terça-feira, 6 de abril de 2010

A ÚLTIMA PEIXARIA DA BAIXA, VAI-SE




O senhor Miguel e a esposa são proprietários de uma peixaria na Rua das Padeiras. São tão simpáticos e populares que se pensava que já faziam parte do mobiliário urbano, móvel e imóvel, desta artéria.
Pois este agradável casal está de partida. “Não aguento mais, senhor Luís. As despesas são incomportáveis. Em Maio vamos embora. Pago 1190 euros de renda. Para a EDP são todos os meses cerca de 250 euros –olhe que quando vim para aqui, há cerca de 9 anos, pagava à volta de 75. Está bem que tenho mais máquinas, mas de 75 para 250 euros é obra! Olhe aqui –e mostra-me o recibo- o preço do kw, do ano passado para este, subiu cerca de 12 por cento. Eu tenho alguma coisa a ver com os ordenados do Mexia? Pois! Não diga, já vi que tenho, que sou contribuinte directo. Mas não aceito…se ainda ao menos me considerassem nos lucros!”, enfatiza o senhor Miguel.
Prossegue a esposa, “como é que pudemos aguentar? Não podemos continuar a afundar-nos em dívidas. Antigamente a Semana Santa era a nossa salvação do mês da Páscoa. Nesta última não fizemos nada! Não consigo entender como é que na Baixa há quase uma dúzia de talhos de carne e todos parecem desenrascar-se. Nós somos a última peixaria e somos obrigados a encerrar. Não consigo compreender…”
Talvez valesse a pena, nem que fosse por segundos, pensar nisto. Não sei, digo eu! Se calhar estou a ver as coisas mal...

1 comentário:

Anónimo disse...

O mal deste país é a quantidade dos Mexias, que andam a mexer no nosso bolso.