quinta-feira, 11 de setembro de 2008

11 DE SETEMBRO DE 2008

(AS TORRES GÊMEAS, ANTES DO ATENTADO, EM 2001, EM N.Y.)

Hoje, passados sete anos do grande atentado que abalou o mundo, talvez fosse bom pararmos por um momento e pensarmos o que foi feito, ao longo deste tempo, para melhorar as relações económicas entre o primeiro e o terceiro mundo.
Para além de medidas “securitárias” levadas ao extremo, quase a raiar a paranóia, o essencial, ou seja, as assimetrias entre o G8 e os restantes países continuam. Estou certo que não exagero se disser que aumentaram. A chamada prevenção, tomada pelos Estados tem servido para tudo, até para “tirar camisas”. Num fundamentalismo patológico, em nome da segurança, assistimos hoje às maiores invasões da vida privada.
Em Portugal, depois de sete anos, como já é habitual as ondas de choque chegaram passado todo este tempo. Parece que o 11 de Setembro, no país, foi este ano. Estamos a assistir a medidas que, se não fossem trágicas, dava vontade de rir. São invasões de bairros problemáticos com as televisões atrás; são rusgas em estabelecimentos nocturnos; são operações stop sem precedentes; e até, pasme-se, há dias numa feira foram apreendidas pistolas de brinquedo em plástico. É certo que a similitude com as verdadeiras era notória, mas mesmo assim. Hoje, segundo o Diário as Beiras, “a PSP de Aveiro anunciou, ontem a realização de uma operação de fiscalização, num estabelecimento comercial, tipo bazar, em Águeda, e que levou à apreensão de vários objectos. (…) foi identificado (…) o comerciante por ter à venda diversos sabres, sem ter requerido o respectivo alvará”. Aposto qualquer coisinha que este homem vai ser absolvido. Palavra que gostava de ver o auto de acusação e ler o artigo do Código Penal que foi inserido como moldura penal.
Ora, perante a notícia, avaliemos então o gravíssimo ilícito deste comerciante de bazar de brinquedos. Esta nota de imprensa é acompanhada de uma foto com os sabres apreendidos. Então, como conheço muito bem este material, vou descrevê-lo. São imitações de sabres japoneses, em resina, com lâminas sem corte, também em plástico, que, mesmo arremessadas contra uma pessoa, não provocam qualquer dano, a não ser o de contusão. Estas espadas são vendidas no país há várias décadas e, quase tenho a certeza, nunca provocaram qualquer ferimento em crianças.
Agora digam-me: isto não é paranóia? Será que as polícias vão invadir todos os bazares de brinquedos à procura de pistolas?
Quando é que estas pessoas se capacitam que quem quer matar mata de qualquer jeito e até uma pedra da calçada serve? A apreensão obsessiva de armas é apenas uma inversão de ónus de intenção.
Tenho a certeza que esta minha afirmação não será unânime, mas é o que penso. Se não concorda, faça o favor de recalcitrar. Faça isso. Gostava de ler o que pensa a este respeito.

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