quinta-feira, 16 de setembro de 2010

EDITORIAL: ESTRELAS CINTILANTES FAZEM REFLECTIR

(IMAGEM DA WEB)








 Quem estiver atento, quem se interessar pela Baixa da cidade, quem olhar para este imenso casario não como uma realidade morta, mas como uma paisagem viva, arte ancestral que activa os nossos sentidos, apercebe-se que, no comércio, está a acontecer uma movimentação paulatina e certeira, um certo entusiasmo em colaborar, um dar as mãos, como já não se sentia há muito tempo.
  A causa, a brisa suave e envolvente, a energia oculta que toca e empurra, é sem dúvida nenhuma a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC). Sente-se no ar um interesse colectivo em jeito de fluído, talvez só mesmo apreendido quando a cidade foi Capital da Cultura em 2003.
Os motivos poderão ser vários, e poderemos arranjar tantos quanto a nossa mente nos permita especular:

Quem sabe se, finalmente, os comerciantes, assoberbados por uma imensa crise financeira não tivessem sentido que não era possível continuar a recuar. E, assim sendo, se para trás já não há caminho, o que resta é olhar em frente, para o futuro. Entre o escolher uma morte sem luta, sem glória, por que não, mesmo exangue, dar as mãos e lutar por um amanhã melhor?

Quem sabe, finalmente, não se terá visto que o Armindo Gaspar faz o que pode para tocar esta “máquina”, que é a Baixa, para a frente? Que estava na altura de, individualmente, pelo menos cada um de nós, dar um pouco do seu esforço em reconhecimento pela sua entrega à causa comercial?

Quem sabe não teria sido esta nova equipa, recentemente nomeada pela Câmara Municipal de Coimbra –que é a accionista maioritária da APBC, uma UAC, Unidade de Acompanhamento e Coordenação, criada pela ACIC, Associação Comercial e Industrial de Coimbra, em 2003, para promover, divulgar e dinamizar o Centro Histórico através de eventos-, talvez pela dinâmica imposta de alguns novos membros?

Fosse por uma destas premissas ou pelo conjunto das três, a verdade é que pela excitação que corre por estas ruas estreitas, becos e vielas, na envolvência da “Noite Branca” de amanhã, o Armindo e toda a sua equipa estão de parabéns.
Há quem diga, talvez em aforismo, que quando uma nova estrela brilhante emerge, uma ou outras em seu redor, inevitavelmente, obscurecem. Poderemos tentar explicar através da sabedoria popular de que toda a acção gera reacção e esta, em cadeia, desenvolve consequência. O que quererei dizer com isto? Tão simples quanto isto: se não se vislumbrasse esta luz emergente da APBC, estou certo de que não se notaria o apagamento e a apatia da ACIC.
 Como todos sabemos, ainda que a APBC nascesse no seu seio, uma UAC, cada uma desenvolve autonomamente a sua função de finalidade social. A APBC tem por objecto a dinamização do comércio no Centro Histórico, a ACIC, é uma associação centenária que visa defender os interesses dos seus associados –e não só, porque institucionalmente é uma agremiação comercial, formalmente representa todos os comerciantes. Para além disso, com a sua longa história de quase 180 anos de implantação na cidade, titulada por decreto de interesse público, a sua intervenção na urbe coimbrã vai muito mais além do simples interesse comercial do distrito.
Acontece que, na última década, sobretudo a partir de 2002, por motivos de alinhamento partidário –que não irei dissecar aqui-, esta grande instituição de reconhecido interesse público, como um Sol que é envolvido por uma gigantesca nuvem, ano após ano, fenece a olhos vistos.
A última intervenção de influência digna de nota na cidade –e aqui saliento o trabalho empenhado do Arménio Pratas, presidente do sector Comercial- foi a manutenção da promessa de construção do tribunal nas antigas instalações já destinadas há décadas –claro que, especulando, poderemos pensar que, como nunca houve vontade de o construir, quer na margem esquerda ou direita, acabou por se tornar fácil a decisão política. A partir daí, numa apatia incompreensível, foi navegar à bolina como se o oceano económico estivesse calmo e sem preocupações. Como se à volta não se vissem grandes navios e pequenas barcaças comerciais a afundar-se.
E, atente-se, são vários os problemas que exigiam uma forte intervenção pública musculada deste gigante adormecido entre o ronronar de um gato e o latir de um cão vadio. Vou apenas citar os mais importantes:

-Perante a grave crise que o comércio de rua atravessa, mal se ouve o protesto bruto e duro perante a tutela. Quando parece surgir algum balido é porque foi tomado a reboque de uma outra qualquer movimentação independente. Então, talvez por falta de convicção originária de conquista, acaba por morrer na praia sem honra e sem glória;

-Incompreensivelmente, perante a interrupção das obras do Metro Ligeiro de Superfície, em que, sobretudo, imensos consumidores dos arrabaldes da cidade foram enganados e abruptamente espoliados de uma via-férrea, a ACIC nunca comentou publicamente este desaire que a cidade foi acometido;

-A ligação entre a Estação-Velha e Nova, por razões mal explicadas, mesmo sem haver Metro, foram progressivamente interrompidas nas suas ligações de comboios. Não se viu ou ouviu por parte da ACIC uma manifestação forte de repúdio;

-Recentemente, devido a uma lesão num pilar de sustentação do IC2, durante quase um mês, foram interrompidas as ligações de comboios na sua totalidade. Da Avenida Sá da Bandeira nada se ouviu. Se saiu algo foi em jeito de gemido, que nem os pombos estacionados nas palmeiras em frente se deram conta;

-Foi anunciado na imprensa local o próximo 22 como “Um Dia sem Carros”, com, mais uma vez a ser a Baixa a sacrificada na interrupção do trânsito automóvel a meio da semana. Perante isto a ACIC disse nada –estranhamente o Arménio Henriques, individualmente, vem lamentar este facto, aqui;

-Mesmo sem regulamentação de suporte legal, há dias, foi anunciado pelo executivo camarário um referendo local à população para se exprimir sobre a abertura das grandes superfícies ao Domingo todo o dia. Perante esta posição absurda, embora calculista do ponto de vista político, a ACIC, até agora não se pronunciou.

Quem matou a ACIC?

1 comentário:

Anónimo disse...

MAS ACIC EXISTE?
É DE FACTO MAU DE MAIS PARA SER VERDADE.
OUVI DIZER QUE O SR. ARMÉNIO SE TINHA DEMITIDO DA ACIC. SERÁ VERDADE?
A SER VERDADE, ESTA ASSOCIAÇÃO ACABA DE PERDE UM BOM ELEMENTO.
QUAL O PAPEL DO PRESIDENTE DA ACIC?
ISTO É. HAVERÁ MESMO UM PRESIDENTE?
POR AGORA FICO POR AQUI.
VAMOS ESPERAR PELOS NOVOS CAPITULOS.. QUE VAI DOER, VAI...