Saiu esta semana o número 1 da revista C. Trata-se de um novo projecto editorial da Beirastexto, SA –anterior empresa proprietária do jornal Diário as Beiras, tendo como líder António Abrantes. Lembro que actualmente este jornal pertence à Sojormedia Beiras SA, cujo capital social é detido em partes iguais pela Sojormédia SGPS e G.W.I –Investments SA.
Voltando à C, à revista semanal, nascida há uma semana atrás com o número 0 de lançamento, a meu ver, sem entrar no “politicamente correcto” de escrever que está muito atractiva e vai ter um largo futuro e blá… blá… blá, está bem conseguida. Com um papel de impressão de grande qualidade e temas de actualidade, quase exclusivamente “cá da santa terrinha”. Para além de um naipe de colunistas notáveis, a redacção é composta por quem sabe da poda. Isto é, que está ligado ao jornalismo e sabe muito bem do que enferma a imprensa local. O preço de 1,50 euros, tendo em conta que um jornal diário custa 1 euro, não me parece fora de alcance de qualquer bolsa.
Se vai vender? Naturalmente que não se sabe. É evidente que todos torcemos para o seu sucesso. Mas quem olha para uma publicação com olhos de ver, e sabendo que os alicerces de um jornal ou revista, hoje, assenta essencialmente na publicidade e muito pouco nas vendas em quiosque, dá para apreender que esta edição tem “pesos pesados” a suportar os custos. Pode-se ver publicidade em duas páginas do Licor Beirão, do Góis Joalheiro, da Ramos Catarino Interiores, do MCoutinho concessionário Peugeot, e ainda do NB Club.
Com uma página pode ver a Matobra, Águas do Mondego, a Auto Sueco (Coimbra), L.ª, a Madeira & Madeira, SA, a Caixa de Crédito Agrícola, o Casino da Figueira, o Vasco da Gama pastelarias, a Praxis do mesmo grupo Vasco da Gama, a J Barroca agência funerária, a CJR Motors, a EDP, o Grupo CH soluções globais, a Arnaud indústria gráfica, a Imobiliária Patrocínio Tavares, a Lsesis mobiliário, a Câmara de Góis, e ainda no verso da capa a Litocar e 16 meias páginas preenchidas com agentes empresariais locais.
Ora se a edição é de 115 páginas, contando as publicitadas, dá uma cobertura de 35 páginas de divulgação de produtos, logo, se assim continuar, podemos todos ficar descansados que as edições estarão bem cobertas.
Quanto aos conteúdos, já escrevi em cima que, felizmente, se debruça essencialmente sobre a “prata da casa”. Ou seja, o que de melhor e pior se faz cá na região e sobretudo na cidade. O que é muito bom, porque há muito que os jornais diários locais, devido à retracção de custos, se afastaram da “grande reportagem” e de falar no diminuto acontecimento, no pequeno comerciante, na vendedeira de castanhas, na loja centenária, etc.
Coimbra tem uma grave carência que é a falta de um canal de televisão –ao jeito do Porto Canal. Não é porque não tenha bons profissionais nesta área, o que precisa mesmo é de um grande grupo que acredite nesta potencialidade.
Continuando na C, lá estão as pequenas “frases feitas” e desfeitas…dos políticos partidários. Lá está a pequena entrevista ao empresário de sucesso, com a deixa “se eu mandasse”. Lá está uma rubrica saudosa do desaparecido Diário Popular “acredite se quiser”. Lá está a opinião do profissional de táxis que ninguém conhece mas sabe o que diz. Lá está o “elevador do mercado”, com o subir e o descer. Quem é que não gosta de ver a sua foto, sobretudo no subir? Lá está a grande entrevista, “um dia com”, ao grande continuador do que se faz bem por cá. Por lá se vê…quem há muito se não ouvia falar, com a rubrica “o que é feito de si?”. E também lá está –esta, creio, pode ser uma pedra no charco- a rubrica “seja repórter C”, a dar ligação aos leitores. A incentivar uma união que há muito também se perdeu entre o leitor diário –que gosta de intervir em prol da cidadania- e o órgão de comunicação escrita –a talhe de foice, há muitos anos, como sou um “ganda maluco”, dei-me ao trabalho de enviar uma carta a este mesmo, agora, senhor director António Abrantes a interrogá-lo como é que, ao não publicar as cartas dos leitores no diário as Beiras, ele, sendo um investidor, se podia dar ao luxo de continuar a desperdiçar uma riqueza que lhe caía todos os dias no regaço. Tendo em conta que a página do leitor de um jornal é das mais lidas de toda a edição.
