(IMAGEM DA WEB)
O homem, de passo titubeante, transpôs a ombreira de entrada. “Bom dia! É o senhor Luís Fernandes, não é? Já estive aqui há dias, à porta, para falar consigo. Estava fechado. Quem me disse para vir cá foi a minha colega “Maria”, conhece? Trabalho na Associação Comercial e Industrial de Coimbra, ACIC!”.
Enquanto falava eu ia reparando nos seus olhos encovados, sem brilho, e com grandes olheiras negras. As mãos acompanhavam as frases, em gestos, como se tentasse esmurrar um incomodativo espírito invisível. Não sou psicólogo mas, tenho a certeza, este homem estava num estado lastimoso de depressão.
Como a dar-me razão, de repente, como mulher prenha a quem rebentou o saco das águas, desata a chorar. “Desculpe…desculpe…não me posso conter. Tenho chorado muito. Estou farto de chorar! Não sei o que fazer à vida! Já pensei em suicidar-me. Tenho a vida toda encalacrada. Trabalho há décadas na ACIC. Não me pagam. Ando a viver de empréstimos que a minha mãe me faz. Nos últimos meses, para aguentar a situação, fui obrigado a recorrer a créditos nessas empresas de aprovação rápida, sabe quais são? Pois agora não consigo satisfazer as minhas obrigações.
Deixei de cumprir porque não me pagam. Agora a empresa que me emprestou, porque quer receber, anda sempre a pressionar-me pelo telefone. Creio que já deve estar em tribunal. Estou desesperado. Não sei o que fazer a esta vida! Devem-me o subsídio de férias, o subsídio de Natal, o mês de Dezembro, Janeiro e este mês de Fevereiro, que corre, tudo indica que vai no mesmo caminho. Ninguém diz nada! Ninguém fala! Às vezes tento pedir explicações, mas ainda começam a gozar! Ninguém assume nada! Não falam connosco.
Por amor de Deus! Isto é gozar com as pessoas. Eu não aguento mais!” –E estala num mar de pranto. “Desculpe…desculpe…que vergonha! Tenho tanta vergonha de estar aqui a chorar! Ajude-me! Se não, um dia destes faço uma grande asneira. Acredite que faço. Estou a perder as poucas forças que me restam. Nunca passei por uma situação destas. Sempre fui um homem sério e cumpridor. Tinha tudo em dia.
Acredite, não sou só eu. Há pessoas com filhos. Isto é insuportável! É impossível aguentar isto mais tempo. No mínimo, falem connosco. Despeçam-nos e mandem-nos para o desemprego!”.
Ajude-me, por amor de Deus! Não sei a quem recorrer!” -começa a soluçar de choro e vira-me as costas em direcção à porta. “Desculpe…que vergonha…que sinto…”
4 comentários:
Em primeiro lugar sinto uma revolta enorme a ler isto, só me apetece dizer cambada de f.p…!
Isto é caso de polícia.
Toda a gente que tem conhecimento do porque desta situação da ACIC tem a obrigação de a denunciar, quem encobre o porque desta situação financeira da ACIC esta a pactuar com estes crime.
Aos trabalhadores da ACIC sugiro-lhe que chamem a comunicação social e se concentrem em frente do estabelecimento do presidente da ACIC para darem mais visibilidade a este assunto.
Podem contar com o meu apoio!
Jorge Neves
Vogal Independente da Assembleia de Freguesia São Bartolomeu
Estou com o Jorge Neves: a revolta é demasiada e isto tem que sair cá para fora para que se faça alguma coisa!
A ideia de protestar frente ao estabelecimento do Presidente é óptima: pode ser que a vergonha sirva para alguma coisa!!!
A Direcção da ACIC perdeu a vergonha.
Uma Associação desta dimensão, não pode nem deve ter á frente dos seus destinos tais CALOTEIROS.
Tenham vergonham, não abandanhem o nome da Instituição.
ACIC é dos associados e estes devem tomar uma atitude contra esta gente sem escrupulos que prejudicam quem trabalha.
A pior imagem possivel para a opinião pública.
Onde pára o Presidente da Assemblei Geral e seus muchachos?
Tenham no minimo VERGONHA!!!!!
Esta Associação caiu na mão de irresponsáveis e de meninos que não sabem e não dão valor ao sofrimento dos outros.
Rua com estes dirigentes JÁ !
Talvez não seja o melhor mas!
Estou seriamente a pensar deixar de ser sócio desta associação.
Com este comportamento não merecem a minha confiança,como podem ajudar a resolver os nossos problemas? são os primeiros a não cumprirem com os seus trabalhadores
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