sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A BAIXA A IR PARA CIMA: TRÊS NOVAS LOJAS







A semana passada, em conversa com uma vendedora da “Era, Imobiliária”, Maria do Céu Sobral, dizia-me esta que a Baixa está a ter uma procura interminável. “Nós, “Era”, não temos produto para tantas solicitações. O problema é os avultados trespasses, acompanhados de rendas altas. O senhor não saberá aí de alguma loja para venda por aqui?”, interrogava-me a vendedora de imóveis.
O engraçado é que para mim, que estou cá e se calhar também para si, foi uma completa surpresa. É como se o centro histórico andasse a dois movimentos. Quem cá exerce a sua actividade, numa grande maioria, a começar por mim lamenta isto e aquilo e até fala em desistir, ainda que muitas vezes não sinta o que diz, depois, felizmente que é assim, a mostrar o contrário, o pragmatismo, a dinâmica do centro histórico, mostra que a Baixa está viva e recomenda-se. E a prová-lo está o facto de esta semana, de “rajada” abrirem três novos estabelecimentos.
Ainda bem que assim é. No fundo, ainda que os problemas não deixem de subsistir, dá-nos um novo alento para continuar.
Vamos então à notícia das novas casas que vieram engrandecer o tecido comercial:

Na Praça do Comércio, junto à Igreja de São Bartolomeu, abriu um novo estabelecimento de artigos decorativos e design. É propriedade de Maria da Conceição Morais, e, nestas coisas, sabe muito bem com quantos metros se faz um fato. A Conceição tem outro estabelecimento também na mesma praça, a “Casa Confiança”, uma loja de tecidos a metro com quase um século e que foi fundada, salvo erro, pelo senhor Abílio, um comerciante muito respeitado na antiga praça velha e que ainda cheguei a conhecer por volta da década de 1970.
Quando interrogo a Conceição acerca do porquê de ter aberto mais uma loja próximo da outra, responde: ”nós, na “Casa Confiança”, para além dos tecidos, começámos também a vender artigos decorativos e reparámos que havia procura, e como é um ramo que adoro, achei que deveria arriscar”, enfatiza a comerciante.
Quando lhe pergunto se acredita na recuperação da Baixa, olha para mim com os seus olhos bonitos, e, em ar de desafio, responde: “claro que acredito. Os centros comerciais são apenas uma moda…e já está a mudar. A Baixa é sempre a Baixa”, complementa com um largo sorriso.

Na Rua das Padeiras, e frente também para a Rua Eduardo Coelho, abriu também um novo estabelecimento de sapataria. É uma nova firma mas apenas em Coimbra. Já são veteranos no negócio de venda de sapatos. Tem uma grande loja em Viseu, junto ao “Palácio do Gelo”.
Quando interrogo o senhor Jorge, um dos proprietários, dando-lhe as boas-vindas, para me dizer como é que aconteceu a sua vinda para Coimbra, responde: “nós gostamos muito desta cidade. Está marcada na nossa mente como o centro do centro do comércio. Ainda que fosse noutro tempo, mas as coisas estão a mudar e o empresário não se pode deixar dormir. Comerciante é um ser de esperança. Todos os dias, logo de manhã, quando coloca a chave na fechadura, pensa para si: “hoje vou ter um dia bom. Algo me diz que sim”, conta-me o Jorge no meio de um sorriso abrangente em forma de abraço.

No Largo das Olarias, também esta semana, abriu um novo estabelecimento que muito vem engrandecer o centro histórico. Trata-se da pizzaria SuperAgosto. Este bonito estabelecimento vai ter um horário alargado das 11 às 23 horas. Para além de as venderem no estabelecimento, entregam pizzas ao domicílio. Posso garantir que são um festim pantagruélico para os nossos estômagos. Já as provei ontem.
Não consegui falar com nenhum dos proprietários. No entanto, esta abertura deixa-me particularmente feliz. Já tinha contado aqui as peripécias burocráticas por que passaram estes dois investidores do leste europeu.
Ainda bem que tudo se resolveu a contento. Mas fica a chamada de atenção ao presidente da Câmara Municipal de Coimbra e ao seu novo executivo que tomará posse no próximo dia 5: todos estes investidores terão de ser acarinhados como se fossem um bebé de colo. A recuperação da Baixa, entre outros, passa essencialmente por quem escolhe trabalhar aqui, apostando os seus haveres e o seu futuro num negócio. Tenho alguma esperança que este mandato, sendo o último, de Carlos Encarnação se possa pautar por alguma assertividade. Era bom que os comerciantes sentissem que na autarquia está um amigo para resolver os problemas do comércio. E não se pense que são poucos. São imensos. Mas, se houver boa vontade, abertura ao diálogo, tudo se ultrapassará. Será bom que todos os intervenientes, poder local e munícipes, sintam que ambos são actores da mesma peça. Se cada um puxar para seu lado, é evidente que o espectáculo será uma fraude para o espectador…que serão os nossos descendentes.

Um grande abraço a todos e muitas felicidades.

Sem comentários: