Como todos sabemos, no próximo dia 17 vai realizar-se mais uma grande “Noite Branca” na Baixa de Coimbra, promovida pela Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC). Há vários meses que o nosso director, o Luís Fernandes, anda a tentar marcar uma entrevista com o presidente da APBC. Umas vezes porque assim, outras vezes porque assado, outrossim porque o Luís Fernandes era um gajo tendencioso e politiqueiro, eu sei lá o que se fez para conseguir chegar à fala com o ex-dirigente da ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra.
Não tenho bem a certeza, mas, se não me engano, o director do blogue chegou a prometer à Virgem uma viagem a pé a Fátima em troca de um milagre que abrisse as portas a uma entrevista ao reputado comerciante da Baixa. Mas qual quê, nada quebrava esta barreira intransponível. Até que, um tempo antes da última nomeação de uma nova equipa, e com tomada de posse há cerca de um mês, o nosso director Fernandes, reunindo toda a equipa, bateu com o punho na mesa e, irritado, disse: “isto não pode continuar. Se o Armindo não vem ao blogue vai o blogue ao Armindo. Vamos meter uma pessoa da nossa confiança lá na equipa da APBC, e vocês vão ver se ele dá ou não uma entrevista ao “Olho de Lince”.
Embora eu desde que nasci tenha uma cara de parvo, confesso, fiquei completamente zonzo com as palavras do director. Tenho de admitir, este “safadote” é esperto como ó caraças!
E foi assim que o nosso contacto, lá dentro da equipa, nos arranjou a entrevista. Combinámos encontrarmo-nos no Café Santa Cruz, que é uma espécie de entreposto comercial das Índias e onde pára tudo, desde o nosso director, passando pelo Arménio das gáspeas, até ao presidente da Câmara Municipal, Carlos Encarnação.
-Boa tarde, senhor presidente…
-Ó “Olho de Lince”, deixa-te desses pró-formas, porra, eu sou trabalhador do comércio. Por favor trata-me só por Armindo.
-Muito bem senhor presid…ai, desculpe Armindo…
-ó pá, tem paciência, não me embaraces, trata-me por tu, ó “Olho de Lince”…
-Está certo, pá! Assim será, Armindo.
Então vamos lá à primeira pergunta. Segundo as vozes que têm chegado lá à redacção do blogue, parece que esta “Noite Branca” promete transformar-se no início de uma nova era, sobretudo pela adesão de comerciantes. O que tens a dizer sobre isso?
-Ó pá, tenho de te confessar, eu sou um tipo modesto –sabes? Pelas minhas reminiscências humildes…comecei a trabalhar ainda criança-, mas perante o sucesso que estamos a conseguir, a verdade é que me sinto muito orgulhoso…envaidecido, entendes? Nós já temos 204 inscrições para a próxima “Noite Branca”…não sei se estás a ver…
-Estou, claro, sem dúvida que é um sucesso. O que aconteceu para os teus colegas acordarem e deixarem de dormir na forma?
-Ó pá, com franqueza, não sei! Penso que tem a ver com o momento de crise que vivemos. Para trás não podemos recuar mais…estamos encostados à parede. Então só resta avançar…defender para a frente…
-Mas o que é que se passou para, de repente, os comerciantes passarem de sonâmbulos a gente activa e participativa?
-Ó pá, penso que as pessoas já viram que eu ando nisto por carolice. Porra, ó “Olho de Lince”, eu não ganho nada com isto, antes pelo contrário, só perco. Para tratar de assuntos do comércio tenho de abandonar a loja…e depois, nem calculas o que tenho de ouvir da minha Graça. Eu sei que ela tem razão…mas que queres? Gosto disto, sabes, andar para aqui, para ali, falar com A, B, C. Gosto de ajudar. Não sei me entendes…
-Então não haveria de entender, Armindo? Pensas que eu não sou igual? Ainda há dias estava no Afeganistão a ver se entrevistava o Osama Bin Laden, andava para lá a correr montes e vales, quando recebi um telefonema da minha vizinha, a menina Gertrudes -não sei se conheces-, a pedir-me, por amor de Deus, se eu não lhe vinha fazer uma massagem nas costas. E o que é que achas que eu fiz? Claro, tomei imediatamente o primeiro voo para Portugal. Eu também sou assim. Entendendo-te perfeitamente, Armindo…
-Digamos que tu utilizas a escrita como espada de Dâmocles e eu a minha boa vontade política…é assim não é “Olho de Lince”?
-Exactamente, Armindo. Mas, espera aí, falaste de “vontade política”…trabalhas para algum partido?
-Não, pá. Eu sempre votei, mas, na minha conduta social, sou apartidário. A política de que te falo é a “polis, a cidade. É a Baixa que me interessa, nada mais. Eu estou fora dessas guerras.
-Ó pá, tu já estás na APBC desde 2004, não estás cansado de aturar coices de um lado e de outro, isto é, dos teus colegas e do executivo camarário?
-Ainda bem que me fazes essa pergunta, realmente estou farto e até ponderei muito em continuar. Se por um lado estou cansado de levar pontapés no traseiro, por outro, a vida comercial está difícil mas, acredita, preciso disto para viver o dia-a-dia…entendes? Para me manter ocupado. Penso que tu, pela forma como escreves, és igual…estou enganado?
-Não, não estás não, Armindo, eu entendo isso. Realmente eu sou igual…utilizo a escrita porque, tal como tu, preciso de me manter distraído. Ambos, fazemos parte de uma geração que se viciou na ocupação mental e física. Eu entendo-te…
Ó pá, mas fala-me lá, sei que tens uma nova equipa.
