terça-feira, 13 de abril de 2010
REQUIEM POR QUEM FOI FORÇADO A ENCERRAR
No último mês, num raio de 50 metros, encerraram três estabelecimentos. Um na Rua das Padeiras, o Jorge Eliseu, uma loja de marroquinaria, malas carteiras e afins. E dois na Rua Eduardo Coelho; uma de sapataria, “Os Coutinhos" e outra de “pronto-a-vestir”, o “Bib’s”.
Ontem à noite, cerca das 21 horas, apanhei o dono deste último estabelecimento, o “Bib’s, a carregar os balcões e restante material.
Embora seja difícil obter declarações de quem parte, aqui tive sorte. O que falhou? Interroguei.
Respondeu-me: “era impossível continuar. Estava apagar 2000 euros de renda. Nestes últimos dias estava a fazer diariamente cerca de 80/100 euros. Aos sábados fazia 20. Como é que era possível continuar? Coimbra, em termos de negócio, caiu vertiginosamente –estive aqui nesta mesma loja há cerca de 13 anos e pagava 650 contos, 3250 euros na moeda actual, e, nessa altura, dava. Agora não dá. Isto aqui em Coimbra está muito pior que a Figueira da Foz. Tenho lá uma loja e a quebra não foi tão acentuada”.
Então e, na sua opinião, qual é a causa desta abrupta quebra? Interrogo. “Para mim, são as lojas chinesas. Eles estão a dar cabo de tudo. Estão a invadir e inflacionar as rendas comerciais em todas as cidades. Basta ver o que se passa aqui na Baixa. Já viu as demasiadas lojas que há por aqui? Já viu aquela junto à Estação-Nova? Na Figueira é a mesma coisa. Abriu lá agora uma com cerca de 3000 metros quadrados que é uma loucura. Aos fins de semana, aquilo parece Meca, tudo vai em romaria. E o que é que se pode fazer? Eles têm condições que nós não temos. São organizados. Trabalham em clãs. Por isso podem pagar rendas de 9000 euros. Quem é que pode competir assim?” –desabafa o dono do “Bib’s”.
E vê algum futuro para o comércio nas cidades? Interrogo. "Sinceramente…não veja mesmo. Não sei o que querem fazer disto…”
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2 comentários:
Conforme venho afirmando há bastante tempo, o crescimento das lojas chinesas são um mal necessário da sociedade Ocidental, em tempo de crise bem tem ajudado quem mais fracos rendimentos possuem. Penso que é preferível ter a Baixa cheia de lojas chinesas que ver as ruas com as lojas todas encerradas.
Defendo que está na altura dos comerciantes da Baixa seguirem o exemplo de alguns comerciantes chineses, associarem-se nas compras e na adaptação dos horários alargados.
Ainda hoje numa das minhas conversas diárias sobre a Baixa com o meu amigo Luís Fernandes, que deveria ser ouvido e escutado com bastante atenção, tanto pelos comerciantes como pelas Instituições competentes, contei-lhe como fiz um exercício real de ida hás compras em diversas lojas do comercio tradicional e nas lojas dos chineses.
Cheguei à Baixa, estacionei o carro, introduzi 1,20 € no parquímetro na Avenida Navarro, dirigi-me à Praça 8 de Maio a uma papelaria/livraria para comprar um rolo de fita-cola (1,35€) e um caderno de linhas A4 (0,90€), de seguida fui a um mini mercado perto da Praça do Comercio comprar um detergente para o chão de 1 Litro (1,30€) e 4 pilhas de 1.2Volt (2.20€), demorei cerca de uma hora para fazer estas compras e beber um café. Voltei a fazer as mesmas compras oito dias depois, onde introduzi 0.30 no parquímetro novamente na Avenida Navarro, mesmo em frente a uma loja chinesa, entrei, comprei 3 rolos de fita-cola por 0.99€, 1 caderno de linhas A4 por 0.80€, comprei dois frascos de detergente para o chão de 1,5Litros cada por 1.70€ com a oferta de um frasco de detergente para a louça, para finalizar comprei as 4 pilhas de 1.2Volt pelo valor de 1.60€ e de seguida fui beber um café.
O que quero demonstrar e que as lojas dos chineses são uma grande superfície em ponto pequeno, onde existe de quase tudo a preço muito mais reduzido que no comercio tradicional, sem ser preciso andar às voltinhas para fazer as compras e pagar o triplo do estacionamento e com a vantagem de poder realizar estas compras até mesmo ao Domingo.
As compras que realizei nas diferentes lojas do comércio da Baixa, ficaram-me por 6.95€ e as compras na loja chinesa por 5,39€, a diferença no custo nem foi muita, embora tenha trazido muita mais quantidade da loja dos chineses e despendi muito menos tempo, pois realizei todas as compras no mesmo local.
O comércio tradicional tem de acompanhar a evolução da sociedade no tempo e no aproveitamento dos espaços, e nunca esquecer quem dita as regras do consumo é o consumidor e não os comerciantes.
No meu entender é nesta perspectiva que os comerciantes da baixa se devem unir e seguir o modelo das lojas chinesas, que ainda a poucos anos eram dominadas por lojas dos 300, o conteúdo é quase o mesmo só mudou a nacionalidade por proprietários.
Grande parte das lojas da baixa são loja de roupa e sapatarias é natural que nem todas se aguentem com tanta oferta e pouca procura, dado que com a crise as pessoas não compram roupa e sapatos com tanta frequência como compravam antigamente.
As lojas da baixa têm de marcar pela diferença, se vendem as mesmas coisas que vendem as lojas dos centros comerciais as pessoas preferem ir a estes últimos por razões óbvias. Por isso, têm de vender produtos únicos, que só lá se possam encontrar e os comerciantes podem explorar novos mercados como o gourmet ou os produtos biológicos, que actualmente faz bastante sucesso. Tem de ser inovadores e deixarem de pensar que estão a vender no século XX.
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