quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

UM VELHO COMERCIANTE QUE SE FOI




Só hoje me apercebi, pelo anúncio da missa de sétimo dia, colado na porta do estabelecimento, que o senhor Loureiro, desde a semana passada, já não está entre nós.
Nesta roda que é a vida, calhou a vez a este velho homem experiente do comércio. Durante mais de meio-século, sempre coadjuvado pela esposa, a Dona Mariazinha –como sempre lhe chamámos- ele esteve presente no A. Loureiro, Lª, Na Rua Visconde da Luz. No início era uma loja de candeeiros e arranjos de rádios, no tempo das válvulas, e tudo o que era electrodomésticos. Num passado recente em que tudo se transformava no mesmo, depois de arranjado, e nada se perdia. Antes deste tempo do “usar e deitar fora”, em que nada deixa marca. Os objectos, outrora duradouros, passam na nossa vida, hoje, com a mesma rapidez que um dia passa no calendário. Nada ganha pó no lugar.
Sabia que o senhor Loureiro, e também a Mariazinha, estava doente, sem sair de casa, já há muito tempo, mas não poderia prever um final tão rápido. Enfim é a vida, diremos todos. E assim é mesmo. Se somos ricos pela consideração, amizade e conhecimento, que merecemos, com o desaparecimento do senhor Loureiro, ficámos todos mais pobres. Mas a vida tem de continuar.
À família enlutada, os meus sentidos pêsames.

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