quinta-feira, 29 de outubro de 2009

EDITORIAL: EM NOME DA REPÚBLICA, ESTA BAGUNÇA NÃO PODE CONTINUAR




Como mosca repentinamente caída na sopa, aí está mais uma operação “Face Oculta”, em que surgem associados nomes da política nacional e agora a ocuparem cargos de direcção de grandes empresas de capitais públicos.
Uma primeira questão que a mim me toca é o facto de estarmos a falar de pessoas com ordenados mensais de cerca de 25 mil euros. Então, dá para ver que estes indivíduos, tendo em conta o seu elevado rendimento, querem muito mais. Nada lhes chega. “Serviço Público”, para eles, será servirem-se dos seus nomes, das suas relações políticas, dos partidos políticos, tudo em teia para se servirem na “saca-vilanagem”.
E perante isto o que se faz? Nada. Agora foram constituídos arguidos pela Polícia Judiciária, para, de arrastar em arrastar o processo, chegar a julgamento. Entretanto algumas das escutas irão ser consideradas ilegais e outros meios de prova. Quando o julgamento se fizer, daqui a vários anos, haverá apenas um condenado que será o comerciante de Ovar. Os outros arguidos, porque serão defendidos com advogados pagos a peso de ouro, e fruto das suas influências políticas, passarão à vontade na malha estreita da justiça e continuarão a exercerem a sua actividade delituosa em nome do Serviço Público.
Ora, perante um caso como este, desta gravidade, o que deveriam fazer as entidades conexas com estes arguidos? A começar logo pela Ordem dos advogados –lembro que Marinho Pinto é muito lesto a atacar a magistratura, mas ambíguo em expurgar os cancros da Ordem-, deveria imediatamente suspender o advogado Paulo Penedos.
A seguir a REN deveria, com efeitos imediatos, suspender o seu presidente José Penedos.
O BCP, igualmente, deveria inibir, com efeitos suspensivos imediatos, Armando Vara até à conclusão do processo.
O Partido Socialista, pelo respeito aos seus eleitores, imediatamente deveria demarcar-se dos seus correligionários, respectivamente, ex-secretário de Estado e ex-ministro da administração interna.
Pela credibilidade pública que os partidos políticos merecem, o PS não pode vir dizer “que confia na justiça e está ao lado dos seus (maus) representantes políticos”. Para que, de uma vez por todas, se separe o trigo do joio, é preciso mesmo apartar a má moeda da boa moeda. Caso não se faça este afastamento, cada vez mais os cidadãos vão tomar a árvore pela floresta e olharão para o caso isolado como fazendo parte da mesma podridão.
É um caso de salvação do sistema democrático que está em causa. E, como nunca foi feito até agora pelos partidos, alguém terá de tomar a iniciativa. Pois, pelo passado, pelo respeito que merece o partido de governo, comece-se imediatamente a expurgar estas manchas negras de parasitismo que, à custa da carreira política nos partidos e dos negócios do Estado, desgraçam tudo por onde passam. E mais grave: abalam toda a credibilidade do pilar da justiça.
É que é preciso ter em conta que não falamos de pessoas que, arriscando os seus pecúlios, investiram num negócio e que, devido à crise, fugiram às suas obrigações para com o Estado, no pagamento de impostos. Nada disso. Estas pessoas nunca arriscaram nada. Em nome do apelido, em nome do “amiguismo”, em nome do partido, chegaram a cargos de direcção na mais alta esfera empresarial do Estado. E depois de lá chegar o que fizeram? Como abutres, esquecendo o tal “princípio de Serviço Público”, que nunca o exerceram em nome da colectividade, delapidam toda a riqueza do país criada ao longo de décadas ou séculos.
Em nome da República Portuguesa, esta impunidade não pode continuar.

1 comentário:

Anónimo disse...

So temos direito a colocar o votinho... o k fazer? A IMPRENSA TÁ TODA CONTROLADA!