quarta-feira, 23 de outubro de 2019

EDITORIAL: O PSD DEVE UMA EXPLICAÇÃO AOS CONIMBRICENSES

(Imagem desviada da Web)




Coimbra é uma cidade que, fechando-se ao conhecimento geral
- uns porque deliberadamente ignoram, outros porque não têm
acesso à informação –, não participa, ou participa mal. O resultado desta falta de
erudição é o lamento permanente de que, na área cultural, por exemplo,
nunca acontece nada”


1 – No dia 07 de Outubro, na sala das sessões da Câmara Municipal de Coimbra, pela mão de Paulo Leitão, líder da bancada do PSD, foi distribuído um comunicado à imprensa (e ao único munícipe presente no compartimento, no caso eu) onde constava o teor de uma proposta de alteração ao Regimento das Reuniões para ser discutida na reunião seguinte, nesta última Segunda-feira. A proposição era uma acção conjunta do movimento Somos Coimbra e do PSD e visava acabar de vez com o continuado desrespeito que a maioria socialista manifestava para com os cidadãos intervenientes. Desde uma até cinco horas, os poucos munícipes que se aventuravam a intervir tinham de gramar a pastilha e, contra o prescrito no regulamento, esperar para o fim da sessão para serem ouvidos. O resultado deste martírio foi o número de inscrições ter caído a pique desde que o PS ganhou a autarquia conimbricense, em 2013 (pode consultar aqui números precisos após análise exaustiva às actas);


2 - Estranhamente os jornais, diários e semanários, publicados na cidade, em papel e online, nunca referiram esta proposta conjunta da oposição, nem o fim a que se propunha. O porquê de não serem imparciais e manterem uma equidade necessária e continuarem fechados à informação política que os leitores têm direito, só os directores destes meios de informação poderão responder. Convém esclarecer que, salvo raras e honrosas excepções, sempre foi assim. O que se passa hoje, com os socialistas na cadeira presidencial, não é um fenómeno novo. Mudam os governos na Câmara Municipal e a implícita protecção ao poder mantém a bitola. Lá nisto, na sistematização de procedimento, ninguém poderá dizer que os media não são coerentes. Coimbra é uma cidade que, fechando-se ao conhecimento geral - uns porque deliberadamente ignoram, outros porque não têm acesso à informação –, não participa, ou participa mal. O resultado desta falta de erudição é o lamento permanente de que, na área cultural, por exemplo, nunca acontece nada;

3 – Em 17 de Outubro, na Página da Câmara Municipal de Coimbra (Não Oficial), no Facebook, o movimento Somos Coimbra publicou um comunicado a insurgir-se contra a não aceitação da proposta:

"Somos Coimbra partilhou uma publicação.
Ordem de Trabalhos da próxima reunião da Câmara de Coimbra
Repare-se que o Partido Socialista recusou agendar para esta reunião da Câmara a proposta de agendamento apresentada em conjunto pelo PSD e SC, sob a forma de requerimento, para alteração do Regimento das reuniões da Câmara no sentido de fixar a hora de intervenção do público para as 14.30, evitando assim que os munícipes sejam obrigados a esperar horas pela sua intervenção.
É a habitual falta de respeito pelas pessoas. Será para a próxima reunião? Porque não foi nesta?...
Mais uma vez os meios informativos locais não publicaram uma vírgula sobre esta notícia do Somos Coimbra;

4Nesta última Segunda-feira, 21 de Outubro, dia da reunião camarária, José Manuel Silva (JMS), coordenador do Somos Coimbra e vereador sem pelouro com assento parlamentar, à boca da reunião, apercebendo-se que, afinal, a proposta foi agendada mas sem o documento do que era proposto. Ou seja, o assunto foi incluído, mas a proposta não constava da Ordem de Trabalhos. Logo que notou, alegadamente, JMS, embora mantendo a data anterior, corrigiu o post no Facebook com o seguinte teor:
OT da próxima reunião da Câmara de Coimbra
Corrigimos a informação anterior, com um pedido de desculpa pelo equívoco. O tema do regimento da Câmara foi agendado no ponto I.2, mas o documento proposto não foi distribuído, estando agora a ser fotocopiado para ser distribuído por todos os vereadores. A partir de hoje, dia 21, inclusivé, a hora de intervenção do público será rigorosamente às 17h. Uma pequena vitória para a democracia”;

5 -Segundo os dois diários da cidade, numa prosa, curta e ininteligível, que, como não havia sido disponibilizada e publicada toda a informação anterior, obrigava a ler várias vezes para compreender o que tinha acontecido, tudo se tinha modificado.
Citando o Diário de Coimbra, “a alteração ao regimento das reuniões da Câmara Municipal de Coimbra que os vereadores do PSD e do movimento Somos Coimbra (SC) defendiam não foi aprovada (…)… (…) o presidente Manuel Machado colocaria à votação o actual regimento, que dá cinco dias de preparação do processo, mas com a obrigatoriedade de interrupção sensivelmente às 17h00. A proposta da maioria (socialista) seria aprovada com os votos contra de Madalena Abreu e Paulo Leitão (PSD) de José Mnauel Silva e Ana Bastos Silva (SC) e de Francisco Queirós (CDU). No momento da votação estava ausente da sala a vereadora Paula Pêgo (PSD”;

6Depois de ler várias vezes a notícia para perceber a lógica e o encadeamento, entrando a respiração num processo normalizado, é então que o leitor leva a mão ao peito e, em solilóquio interrogativo, exclama:
Espera aí! O que é isto? Estou outra vez sem entender nada. Vamos recapitular: Os vereadores do PSD, conjuntamente com os do SC, propõem o agendamento de uma alteração ao Regimento das Reuniões (parar para respirar).
Na hora da votação, uma vereadora de um dos partidos propositor ausenta-se da sala. Seria assim? Como? Porquê? (respirar outra vez);

7No mínimo, enquanto segundo grande partido democrático, pelo respeito merecido por parte dos seus eleitores e simpatizantes, pela transparência, o PSD de Coimbra deve explicar tudo muito bem explicadinho o que motivou a saída antecipada da vereadora Paula Pêgo da votação, e dando a vitória ao opositor numa bandeja de prata;

8 – Numa altura de grande esforço na reorganização do partido, serenamente, pelo esclarecimento público, sobretudo para evitar especulações desnecessárias e altamente prejudiciais, ficamos a aguardar um comunicado da Concelhia de Coimbra do Partido Social Democrata;
Por parte da imprensa, como já nos habituámos e não esperamos nada de alterações para melhor, podem continuar na mesma. Mas, depois, procurando receber com a mão fechada de pouco dar, não repitam mais petições públicas para novas formas de financiamento estatal e não continuem a reclamar que cada vez mais há menos assinantes e se vendem menos jornais.

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