(IMAGEM DA WEB)
O homem tinha vestido uma camisola azul com a sigla da Câmara Municipal de Coimbra. Tudo indicava que era condutor de autocarro dos transportes públicos. Estava sentado na mesa ao meu lado. Conversava com um amigo. Pela proximidade, não pude deixar de ouvir:
“Coimbra está muito diferente daquilo que era em 1998 quando entrei para os transportes. Noto, sobretudo, a partir das 22 horas. Os passageiros são quase todos estrangeiros. Uma pessoa até tem receio. Essencialmente, são brasileiros e romenos. Os primeiros são arrogantes. Por dá cá aquela palha, exclamam logo: “no Brasil não é assim! Eu tenho direito!”…
Já quanto aos romenos é demais! Estão sempre a tentar ludibriar. Se entrar uma família de quatro entes só picam uma vez a senha. Exijo que todos insiram o bilhete correspondente. Levanta-se um e, a repetir, só pica uma vez. Tenho de me levantar e aguardar que todos façam o respectivo pagamento. Isto no meio de impropérios constantes. Às vezes tenho medo…lá isso tenho! Muitas vezes, só para ninguém pagar, introduzem um passe na máquina e esta encrava automaticamente. Come o passe e já não funciona mais. Como não temos chave, terá de vir um funcionário de propósito para abrir. Até ele chegar, naturalmente, quem tem bilhetes pré-comprados, não paga. Olha que isto é demais!
Quando estou na carreira do Ingote é mais problemático, por causa do tipo de utente, a essa hora, há muitos toxicodependentes. Por acaso, com os ciganos que lá vivem nem tenho grandes problemas. Como quase todos têm passe social –acho que pagam 5 euros por ano- nem me causam grandes dissabores. Passam, picam e sentam-se. Quando estou designado para essa carreira à noite, já sei, uma pessoa está sempre de coração nas mãos. Mas o que é que se há-de fazer? São os novos ventos que sopram de leste! A Europa está assim! Quem trabalha é que paga para esta gente toda. E ainda por cima somos ameaçados. Não sei para onde caminhamos. Não sei mesmo!
Coimbra está mesmo muito diferente…
1 comentário:
Muito diferente mas para pior a todos os niveis.
É pena mas é a realidade.
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