-Sim, tenho. Estou muito contente. Passámos de 7 para 9 elementos, que é o máximo que os estatutos permitem. Tivemos a sorte de conseguir juntar pessoas do melhor que há. Sei que posso contar com eles para alargar este projecto de desenvolvimento. Para mim, ainda é um projecto embrionário que ainda agora está a começar…
-Mas, diz-me Armindo, sei que um dos problemas da APBC foi sempre a dificuldade de comunicação com a autarquia. Esquisito, sabendo nós que a edilidade coimbrã detém a maioria do capital social. Continua a ser igual?
-Olha, pá, ainda bem que falas nisso. Não. Felizmente que nos últimos tempos houve uma grande reviravolta nas relações entre a autarquia e a APBC…
-Ai sim? Conta lá isso. A que se deve essa abertura? Não me digas que foi milagre da Rainha Santa?
-Ó “Olho de Lince”…bolas, pá!, eu sou crente. Não brinques com a minha fé…
-Pronto, calma, eu retiro e reformulo a pergunta: a que se deve essa janela aberta?
-ó pá, falando honestamente, desde que entrou o Barbosa de Melo, o vice-presidente da câmara, houve uma diferença como da noite para o dia. Tenho sempre as portas abertas. Sinto que há vontade de colaborar com a APBC. Caiu aquela barreira invisível que existia até há pouco…entendes? Também se não fosse assim não teria continuado.
-Mas, agora, até há um assessor do Barbosa de Melo na agência, não é?
-É sim, pá. Agora, neste novo mandato, o tesoureiro da APBC é o Miguel Queirós, que é o assessor do vice-presidente Barbosa de Melo, e este é o presidente da assembleia-geral da APBC. Para nós é muito bom. É uma ponte entre nós e a autarquia. Embora, tenho de salientar sempre a disponibilidade do vereador da “coligação por Coimbra”. Nunca, como até agora, senti tanta abertura e apoio. Sinto que está connosco. Está com a agência e com o comércio. Não dá desculpas. Perante o que lhe é apresentado faz tudo para resolver.
O que antes era entravado pela burocracia, agora, com uma conversa e a sua boa vontade, tudo se resolve.
-E, diz-me lá, esta equipa é partidária?
-O quê? Não pá. Nunca senti que houvesse qualquer pressão para escolher este ou aquele, em função da partidarite. O que interessa é o contributo que cada um possa dar. Ideologicamente cada um é o que é. Isso, essa questão partidária, para aqui não conta.
-E pensas, Armindo, que os comerciantes estão a sentir que as coisas estão a mudar?
-Ó pá, eu não sei ainda se conseguimos demonstrar aos homens do comércio que estamos cá para trabalhar. O que sei é que estamos a receber diariamente pedidos de inscrição de novos associados, e isso, para nós, é muito bom. Aliás, até aproveito esta oportunidade que me é concedida –porque sei que o blogue é muito lido por muitos comerciantes- para exortar as pessoas a fazerem-nos chegar todas as suas dificuldades, as suas reivindicações, para as podermos analisar e reencaminhá-las para o vereador.
-Como sabes, na Baixa, há muitos problemas para resolver: a limpeza urbana, a lavagem das ruas, os licenciamentos de toldos, o licenciamento da publicidade, a venda-ambulante. O que está a fazer a agência para dar solução?
-Ó pá, eu tenho a minha loja aqui na Baixa, sei bem o que se passa. Claro que terá de se resolver tudo isso e no mais breve espaço de tempo possível, mas, claro, leva o seu tempo. O que posso afirmar é que, por parte de Barbosa de Melo, há o comprometimento de analisar caso-a-caso, resolvê-los de uma vez por todas, e, para além disso, ajudar no sentido de captar novos investimentos para a Baixa. Isto é, mostrando com acções que a autarquia está disponível para ser um parceiro na revitalização do Centro Histórico.
Estamos a tentar criar um espaço na Baixa onde funcionasse uma espécie de “Loja do Comerciante”. Ou seja, um espaço onde qualquer promotor que quisesse investir na zona se pudesse dirigir. Aqui se dariam todas as informações e, para além disso, funcionaria como uma espécie de via-verde entre o homem de negócios e a câmara.
Nós, agência, podemos fazer muito para o desenvolvimento do Centro Histórico. Ainda agora interferimos na resolução de uma burocracia que estava a emperrar a reabertura da Brasileira e, felizmente, já está resolvido, penso que o Lúcio Borges deverá abrir lá para Novembro próximo.
-E por parte da Comissão de Coordenação da Região Centro (CCRC), sentes abertura na aprovação de projectos que a APBC lhe apresenta?
-Ó pá, são fantásticos. Ainda agora lá estivemos numa reunião para planear os eventos para o próximo ano na Baixa e senti um apoio incondicional.
-Bom, Armindo, vamos ficar por aqui que a entrevista já vai longa e tenho de ir para Lisboa, tenho lá um trabalho para fazer sobre a leitura da sentença da Casa Pia…
3 comentários:
Boas notícias é o que se quer e abertura da CMC para colaborar com os comerciantes é muito boa notícia!!!
Que a crise nos una!!!
Obrigada, princesa dos montes dos Olivais.
Um grande abraço (não escrevo um grande beijo porque poderia dar chatices)
Só um reparo num pequeno grande detalhe, os panfletos colados nas montras das lojas, fazem referencia ao dia 17 mas nada em relação ao que se refere da Noite Branca.
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