregue contra os coitados dos jovens que estavam ali pacificamente e não faziam mal a ninguém.”
Já pode continuar na mesma hipocrisia de sempre uma certa elite de esquerda, que perante estas manifestações não sabe como há-de proceder. Opta habitualmente pelo apoio de pancadinhas nas costas sem, contudo, tomar outra posição de relevo. A vitória destas pessoas, para o ser mesmo em pleno, é haver intervenção da polícia, que é para depois, durante largo tempo, direccionar o protesto contra a força policial. Esta esquerda de que escrevo, saída do Woodstock de 1969, na altura jovens “de bem” e inconformados com o nosso sistema semi-ditatorial, hoje tem uma barriguinha saliente e ocupam todos lugares de importância no nosso universo local. Falam com uma certa arrogância intelectual. Acham-se donos da verdade. Dividem a sociedade em dois: “nós e os outros”.
Projectam-se nestes jovens, sobretudo na sua rebeldia, mas, guardando alguma distância, optam por não se colar. Apoiam de longe. Isto é, identificam-se com o princípio do protesto e defendem acerrimamente a manutenção dos manifestantes no local público -que é de todos, mas agora é só deles por direito, invocam. Chamam a Constituição para justificar o injustificável como o aflito clama pela nossa Senhora das Dores para lhe valer.
Hoje, em Coimbra, nesta noite que aí vem, muitos irão dormir o sono dos justos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Agora faltam as bandeiras!

Jorge Neves disse...

As asas são para voar e fizeram muito bem bater asas .
Esta sua frase : "Falam com uma certa arrogância intelectual. Acham-se donos da verdade. Dividem a sociedade em dois: “nós e os outros”.
Projectam-se nestes jovens, sobretudo na sua rebeldia, mas, guardando alguma distância, optam por não se colar", cheira a quem desceu muito nas eleições de 5 de Junho.