Continuando a examinar a revista C, lá está a coluna de opinião, neste caso de Mário Ruivo. Lá está a “Cartas”, bem ao jeito do Expresso, com as cartas do senhor comendador, salvo erro –eram umas cartas satíricas. Esta da C, muito bem conseguida e com muita graça. Lá está a “reportagem”, neste caso, na Alta da cidade, a entrar no beco e no recanto por onde andou Zeca Afonso. Lá está a página de “Política”. “Segurança no trabalho”, “Internet”, “Festival”, mostrando o que se faz de bem pelas redondezas na área da gastronomia. A seguir pode-se ler a coluna de “Sinais”, a reportagem na “Sociedade”, com o “Perfil”, neste caso na intimidade de alguém que conhecemos apenas dos jornais. Mais opinião, neste caso de Mira Lagoa Sobral. O que se faz melhor em favor da “Tradição”, neste caso o Fernando Meireles, um artista humilde que passa por nós na rua e ninguém se apercebe do seu enorme talento de músico e de construtor de instrumentos musicais. A seguir vem a página do “Ensino”. Sempre a andar, vem a de “Saúde. Depois “Clube da Criança”. Depois o “Poder Local”, “Cérebros”, “Dinheiro”, “Vida Económica”, tendo por destaque o “empresário de sucesso”, “Ruas de Coimbra” e o que vai acontecer com “vai ser”. Depois a cultura com o “Olhar”, sobre o que se está a fazer nas artes por cá. O desporto, com dedicação a uma modalidade. O “Viver”, tendo por pano de fundo um bom produto para nos aguçar o apetite e, agora sendo pobres, nos fazer lembrar que já fomos ricos e já estivemos lá…dentro de um daqueles bólides de marca.
A seguir vem a “Soltas”, com pequenas notícias de recorte. Ainda dento do “Viver”, lá vêm as viagens…que já fizemos e tão depressa não voltaremos lá em pessoa. Vamo-nos contentando com as imagens virtuais. Também cá está o “Turismo” –aqui. nesta rubrica gostava de ver um dia uma reportagem sobre os guias turísticos e que já escrevi aqui. Não falta cá também “À mesa”, outro bom apontamento, e onde não faltam os vinhos, e a sugestão e a “receita do chefe”. Também há o “design”. Assim como o “Social”, entrando dentro de casa de um qualquer artista ou político. Também cá está o auto-elogio, com o sucesso na apresentação do número 0 da C, onde não faltam os mesmos, dos mesmos, da “alta sociedade conimbricense”, com 6 páginas cheias de fotos, que é o que o “povão” gosta. Olhando para estas pessoas, pensa: “um dia, se Deus quiser e se me ajudar a ganhar o Euromilhões também hei-de aparecer aqui retratado ao lado de uma gaja boa!”.
Depois vem a “moda” e o “talento desportivo premiado”. Vem a “noite” e o “evento”, aqui, tal-qualmente, sempre com as mesmas caras a aparecerem. A terminar, vem a “agenda”, a “Aldeia Global” e as “Ideias dos outros”, que é uma página de opinião de Luís de Matos
Em suma, passa bem no meu exame rigoroso. Como devem calcular, completamente independente. Que cá a mim ninguém me influencia…nem sequer o facto de o Vasco Garcia escrever na página 112 que “quem quiser saber tudo o que se passa na Baixa de Coimbra sem sair de casa tem, para isso, dois excelentes blogues: questoesnacionais.blogspot.com, do comerciante Luís Fernandes Quintans –que é cá o rapaz, prazer!-, e independente pela freguesia, blogspot.com, do (…) Jorge Neves”.
E eu não sei que são os melhores blogues cá da Baixa? Está bem que não há mais nenhum, mas e depois? E depois? Somos os melhores e mais nada!
1 comentário:
Mais nada amigo Luis, somos os melhores porque gostamos do que fazemos, somos os melhores porque temos a coragem de fazer critica construtiva, apresentar sugestões, denunciar o que vai mal e realçar o bom que a baixa tem para oferecer e principalmente smos os melhores porque damos a cara e nome não escrevemos debaixo de cobardia doentia.
Para acabar somos os melhores porque conhecemos a baixa no terreno e não dentro de gabinetes.
Enviar um comentário