VOTA GABRIELA, em desafio de ideais,
no começo do lugar, lê-se no grande placard,
para os eleitores, à entrada dos Carvalhais,
é então que passa um homem a sussurrar,
olha o painel, interroga o rosto: “para onde vais?”;
Gabriela, do alto, com ar de executiva, sorri,
responde pelas siglas do PSD em coligação,
“vou fazer política, foi sempre o que senti,
gosto de ajudar, dá-me prazer, é minha missão,
estou para te servir, acredita, vota em mim”;
O homem: “mas eu não te reconheço partidária”,
“é verdade! Eu nunca fui inscrita política filiada,
tenho princípios, sou crente, sempre fui solidária,
tenho convicções, com este sistema, sou revoltada,
acredito no destino, ensino, essa é a minha área”;
O homem: “és candidata pela junta de freguesia,
gostava de te lá ver mulher, aqui nasceste, aqui cresceste,
conheço-te desde menina, gosto da tua cara de “Virgem Maria”,
aqui trabalhas, cá estudaste, aqui amas, cá sofreste,
conheces-nos, estamos ao teu lado, partilhamos a tua alegria;
Pressinto que, por detrás desse teu charme, estás receosa,
é normal, vais invadir uma esfera fechada, mas podes revolucionar,
a política precisa de mulheres-mãe, é natural estares temerosa,
não temas, onde errares, outros já o fizeram, é bom lembrar,
se permites, sê honesta com todos, sê mesmo tu, generosa;
Que o poder não te suba à cabeça, Gabriela, cravo e canela,
vais servir a “polis”, não te vais servir na tua ambição,
mesmo na tormenta, no uivar dos ventos, naquela molhadela,
vais sentir o prazer indescritível de ajudar todos, até na solidão,
serás sempre a Gabriela, “simplesmente” tu, não a da telenovela.
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