Maria Helena Dias Loureiro deixou um novo comentário na sua mensagem "A COLUNA DO MARCO...":
Não vou comentar as memórias do Marco. As suas memórias são isso mesmo: primeiro são suas e depois são, como qualquer memória, o que fica no consciente depois de um processo complexo de filtragens. As minhas memórias do 25 de Abril e dos meus 19 anos são muito diferentes das suas (os meus filtros são outros) e não vou perder nem o seu tempo, nem o meu a tentar provar-lhe que as minhas memórias são melhores ou mais genuínas. O que me leva a escrever-lhe é, por um lado solidarizar-me consigo enquanto 'vítima' das apertadelas de bochecha do senhor António do talho, por outro fazer um pequeno, mas justo esclarecimento. Como vizinha da frente do senhor António lembro-me de, sempre que saía para a escola, abrir muito devagarinho a porta para ver se conseguia escapulir-me sem ter as bochechas atormentadas. Quando julgava que me ia safar, lá aparecia o senhor António (aposto que ele se escondia...) de dentadura postiça na ponta da língua e a chamar “có có, có có”. Um desatino...
O senhor António adorava animais: era inclusivamente membro da Sociedade Protectora dos Animais, decisão de uma ironia profunda tendo em conta a sua profissão de talhante e esse amor levava-o a olhar pela gataria das redondezas, tendo um dia salvo uma gata de lá de casa que se tinha armado em equilibrista e caído do telhado.
Um dia assisti a uma cena que costumo contar quando falo do 25 de Abril: ia o senhor António a sair do talho e é quase passado a ferro por um automobilista descuidado que acelerava pela Rua dos Esteireiros abaixo. Mal refeito do susto dispara o senhor António: "Vê lá se vais mais devagar oh meu grandessíssimo, meu grandessíssimo...fascista!"
Nem mais! O senhor António já percebera que este novo vocábulo que entrara tão recentemente no léxico do cidadão e da cidadã comuns tinha a ver com alguém que não era boa rês, não tinha respeito pelos outros, não se importava com o mal que causasse aos outros e, perante uma situação real, ali à sua porta, usou-o. E muito bem!
Não vou comentar as memórias do Marco. As suas memórias são isso mesmo: primeiro são suas e depois são, como qualquer memória, o que fica no consciente depois de um processo complexo de filtragens. As minhas memórias do 25 de Abril e dos meus 19 anos são muito diferentes das suas (os meus filtros são outros) e não vou perder nem o seu tempo, nem o meu a tentar provar-lhe que as minhas memórias são melhores ou mais genuínas. O que me leva a escrever-lhe é, por um lado solidarizar-me consigo enquanto 'vítima' das apertadelas de bochecha do senhor António do talho, por outro fazer um pequeno, mas justo esclarecimento. Como vizinha da frente do senhor António lembro-me de, sempre que saía para a escola, abrir muito devagarinho a porta para ver se conseguia escapulir-me sem ter as bochechas atormentadas. Quando julgava que me ia safar, lá aparecia o senhor António (aposto que ele se escondia...) de dentadura postiça na ponta da língua e a chamar “có có, có có”. Um desatino...
O senhor António adorava animais: era inclusivamente membro da Sociedade Protectora dos Animais, decisão de uma ironia profunda tendo em conta a sua profissão de talhante e esse amor levava-o a olhar pela gataria das redondezas, tendo um dia salvo uma gata de lá de casa que se tinha armado em equilibrista e caído do telhado.
Um dia assisti a uma cena que costumo contar quando falo do 25 de Abril: ia o senhor António a sair do talho e é quase passado a ferro por um automobilista descuidado que acelerava pela Rua dos Esteireiros abaixo. Mal refeito do susto dispara o senhor António: "Vê lá se vais mais devagar oh meu grandessíssimo, meu grandessíssimo...fascista!"
Nem mais! O senhor António já percebera que este novo vocábulo que entrara tão recentemente no léxico do cidadão e da cidadã comuns tinha a ver com alguém que não era boa rês, não tinha respeito pelos outros, não se importava com o mal que causasse aos outros e, perante uma situação real, ali à sua porta, usou-o. E muito bem!
Mª Helena Dias Loureiro
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Marco deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)":
Senhora Dona Mª Helena, esclareça-me lá por favor, é que por vezes não apanho à primeira as coisas, não me está a comparar ao automobilista, ou está? «...alguém que não era boa rês, não tinha respeito pelos outros, não se importava com o mal que causasse aos outros,...» estará a incluir-me? Uma criança na altura! Ah só mais uma coisita, não use ironia, sarcasmo e desprezo na sua resposta comigo, por favor. Ou está a comparar ou não.
Marco
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M.ª Helena deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)":
Marco
Acredite que se eu quisesse utilizar ironia ou sarcasmo seria o primeiro a notar.
A história que contei tinha apenas como objectivo mostrar que 'fascista' na boca do sr António não tinha o sentido político, ideológico da palavra. Para ele fascista era uma forma de insulto, é verdade, e por isso entendo que o Marco se sentisse por isso, mas não mais do que isso.
Mª Helena Dias Loureiro
Senhora Dona Mª Helena, esclareça-me lá por favor, é que por vezes não apanho à primeira as coisas, não me está a comparar ao automobilista, ou está? «...alguém que não era boa rês, não tinha respeito pelos outros, não se importava com o mal que causasse aos outros,...» estará a incluir-me? Uma criança na altura! Ah só mais uma coisita, não use ironia, sarcasmo e desprezo na sua resposta comigo, por favor. Ou está a comparar ou não.
Marco
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M.ª Helena deixou um novo comentário na sua mensagem "UM COMENTÁRIO RECEBIDO (SOBRE...)":
Marco
Acredite que se eu quisesse utilizar ironia ou sarcasmo seria o primeiro a notar.
A história que contei tinha apenas como objectivo mostrar que 'fascista' na boca do sr António não tinha o sentido político, ideológico da palavra. Para ele fascista era uma forma de insulto, é verdade, e por isso entendo que o Marco se sentisse por isso, mas não mais do que isso.
Mª Helena Dias Loureiro
3 comentários:
Senhora Dona Mª Helena,esclareca-me lá por favor,é que por vezes não apanho á primeira as coisas,não me está a comparar ao automobilista,ou está?«...alguém que não era boa rês,não tinha respeito pelos outros,não se importava com o mal que causasse aos outros,...» estará a incluir-me?Uma criança na altura!Ah só mais uma coisita,não use ironia,sarcasmo e desprezo na sua resposta comigo,por favor.Ou está a comparar ou não.
Marco
P.S.:Obrigado pela solidariedade,é reciproca pois só quem passou pelos «carinhos» do sr.António sabe do que falamos.Gostaria de referir,também, que o sr.António era visita de casa da minha familia,passava fim de semanas em casa do meu avô(eu fugia,sabe porquê!).
Marco
Acredite que se eu quisesse utilizar ironia ou sarcasmo seria o primeiro a notar.
A história que contei tinha apenas como objectivo mostrar que 'fascista' na boca do sr António não tinha o sentido político, ideológico da palavra. Para ele fascista era uma forma de insulto, é verdade, e por isso entendo que o Marco se sentisse por isso, mas não mais do que isso.
Mª Helena Dias Loureiro
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