terça-feira, 27 de abril de 2010

PARABÉNS À EQUIPA DO CHIADO




Quem deu um pulinho no Sábado à Baixa, pelo recuar no tempo, certamente ficou de boca aberta. O centenário dos Grandes Armazéns do Chiado em Coimbra foi um estrondoso êxito. A directora, a Drª Berta, bem deve estar orgulhosa pelo espectáculo apresentado. Segundo sei, praticamente, os “performers” foram todos “prata da casa”, como quem diz, pessoal adstrito ao Departamento de Cultura da Câmara Municipal de Coimbra. Foi um desempenho de cinco estrelas. Há muito que o Centro Histórico não revivia com tanta intensidade um pouco da sua história comercial, para mais ainda, sabendo nós, o período de crise que está atravessar toda a actividade mercantil.

 Esta é a prova cabal de que havendo animação a Baixa mexe. Pode até argumentar-se que os visitantes, nestas alturas, não compram nada. Não importa. Não compram agora, comprarão depois. O que é preciso é que as pessoas recordem o vínculo ao coração da cidade. É preciso criar mecanismos como este para fazer retornar os visitantes a esta zona de antanho. Há também um caso curioso. No Domingo o Chiado esteve aberto ao público. Pois, pasme-se, teve 450 visitantes. O argumentar de que as pessoas esqueceram a Baixa, se calhar, não será verdade. O que é preciso é conseguir animação constante. É certo que não há dinheiro. Todos sabemos. Mas, está aqui a prova: a direcção do Chiado, em colaboração com o Departamento de Cultura, com pouco dinheiro, recorrendo a empréstimos de particulares, pode apresentar um espectáculo revivalista digno de nota. Não sei, mas, provavelmente, a nova locatária da cultura, Maria José Azevedo, enquanto vereadora da cultura, quererá apresentar um bom trabalho. Porque não convoca todas as associações da Baixa, juntas de freguesia e outras pessoas que possam dar ideias para dinamizar o centro histórico?

Eu sou amigo de Mário Nunes, o anterior vereador da cultura. Acho que foi injustamente muito maltratado. Fez o que pode pela Baixa, diga-se lá o que se disser. E fez boas realizações. No entanto, apesar de reconhecer o seu grande valor como um homem de cultura que muito tem feito pelo património da cidade, faço-lhe uma crítica: Nunca se mostrou interessado em reunir com pessoas e instituições que pudessem contribuir com ideias para a Baixa, que pudessem ajudar, e, ao mesmo tempo, planear e calendarizar os espectáculos, de modo a que uns não chocassem com outros. De tal modo, o desconcerto era grande que, por vezes, chegou a haver fados na Praça do Comércio e jazz na Praça 8 de Maio. Tudo à mesma hora. Ora estamos a falar de uma distância de 100 metros, e em que o som das trompetes abafavam o trinar das guitarras de Coimbra. O que tem sido feito até agora é o vereador da cultura parecer que está numa redoma de vidro e quem quiser alguma coisa, como súbditos, têm de ir rogar a el-rei. Ora, quanto a mim, este procedimento está errado. O (a) vereador(a) da cultura é que deve descer ao povoado e, dando-se a conhecer à plebe, oferecer os seus préstimos a quem quiser trabalhar e a ajudar a cultura –claro que esta conduta é (deveria ser) extensível a todos os políticos eleitos, o que acontece é que, depois de nomeados, enchem o peito de ar, como casta iluminada pelos deuses, e tomados pelo poder adquirido, esquecem a colaboração prometida no mês anterior às eleições. E com este comportamento ganha alguém? Antes pelo contrário, perdemos todos e mais especialmente Coimbra.

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