sábado, 10 de abril de 2010

A COLUNA DO JORGE...





Um Novo Centro para Outra Coimbra


Bairro Velho, Rumos Novos


 Vivemos uma grave situação de abandono residencial, comercial, social e cultural do centro histórico da nossa cidade.
Às políticas de habitação e de especulação imobiliária das gestões camarárias das últimas décadas, soma-se a promoção de lógicas comportamentais de consumo que apenas agudizam os problemas, contribuindo para situações graves de exclusão social e degradação do património edificado e cultural, assim como do tecido comercial resistente.
Aqui e ali encontramos intervenções pontuais positivas mas desarticuladas de qualquer estratégia global de reabilitação do centro histórico.
Trata-se de intervenções desligadas das pessoas - residentes, comerciantes, trabalhadores, visitantes, instituições de apoio, promotores culturais - numa lógica burocrática/administrativa que poderíamos descrever como a utilização de paliativos para tratamento de problemas sérios.
Estamos perante uma realidade irrefutável e muito grave mas com a qual não nos conformamos ou resignamos!
Aos residentes deverão ser providas condições para uma vida de qualidade, com condições que favoreçam a fixação de famílias jovens e estudantes. As intervenções de reabilitação urbana deverão privilegiar tipologias e acessibilidades adequadas às diferentes necessidades dos residentes e visitantes do centro histórico.
Nestes tempos de crise, é crítico o apoio à criação de espaços que promovam o convívio inter-geracional e ofereçam aos trabalhadores e residentes alternativas para a difícil gestão da sua vida familiar e profissional.
O centro histórico pode e deve ser um centro vivo da cidade, onde os residentes de diferentes gerações coabitem harmoniosamente com espaços de cultura e lazer diversos e inclusivos, que funcionarão como pólo de atracção permanente para todos os habitantes da região.
O centro histórico deverá prestar condições físicas e logísticas às múltiplas associações culturais que vão nascendo na região, salvaguardando a promoção de intervenções diversas, com e para os residentes e visitantes, contribuindo para o orgulho da cidade num centro histórico efectivamente vivo. A crescente realidade multicultural do centro histórico é um factor de valorização acrescido e deverá ser potenciada.
Os idosos, deficientes e excluídos sociais deverão poder aceder a redes solidárias que, articulando voluntariado e IPSS, ofereçam efectiva e duradoura resposta aos seus problemas. A concentração das IPSS no centro histórico deverá facilitar o seu exercício e promover a sua articulação no sentido de se lançarem projectos de apoio inovadores e pluridisciplinares que extravasem em definitivo a mera prestação de cuidados caritativos.
A revitalização do comércio depende, essencialmente, da capacidade dos comerciantes em se coordenarem para oferecerem alternativas de qualidade aos hábitos de consumo massificados. Uma alternativa passa pela articulação com espaços de lazer e restauração diversos, complementando com iniciativas culturais regulares com e para os visitantes – -conviver em espaços de qualidade ambiental, social e cultural.
Um conjunto de iniciativas existentes – “mercadinho do Quebra-Costas”, “Noite Branca” e feiras temáticas, …- são exemplos de sucesso que criam novos hábitos de utilização do Centro Histórico para diferentes actividades lúdicas, culturais e de consumo.
Os objectivos que atrás definimos precisam de passos corajosos, decididos e ambiciosos mas é com o contributo de todos, através do envolvimento e apresentação de propostas, que se conseguirá uma efectiva reabilitação e revitalização desta parte velha da cidade para este se tornar um local de referência para a qualidade de vida.


JORGE NEVES

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